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quarta-feira, 5 de março de 2014

Crónicas sobre imaginarios culturales


La memorización según nos explica Ricoeur en el texto La memoria, la historia, el olvido (2003:83), nos permite entender los usos y los abusos de un proceso donde imperan ideologías dominantes en las que los seres humanos fueron inscritos en una serie de saberes, destrezas y posibilidades de hacer mediante la educación, la religión y la vida en sociedad. Frente a esto cabe la pregunta, si se trata de imposición, de hegemonía cultural, ¿qué sentido tiene recordar?

Para nuestra segunda sesión nos acompañará Jorge Mario Betancur, quien nos hablará, entre otras cosas, sobre su último libro "Déjame gritar", que recopila seis crónicas que indagan sobre el amor, la infelicidad y la imposición de imaginarios culturales. Un relato que está en la frontera de la realidad y la ficción para recordarnos las formas en las que la sociedad antioqueña ha forjado su ideología. 

Horario y local
12 de marzo de 2014, a las 6:00, p.m. en el Centro Cultural de la Facultad de Artes de la UdeA, en el Barrio Carlos E. Restrepo (antiguo MAMM).

Para saber más sobre la obra de Jorge Mario:

Por Luis Carlos Toro 
(coordinador del grupo de estudios interdisciplinario Memoria y Sociedad)

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Grupo Memoria y Sociedad


O trabalho documental com registros fotográficos sempre perpassa aspectos relacionados à estética (pelas questões visuais) e a memória (por conta dos registros documentais, sejam arquivos, coleções etc.). O grupo de estudos interdisciplinar "Memoria y Sociedad", que é parte do grupo de pesquisa Información, Conocimiento y Sociedad de la Escuela da Escuela Interamericana de Bibliotecología da Universidad de Antioquia (EIB-UdeA). Um dos objetivos do grupo é ampliar o escopo da discussão sobre memória e direitos humanos para outras áreas do saber, tais como Estudos Culturais Contemporâneos, Arquivologia, Nova História Cultural, Artes, Estética, Antropologia, Sociologia, Psicologia, Linguística, Comunicação e Ciência Política. 

Para 2014 o grupo estabeleceu uma lista provisória de palestras e debates que abrangem as mais diversas áreas e temáticas:
  • Cinema e memória
  • Memória e estética
  • Audiovisual y memória
  • A entrada da memória em cena.
  • Jornalismo e memória.
  • Lugares de memória.
  • Memoria da violência e conflito armado nas artes.
No último dia 12 de fevereiro Sandra Arenas apresentou o trabalho intitulado "Altares espontáneos: rituales de luto y formas de resistencia" (baixe o texto completo aqui). 

Maiores informações sobre as próximas sessões podem ser obtidas diretamente com o coordenador do grupo Memoria y Sociedad, Luis Carlos Toro (lctoro@bibliotecologia.udea.edu.co)

Leia o documento completo do grupo de estudos Memoria y Sociedad para 2014 em: http://gpaf.info/GEMyS.pdf



terça-feira, 10 de setembro de 2013

Imágenes de la resistencia: uma memória social revelada pelo arquivo pessoal de Juan Carlos Cáceres

Fonte: Imágenes de la Resistencia
A imagem acima foi copiada do site Imágenes de la Resistencia (acesse) e faz parte do bloco de fotografias de "protestos populares", um dos diversos álbuns que compilam mais de 3.000 fotografias produzidas durante o regime militar no Chile.

Cáceres, estudante da Universidad Católica de Chile, por curiosidade, ousadia ou visão, agarrou sua máquina fotográfica e produziu um importantíssimo acervo imagético, que imortalizam os atores civis e militares dos longos 17 anos da ditadura chilena. 

O golpe de estado de 1973 deu início ao regime autoritário de Pinochet, que se manteve através das ações do Dirección de Inteligencia Nacional, a DINA, e da aliança político-militar, idealizada pelo Chile, entre os países da América Latina e seus respectivos governos militares, a Operação Condor. Essas e diversas outras iniciativas tornaram possíveis os atos de detenção, tortura, execução e desaparecimento de pessoas. Essa postura de governo contradiz com toda e qualquer determinação de direito do ser humano.

