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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Reflexão sobre características da Diplomática em documentos audiovisuais


A Diplomática identifica nos documentos as características formais que os definem. As análises de materiais não convencionais, hoje realizadas muitas vezes não permitem identificar dados típicos da Diplomática tradicional, tais como protocolos iniciais e finais. O desafio a ser enfrentado pela Diplomática especial perpassa a adaptação dos elementos tradicionais na análise dos documentos contemporâneos. Nossa preocupação relaciona-se aos registros imagéticos e audiovisuais. O material audiovisual pode ser armazenado de diversas formas, em vários formatos e diferentes suportes. A facilidade que temos hoje de manipular uma imagem de vídeo, permite que a mesma imagem em movimento seja parte integrante de diferentes arquivos ou bibliotecas. 

A análise e organização de informação de tais documentos carece de maiores definições conceituais quanto aos seus elementos constitutivos. Por exemplo: em um documento textual a identificação do protocolo e escatocolo não costuma ser problemática, mas como é que fica essa questão em um programa de telejornal? Quais seriam o protocolo e escatocolo do telejornal? Se uma empresa de telecomunicação armazena sua produção jornalística na íntegra, ou seja, com todas as partes que identificam o programa jornalístico que veiculou aquelas notícias (abertura do programa e créditos), é possível facilmente detectar características de protocolo inicial e final. Quando são armazenadas as mesmas imagens em seu formato "bruto", o seja, sem as edições finais do programa, tais características não são encontradas.

Para uma visão mais geral dessa questão veja vídeo sobre pesquisa de graduação realizada por Laila Di Pietro aqui e/ou baixe o trabalho completo a partir daqui.

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Laila Di Pietro e André Lopez

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Arquivo fotográfico de empresa fotográfica


A dissertação de mestrado de Eliana Kátia Pupim abordou o acervo de uma empresa produtora de álbuns fotográficos de formatura. O setor "Arquivo Albuns Fotográficos" apresenta interessantes características conceituais pois parte dos documentos que ali estão são ao mesmo tempo registros de atividades executadas (portanto arquivo) e ao mesmo tempo produtos a serem vendidos (portanto estoque). O trabalho, orientado pela Profa. Telma Campanha de Carvalho, trabalhou com um diagnóstico do setor, valendo-se de um tipo documental chave para compreender a gestão documental da orgabização o Cadastro de Identificação Para Posterior Entrega de Serviço, ou CIPPES. Esse documento é descrito (do ponto de vista da diplomática) e tem seu trâmite exemplarmente (do ponto de vista da tipologia documental) detalhado em um fluxograma:

Fluxograma de CIPPES
Clique na imagem para ampliá-la
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A contribuição do diagnóstico para a elaboração de um programa de gestão documental em empresa fotográfica[1]
Eliana Kátia Pupim[2]
Telma Campanha de Carvalho Madio[3]
A instituição privada com fins lucrativos necessariamente trabalha com foco na melhoria constante dos resultados de suas operações, dessa forma garantindo a entrada de ativos. O arquivo é freqüentemente consultado no intuito de se obter respostas a questões de ordem jurídica, administrativa, política e diplomática. O presente trabalho objetivou delinear a estrutura organizacional de uma renomada empresa brasileira do segmento de fotografia, no intuito de conhecer as atribuições, as atividades e as rotinas específicas de seu setor denominado Arquivo de Álbuns Fotográficos, contextualizando-o e proporcionando elementos para a efetiva organização dos serviços prestados pelo setor. O estudo optou pelo método descritivo-exploratório através da observação das rotinas diárias e entrevistas com aplicação de questionário semi-estruturado a funcionários do setor e aos chefes de departamentos da empresa. Os resultados da coleta de dados foram sintetizados através de um organograma estrutural da empresa, do fluxograma que descreve a criação do documento que contém todas as informações relativas ao produto final da empresa, bem como a construção de um organograma funcional que permite compreender as atividades desenvolvidas pelo setor Arquivo de Álbuns Fotográficos. 

