Las imágenes que muestran a soldados infligiendo torturas y tratos
aberrantes a prisioneros irakíes en la cárcel de Abu Ghraib tienen, por estos
días, al menos, dos importantes derivaciones. La primera referida a lo que esas
imágenes constatan: las torturas y el sadismo de los soldados norteamericanos
en esa insensata invasión. De interés para fotógrafos y comunicadores
trataremos la segunda de esas derivaciones constituidas por las circunstancias
mismas del registro y su posterior difusión em medios gráficos y pantallas de
todo el mundo.
Gabriela Brook y Julio
Menajovsky
Por José Henrik Zomer
O artigo trata do uso da
fotografia para ilustração em periódicos, estendida a publicidade de notícias,
tornando-se ferramenta chave a partir das inovações nas técnicas de reprodução
e transmissão. Também retrata o profissional fotográfico, que incorreu em
profundas transformações em suas atribuições no decorrer do século XX, de
ilustração, denuncia, opinião e a análise fotográfica.
O fotojornalismo pressupõe a
alocação de recursos, definição de estilos, previsão de continuidade da
informação produzida e rotinas nos processos de sua publicação. Apresenta um
novo debate a partir de publicações em meios de comunicação de imagens que
reveladas em condições de amadorismo, a exemplo dos soldados americanos na
prisão de Abu Ghraid e que se derem um prêmio as fotografias mais importantes
de 2004, certamente as fotografias dos prisioneiros de Abu Ghraib seriam as
premiadas.
O artigo resgata que, neste caso
em particular, os fotógrafos profissionais estavam restringidos aos espaços da
força de ocupação frente ao imediatismo dos militares no front de batalha com
suas câmeras fotográficas e a internet disponível a publicações, sem contar os
riscos inerentes a situação imposta pela guerra.
Profissionais e Amadores
Os profissionais de imprensa trabalham para um ou vários meios de comunicação, produzindo fotos pensando no meio em que serão publicadas, seus requisitos formais, informativos, estéticos e, quando possível, o lugar da página onde poderá ser publicada, devendo obter uma variedade de imagens de modo a atender inúmeros requerimentos à edição, prevendo os requisitos necessários no momento da captura.
A definição do “para quê” e “para quem” da produção fotográfica distingue um fotografo amador do profissional. O amador não tira fotos pensando em sua publicação. Contudo, publicações de fotografias amadores não são novidades.
i. La Prensa
“El retrato del filicida Mateo Ampuero” aparece no Diário La Prensa em 1901, protagonizando um episódio da crônica roja da cidade de Río Cuarto, um furo fotográfico do fotógrafo amador José Pereyra, que esperou pacientemente o momento em que o assassino perigoso foi transferido para a cadeia e, nessa oportunidade, ele o fotografou. Nesse caso, a expectativa gerada em torno da figura de Ampuero parece ter contribuído a decisão da mídia em publicar seu retrato.
ii. Ninõ del Gheto de Varsovia
A foto acima do menino do Gheto de Varsóvia, com os braços
erguidos, transformou-se para o mundo em um dos ícones do horror do Holocausto.
Obra de um oficial Gestapo como parte de relatório à Himmler, a imagem transcende
o contexto da sua produção com a expressão de quem está sofrendo na carne as
consequências daquele momento.
iii. Asesinato de Kennedy
A mídia pagou US $ 150 mil por 6
segundos de filme do assassinato de Kennedy ao alfaiate Abraham Zapruder. Outro
fotógrafo amador, James Altgens, registrou os exatos momentos anteriores e
posteriores ao ataque e, sua segundo foto ganhou o prêmio World Press Photo
daquele ano. Apesar de toda a imprensa credenciada estar cobrindo a comitiva do
presidente, todos estavam atrás desta e a uma distância considerável, deixando
aos amadores o registro de um dos eventos mais impressionantes do século XX.
iv. Atentado em Rio Tercero
As primeiras imagens do atentado de
novembro de 1995 ao Río Tercero foram realizadas por um vizinho e publicada no
dia seguinte na capa de um dos jornais de maior circulação na Argentina.
v. Prisão de Abu Ghraib
As imagens acima retratam prisioneiros
iraquianos na prisão de Abu Ghraib, Bagdá, Iraque, em 2004. Como vimos até
agora, do começo até os dias atuais, podemos encontrar exemplos de fotos de um
valor informativo reconhecido, tomadas por amadores e publicadas pela mídia de
massa. As imagens, tiradas em Bagdá por soldados americanos, corroboram com o
debate sobre as implicações de usar fotos de fãs em publicações sob o contexto
histórico e social em que são realizadas.
Novas objeções são elencadas à
função da mídia social por buscar a maximização dos lucros em seus informes e
um dos pilares dessa política é a flexibilização laboral, imposta na Argentina
nos anos 90, resultando em elevação do desemprego a níveis nunca alcançados,
promovendo medo de perder o vínculo empregatício. Nesse contexto, cabe
questionar se as fotos amadoras, oferecendo novidade e imediatismo, com
qualidade aceitável, podem ameaçar a função do fotojornalista.