Além da importância inegável das fotografias de Cáceres, a necessidade humana, social e individual de recordar o passado e tentar reparar os danos causados às vítimas e familiares, faz com que seu valor seja imensurável. A organização e descrição do acervo, a última, acredito, realizada pelo próprio fotógrafo, nos permite identificar elementos da fotografia que seriam perdidos caso esse trabalho nunca fosse realizado.

Como exemplo, a fotografia escolhida para esse post, foi titulada por Cáceres:
“En la Plaza de la Constitución fueron exhibidos los autos de los escoltas de Pinochet después que intentaran asesinarlo miembros del FPMR en el Cajon del Maipo.”
Também datada de 9 de setembro de 1986, a fotografia estaria completamente perdida e descontextualizada se chegasse às mãos de alguém que não esteve presente no momento e, pior ainda, se não conhecesse profundamente a história da ditadura chilena. Muito menos saberíamos, hoje, a data exata do documento. 

Juán Carlos Cáceres, conscientemente ou não, nos deixa um arquivo repleto de valor e significado, o que não seria possível sem a preocupação do fotógrafo em recuperar o sentido de suas obras por meio de suas características fundamentais, e proporcionar seu acesso. O projeto se explica:
“Imágenes de la resistencia es un testimonio visual de cómo los actores sociales, en todas sus dimensiones, las figuras políticas de la época, los grupos armados, la resistencia popular, las manifestaciones estudiantiles, todo el cuerpo social contrario al Régimen Militar, fue capaz de aunar sus fuerzas en post de establecer una democracia en nuestro país.”

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Arquivo Público digitaliza acervo de imagens do Interventor Federal João Punaro Bley

João Punaro Bley foi interventor federal do Espírito Santo dos anos de 1930 a 1943. Jória Motta Scolforo, do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, informa que um acervo de 93 imagens referentes ao seu governo foi digitalizado pela instituição. Maiores informações podem ser obtidas aqui.

Disponibilizamos abaixo algumas fotos do mencionado conjunto, obtidas diretamente com o Arquivo Público. Os materiais estão disponíveis para consulta na sede do APEES, localizada na Rua 7 de Setembro, no Centro de Vitória; home page: http://www.ape.es.gov.br/index2.htm.






sábado, 25 de maio de 2013

Sugerencia cinematográfica


Unas de las mejores películas que he visto últimamente. esencial para quien trabaja con fotografía (especialmente con fotos de archivo); fundamental para quien esta preocupado con los derechos humanos y obligatoria para todos los hermanos de Argentina. La trama es casi que de novela negra, como si fuera un thriller en slow motion , con un ritmo de camera increíblemente lento, hecho a propósito para que se pueda apreciar la impecable fotografía; perfecta en los detalles de color, proporción de elementos, líneas, luz y perspectivas. Una película muy inteligente que no ofrece ninguna respuesta obvia, ni al final.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Documentos fotográficos do AGMV - II


O acervo fotográfico do Arquivo Geral do Município de Vitória – parte 2
Figura 1: Antigo Prédio da Prefeitura Municipal de Vitória
Sem data, sem identificação de autoria
Fonte: Arquivo Geral do Município de Vitória - 001797
A fotografia acima mostra o Prédio, na Rua Sete de Setembro, no Centro de Vitória, onde inicialmente funcionou a Prefeitura Municipal e conseqüentemente o Arquivo Geral do Município de Vitória, também conhecido informalmente por "Arquivo Público".  Ainda hoje esse Arquivo não possui uma sede própria, que permita abrigar seu rico acervo, constituído por textos, mapas, plantas, projetos, jornais, leis, decretos, resoluções, filmes, negativos de vidro e fotografias, produzidos e/ou recebidos pela administração pública a partir do século XIX.