[1] Dissertação defendida em agosto de 2010 no Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista/ UNESP- Campus de Marília. 
[2] Trabalha no Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, katia_pupim@hotmail. 
[3] Docente da pós e graduação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Departamento de Ciência da Informação - Campus de Marília, telmaccarvalho@marilia.unesp.br

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Alunas de Biblioteconomia fazem monografia ligada ao DigifotoWeb

Foto: Tiago Machado

Laila di Pietro e Nathalia Carvalho, que colaram grau como bachareis em Biblioteconomia em 11/11/2010, defenderam recentemente monografia sobre organização de documentos audivisuais e imagéticos. O trabalho teve a orientação de Marcílio de Brito e André Lopez e buscou conciliar o instrumental biblioteconômico da recuperação e sistematização da informação de conteúdos com as bases da organicidade arquivística. O trabalho se vale dos referenciais teóricos da diplomática, desenvolvidos por Luciana Duranti e aplicados por Rosa Vasconcelos (2009) no caso específico da TV Senado. 

Acesse aqui a monografia "Organização de documentos audiovisuais e imagéticos: uma abordagem em diplomática e tipologia documental" que tem o seguinte resumo:
O estudo desenvolvido propõe a organização de documentos não-convencionais, a saber, audiovisuais e imagéticos, com base nas teorias da Diplomática e Tipologia Documental, para um maior aprofundamento no conhecimento do objeto de armazenamento de um Sistema de Informação. O tratamento do documento através de conceitos arquivísticos propõe uma nova abordagem de estruturação de sistemas para a organização da informação dentro de uma instituição. O estudo sobre Diplomática seguiu a teoria de Luciana Duranti, explicada por diversos autores. A formulação de campos de análise teve como modelo a análise tipológica e diplomática realizada por Vasconcelos (2009) em documentos audiovisuais do Senado Federal. A análise realizada neste trabalho permitiu a adaptação dos campos utilizados para descrição de documentos para vídeos e fotografias, além da proposta de inclusão do conceito de organização baseada nas características arquivísticas e bibliotecárias na estruturação de SIs e nas instituições que possuem acervos não-convencionais. 

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Fotografia ou documento fotográfico?


O termo fotografia está ligado, sobretudo, a uma técnica de sensibilização foto-química. Assim, um registro fotográfico não é, a priori, do gênero imagético (ou visual), existindo casos de reproduções fotográficas de textos, como o microfilme. A conceituação da fotografia enquanto técnica a desqualificaria tanto como espécie, quanto como suporte (papel fotográfico, diacetato, negativo de vidro etc.).

A espécie documental é considerada como a “configuração que assume um documento de acordo com a disposição e a natureza das informações nele contidas” (Cf. DICIONÁRIO de terminologia arquivística, 1996). Por falta de uma denominação melhor, podemos considerar documento fotográfico, definido pela utilização da técnica fotográfica associada ao gênero imagético, como uma espécie documental. A definição de tal espécie pressupõe que a imagem fotográfica seja a única informação presente no documento. Assim, os cartões postais, por exemplo, constituirão uma outra espécie, a despeito de, geralmente, trazerem uma imagem fotográfica impressa na frente.

A forma corresponde ao “estágio de preparação e transmissão de documentos” (Cf. DICIONÁRIO de terminologia arquivística,1996). As várias fases da espécie documento fotográfico correspondem a etapas distintas da mesma informação ao longo do trâmite, definindo, portanto, formas. Assim, tendo como referência os documentos finais — aptos a produzir conseqüências —, pode-se identificar, preliminarmente, no documento fotográfico, as seguintes formas:
  • Positivo final: é, por excelência, o documento final; pode ser obtido tanto pela captação direta da luz emitida pela cena real (daguerreótipo, polaroid, diapositivos) como por intermédio de um negativo ou de recursos digitais.
  • Negativo fotográfico: intermediário entre a cena e a imagem final, possibilita tanto uma escolha dos materiais a serem transformados em positivos, como utilizações posteriores e múltiplas da mesma imagem em documentos distintos. Deixa de existir na fotografia digital.
  • Positivo instrumental de contato: produzido a partir de negativos de pequeno formato, apenas para permitir uma visualização mais precisa da imagem. Costuma ser feito tanto por instituições de guarda de acervos fotográficos — destinados à escolha dos positivos ampliados a serem consultados (os documentos finais) —, como por fotógrafos e agências de notícias — para a seleção das imagens a serem reproduzidas, as quais se tornarão documentos finais. É substituído por visualizadores de baixa resolução ou de tipo thumbnail para as imagens digitais.
A utilização da imagem fotográfica em outros documentos (postais, livros, jornais, cartazes, camisetas etc.) supõe a definição de outras espécies e formas documentais, onde a informação fotográfica imagética entra como um componente. A confecção de matrizes, fotolitos etc., destinados a cópia de imagens para outros materiais também cria novas formas documentais.

