A foto acima foi tirada na reserva técnica da coleção fotográfica da Biblioteca Nacional do Chile e representa uma aquisição recente (o que justifica a aparência de desorganização) de uma coleção de um estúdio fotográfico. A preocupação em tratar a totalidade dos documentos dos titular, de modo a não perder a organicidade, fez com que, nesse momento inicial de pré-organização, nada fosse desmembrado. Assim, até os cenários utilizados foram preservados. Se observarmos bem o texto acima podemos ver alguns termos, intencionalmente colocados, que demandam, no mínimo, maiores explicações. Afinal, trata-se de uma biblioteca, com uma arquivo (chamado de coleção) que preserva documentos tradicionalmente tidos como de museu. Os acervos fotográficos e audiovisuais têm particularidades bastante interessantes e, sobretudo, instigantes, do ponto de vista teórico da Arquivologia.
Luiz Antonio Santana da Silva, que defenderá dissertação sobre isso amanhã (
ver post aqui) nos proporciona uma breve reflexão sobre o tema, que está longe de dar conta da complexidade do problema (não se propôs a isso), mas indica alguns ponto iniciais:
Algumas questões gerais sobre documentos audiovisuais nos arquivos, bibliotecas e museus.
Luiz Antonio Santana da Silva
A Arquivologia, assim como a Biblioteconomia e a Museologia, é uma subárea do campo do conhecimento científico inseridas na Ciência da Informação (CI) interligadas por um fator unificador: a informação. Nesse sentido, a informação, que gera conhecimento é registra sobre um suporte (físico ou digital), isto é, o documento que primordialmente é objeto de estudo para as 3 Marias.
Assim, para Paul Otlet (1937) documento é o livro, a revista, o jornal; é a peça de arquivo, a estampa, a fotografia, a medalha, a música; é também, atualmente, o filme, o disco e toda parte documental que precede ou sucede a emissão radiofônica. O espírito visionário de Otlet já previa que novos gêneros e formatos surgiriam com as modificações ocorridas no contexto social, o que afeta diretamente as instituições.
Logo, os arquivos, bibliotecas e museus passariam a receber em seus acervos esses novos documentos como resultados dessas transformações. Mais especificamente, para Arquivologia de acordo com Bellotto e Camargo (1996), o documento audiovisual pode ser definido como gênero documental que utiliza como linguagem básica à associação do som e da imagem. Essa definição é a mais coerente, visto que não há unanimidade no conceito de documento audiovisual no cenário arquivístico.
Dessa forma, as Unidades de Informação supracitadas se configuram, basicamente, da seguinte forma:
O que mantêm?
Arquivos: registros ativos, semiativos ou inativos em qualquer formato, gênero e normalmente únicos;
Bibliotecas: materiais publicados em todos os formatos;
Museus: objetos, artefatos, documentos associados.
Por que são visitados?
Arquivos: prova de ações e transações, pesquisa, divertimento (apenas em arquivos permanentes onde as características do acervo e o valor secundário atraem vários públicos);
Bibliotecas: informação, pesquisa, educação, divertimento;
Museus: pesquisa, educação, divertimento.
Em suma, pode-se dizer que a Biblioteconomia e a Museologia tratam de documentos individuais e a Arquivologia de conjuntos únicos documentais. Destaca-se que, ainda há grande necessidade de aprofundamento nesse tema, seja no arquivo, biblioteca ou museu, já que ao se abordarem questões que modificam paradigmas ou tradições, torna-se necessário embasamento teórico consistente e suficientemente coerente.