Os autores citam um acordo entre
uma produtora e uma empresa de telefonia para captura de periódicos produzidos
fora dos estúdios, os noteros, possam
ser publicados na página da internet da rádio sem custo, apenas citando a
fonte, algo proibido no estatuto profissional dos jornalistas, mas ressalta que
negar-se a fazê-lo implica risco de perder o emprego. A utilização de fotos não
profissionais com finalidades informativas é algo concreto, porém não se sabe quais resultados produziram, perda de direitos trabalhista, flexibilidade do trabalho
e uma polivalência funcional ao extremo.
Por outro lado, telefones
celulares cada vez mais sofisticados, estão nas mãos de pessoas que testemunham
os momentos mais variados e, muitos destes, certamente noticiáveis, possibilita
que a cada dia seja mais frequente a publicação de imagens com essa origem.
Seria um erro atribuir as fotos
de um amador como de menor qualidade ou que suas câmeras não podem produzir
imagens para competir em nitidez e demais características técnicas, tal qual um
profissional, como impedimento à sua publicação.
A avaliação de fotos amadoras
pode gerar uma nova retórica, com novos princípios ao que é considerado
tecnicamente essencial. A mesma fotografia que externalize ausência de “gestos
profissionales” será facilmente reconhecida como “documento casual”,
valorizando certos “defectos” técnicos como tratamento de luz, enquadramento e
nitidez, por exemplo.
O surgimento da câmara Leica, na
década de 1930, em substituição as câmaras de placas, vigentes à época, mais
pesadas, difíceis de manipular e sem reservatório de películas, de
formato pequeno e com uma reserva de trinta e seis imagens por rolo, foi a primeira a
utilizar película de 35mm. Robert Capa foi um dos primeiros a explorar esse
novo equipamento com fotos no meio do perigo, reportadas em seu relato do
desembarque na Normandia, o dia “D” da Guerra Civil Espanhola. A publicação, sob
o título “Ligeiramente fora de foco”, apresenta 12 fotos onde algumas estavam “um
pouco fora de foco”, mas foram selecionadas frente a outras de melhor qualidade
por estas possuírem atributos de emoção e impacto visual.
A precariedade de recursos
supostamente atribuido à baixa qualidade das imagens (fotos dos soldados na prisão de Abu
Ghraib) podem marcar o documento como casual e utilizar-se deste atributo como garantia
de neutralidade e confiabilidade em oposição às produzidas por profissionais
vinculados ao meio de comunicação, reforçando o papel de mediador.
Podemos perceber que a mídia terá
cada vez mais fotos de amadores disponível, obtendo vantagem econômica e
ajustando seus manuais de estilo, produção e o valor informativo das imagens.
O artigo conclui questionando sobre como
as imagens produzidas em meios gráficos podem sustentar uma publicação da mesma
forma que uma imagem publicada na Internet por “telefone”. Argumenta o fato
da comunicação repetitiva, mas resgata o surgimento da televisão, onde a
fotografia impressa precisou explorar outras técnicas de produção e transmissão
de imagens como fórmula de sua permanência e sobrevivência.
O aparecimento da televisão
implicou novas formas de exercer a fotojornalismo, validando a fotografia como
suporte para a informação, privilegiando a interpretação e opinião a partir da
imagem congelada, num contexto social e histórico onde as novas tecnologias de
produção e transmissão oferecem novas possibilidades de comunicar.
"Memórias do Vietnã"
Os soldados no Vietnã também
tinham câmaras. Não eram digitais nem na quantidade e disponibilidade atual,
mas tiraram fotos. No entanto, somente as fotografias tiradas pelos soldados
americanos transcendeu o status de lembrança e viraram um ícone memorável da
ocupação. É muito provável que qualquer dessas fotografias poderiam ter transcendido
publicamente, desde que tivessem chego a um número significativo de
publicações. Essa diferença marca uma nova era, mostrando que não é apenas
sobre a possibilidade de capturar imagens e sim acessar um canal de
distribuição, prioritariamente atribuição exclusiva dos profissionais. Susan
Sontag cita em seu trabalho “Tortured Imagens” palavras do Sr. Rumsfield em que
é difícil censurar soldados no exterior que não escrevem como no passado, em
que era fácil abrir as correspondências e riscar fragmentos inaceitáveis, e
agora saem tirando fotos e passando-as sem observância das leis de reprodução.
Referências
BROOK, Gabriela & MENAJOVSKY, Julio (2004): “Fotoperiodismo y mercado en la
era digital: cuando los aficionados vienen marchando”. Revista Ojos crueles: temas de fotografía y Sociedad
Nº 1. Buenos Aires: Imago
Mundi. 83-93pp.