domingo, 1 de agosto de 2010

A importância do formato no documento fotográfico



O termo "fotografia" é extremamente genérico e indica muito mais uma técnica de obtenção e reprodução de informações visuais do que uma espécie documental. A importância do documento físico vai além da questão técnica da fixação e preservação da informação. Muitos projetos de digitalização estão sendo realizados como vistas a substituir o contato com o objeto original, para a uma melhor preservação. Até aí tudo bem. O problema ocorre quando se entende, equivocadamente, que a cópia digital é capaz de preservar todos os atributos informativos do documento original. Esse raciocínio, felizmente costuma não generalizar a eficácia dessa técnica aos documentos de valor museal, nos quais o objeto físico, por sua aura, supera em importância a informação imagética. Mas e os documentos imagéticos de arquivo? Seriam eles passíveis de substituição por clones digitais sem perda relevante de informação documental?

É sempre importante alertar que em um documento fotográfico, diplomaticamente falando, tanto o suporte como o formato são cruciais. A digitalização tão somente reproduz a informação visual. com significante perda do valor informativo do documento, como ocorre a imagem que ilustra este post. A eliminação do suporte, como variável informativa relevante, a partir da reprodução de imagens, muitas vezes persegue, sem se dar conta, a quimera do mítico objeto bidimensional, ao entender que "imagem + suporte físico = imagem digitalizada". Seguidores de tal falácia acabam por inserir nos planos de classificação arquivísitcos os nada específicos "objetos tri-dimensionais", como se uma simples folha manuscrita de papel não fosse nem objeto e nem tridimensional. Com esse modo de proceder os documentalistas serão condenados a passar o resto da existência como o lenhador de Borges, procurando o mítico disco de Odin, caído de cabeça para baixo. (Leia aqui o conto "El disco" de Jorge Luis Borges). 

A imagem acima, se pensada bidimensionalmente representaria, no âmbito da análise pré-iconográfica de Panofsky, mísseis disparados de uma aeronave de guerra destinados a um alvo distante e à frente. A dimensão dela como objeto tridimensional, flexível, cuja largura deve ser do tamanho de um poste, nos passa uma mensagem completamente oposta:


Somente com a disposição circular da informação visual é que o documento passa a ter sua mensagem compreendida. Nesse caso, é a imagem que propicia a atribuição de sentido ao elemento textual: "what goes around comes around". Este cartaz, junto com mais outros três, perfazem um kit de propaganda pacifista contrária a invasão estadunidense ao Iraque:





Acesse aqui blog com as fotos com o "efeito bumerangue" desses cartazes.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Blog da vez


Uma aluna de graduação em Arquivologia da UnB, para atender às exigências da disciplina de Diplomática e Tipologia Documental criou um blog focado na questão da fotografia. O blog é recente mas já traz interessantes questõs sobre autenticidade dos documentos fotográficos e sobre a veracidade das imagens representadas. A questão é candente desde a criação da fotografia. Hoje, com a democratização dos meios de produção e ajuste de imagens indiciais, a questão da veracidade assume contornos mais definidos, mas, e a autenticidade? 
Duas questões, pelo menos, continuam candentes:
  • Será que a análise sobre veracidade dos documentos fotográficos contemporâneos difere dos documentos fotográficos analógicos?
  • Será que a discussão sobre a autenticidade segue o mesmo paralelo da análise sobre a veracidade?
Para uma discussão conceitual inicial sobre a veracidade e autenticidade pode ser encontrada em DURANTI, 1999, cap.1

Uma análise de alguns exemplos está disponível em LOPEZ 2009