terça-feira, 10 de setembro de 2019

Heredia Herrera (1995), A. A fotografia e os arquivos

Parágrafos do artigo de Heredia Herrera, A. A fotografia e os arquivos Revista Photo & Documento, (2016).


Parágrafo 1
Ao falarmos de arquivos, se recorrermos, para defini-los, ao uso de um adjetivo alusivo à informação (arquivos econômicos, arquivos científicos), ou aos suportes que armazenam (arquivos óticos, arquivos fotográficos), estaremos defendendo e apoiando uma certa indefinição que, há tempos, nos ameaça. É preciso que fique bem claro que não rejeitamos a importância dos documentos portadores da aludida informação, ou das modernas possibilidades de registro e armazenamento, disponibilizadas pelas novas tecnologias. O que nos importa, como arquivistas, é conhecer tais documentos e tais formatos de armazenamento para estabelecer, exatamente, suas similaridades e diferenças em relação aos documentos de arquivo — no sentido mais rigoroso do termo — e a necessidade, ou conveniência, de optar por essa via de conservação ou armazenamento, para marcar claramente sua relação com os arquivos, cuja identidade primeira provém do vínculo institucional, não da qualidade de sua informação e nem dos suportes que a contém. Assim, sem evitar nossa responsabilidade em relação a tais documentos, devemos criar os meios para sua recuperação e preservação, e escolher a metodologia que permita seu aproveitamento máximo. (Heredia Herrera, A. A fotografia e os arquivos Revista Photo & Documento, 2016, 2).


Parágrafo 2 
“Ainda que se tenha dito que a “fotografia é um certificado de presença” (Barthes, 1990, p. 151), diante dela o arquivista sente nascer a suspeita quanto à veracidade; o jurista nega sua capacidade de prova; para o curador do museu falta à fotografia o status cultural e artístico; o historiador somente concedeu a ela um papel decorativo em suas pesquisas; e os especialistas em diplomática sequer a consideraram. Tudo isso, a despeito daqueles que acreditam que não existe fotografia que não seja um documento magnífico, e que a fotografia deixou de ser mera ilustração para ser fonte decisiva para a história. ” (Heredia Herrera, A. A fotografia e os arquivos Revista Photo & Documento, 2016, 2).

Anexo ao parágrafo 2;
Toda fotografia es un certificado de presencia. Este certificado es el nuevo gen que su invenci6n ha introducido en la familia de las imageries. Las primeras fotos contempladas por un hombre (Niepce ante La mesa puesta, por ejemplo) debieron darle la impresión de parecerse como dos gotas de agua a las pinturas (siempre la camera obscura); [p151].
O autor Roland Barthes estabelece uma correlação entre os processos ópticos de reprodução da imagem para nos mostrar que sem a intervenção pessoal, subjetiva, do observador — que pode ver nela muito mais do que o registro realista ou a mensagem codificada —, a fotografia ficaria limitada ao registro documental. A câmara clara não é, portanto, um tratado sobre a fotografia enquanto arte nem uma história sobre o tema. Absolutamente original, Barthes se lança à tarefa de decifrar o objeto artístico, a “obra” entendida como mecanismo produtor de sentido.

Parágrafo 3.
Resumindo, apontamos o seguinte: as fotografias, não sendo propriamente documentos de arquivo, são, sim, documentos cuja informação é complementar à dos documentos textuais e, como tais, requerem atenção, visando seu tratamento e processamento por parte de profissionais da documentação.
Podem ser encontradas como parte de processos integrantes de séries arquivísticas e, como tais, preservadas nos arquivos, embora sua forma de agrupamento mais habitual seja a coleção e, nesse caso, são encontradas tanto em arquivos, como em centros de documentação, bibliotecas e museus. (Heredia Herrera, A. A fotografia e os arquivos Revista Photo & Documento, 2016, 2) 

Anexo ao parágrafo 3 
O texto transmite o tema da fotografia na Arquivologia espanhola, a partir do trabalho de uma de suas mais célebres expoentes. Era uma conferência que estava esquecida pela bibliografia da área, que agora está sendo difundida, de uma maneira: cópia a cópia, isso há mais de 15 anos, entre diversos pesquisadores de fotodocumentação. Apresenta uma abordagem precisa sobre os documentos fotográficos nos arquivos, demarcando seu arcabouço conceitual, sob a ótica dos princípios arquivísticas. Simultaneamente, reconhece a realidade das coleções fotográficas e a necessidade de tratamento técnico, apresentando os resultados de um censo preliminar realizado em Andaluzia para averiguar a ocorrência de fotografias em diferentes tipos de instituição custodiadora.


O texto revela a questão da presença da ausência de elementos nos registros fotográficos e o trabalho inerente na sua preservação.


Antônio Carlos Britto acbtto@gmail.com

Um comentário:

  1. A partir dos conceitos apontados por Heredia Herrera, como resolver o problema da equiparação entre documentos fotográficos em relação aos documentos de arquivo?

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