Seu acervo fotográfico contém, atualmente, mais de 8000 fotografias, entre os quais há negativos em vidro. Abrange fotografias referentes aos anos de 1902 a 1993. As fotos após esse período se encontram na Secretaria de Cultura e ainda não foram encaminhadas para o Arquivo. Os primeiros registros apontam para a primeira metade do século XX (1902 a 1950), sendo do período de 1920 a 1950 cerca de um terço dessas fotografias. Esse acervo é “composto por aproximadamente 6.300 originais positivos de 18 x 24 cm, 1.700 originais 6 x 6 cm e 800 negativos de vidro,” além de aproximadamente 400 reproduções. (PERINI, 2005, p. 17). 

Infelizmente a organização desse acervo fotográfico pelo seu modo de constituição (doação sem registros de quem os doou em sua maioria, de como e/ou porque foram produzidas), não preconiza o que diz a teoria arquivística, pois, de acordo com Lopez (1999, p. 59) em relação ao arranjo arquivístico este “deve sempre procurar retratar as atividades reais das instituições e, na medida do possível, ser delas um espelho fiel para que haja uma contextualização da produção documental, conforme os moldes definidos pela teoria arquivística”.

Para a identificação das fotos pelo Arquivo Geral do Município de Vitória, o poder público municipal desenvolveu uma estratégia baseada na história oral. Para tal, foi criado o projeto Campanha de Identificação do Acervo Fotográfico, realizado no período de 1995-1997, com os moradores mais antigos da capital, que por meio de relatos orais ajudaram na identificação de parte do acervo. Esse processo de identificação corresponde ao método filológico, inicialmente utilizado pelas pesquisas em História da Arte para atribuição de elementos de identificação das obras, visando sua organização e tabulação inicial. Assim, fotos foram identificadas por voluntários, sendo que a cada três “identificações” iguais por foto, a descrição era aceita pelo grupo que desenvolvia o trabalho. Não se pode dizer que esse método não determine erros de classificação, porém, foi um modo de organizar inicialmente o material que vem sendo estudado e redefinido quando necessário.

Dentro dessa política do Arquivo Geral do Município de Vitória,  de taxonomia das imagens, ainda hoje, o arquivo conta com pessoas como o Sr. José Tatagiba que auxiliam na identificação das fotografias. Essa solução encontrada pela instituição é um paliativo, pois de acordo com Lopez (1999, p. 63):
[...] contextualizar os documentos arquivísticos significa que cada um deverá ser agrupado somente com aqueles que foram originados pela mesma atividade, podendo constituir séries documentais tipológicas se cada espécie documental específica for inserida nas respectivas funções geradoras.

Mas, entende-se que na fase atual do acervo fotográfico, essa atitude é um esforço coletivo para que a informação não se perca, embora não tenha fundamentos técnicos e científicos que assegurem a confiabilidade da informação. Uma taxonomia e classificação sistêmica desse acervo ainda exigirão muitos esforços. 

São organizadas por ordem numérica de chegada ao arquivo, e há um índice e sete ‘catálogos’, nos quais constam além do número das fotografias, as informações acerca da fotografia, tais como data, autoria, identificação do local e/ou personalidade(s). Porém, nem todas as fotografias possuem número de arquivo, algumas informações são incorretas e os registros feitos nos catálogos encontram-se a lápis. 

De modo geral, esse acervo é composto por vários conjuntos de fotografias: há imagens referentes a diversos períodos administrativos, fotos relativas a obras públicas e serviços urbanos, registros feitos de vários ângulos das paisagens da capital; fotografias de vários monumentos e casarios, de diversas personalidades, de eventos diversos, tais como solenidades, carnaval, desfiles cívicos e manifestações populares além de algumas fotos de outros Municípios, como por exemplo, Vila Velha e Cariacica, além dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo.


Referências: 
Antigo Prédio da Prefeitura Municipal de Vitória venida Beira Mar antes do aterroVitória, ES, s.d. 1 fotografia, p&b, 18 x 24 cm; AGMV, 0012797
LOPEZ, André Porto Ancona. Tipologia documental de partidos e associações políticas brasileiras. São Paulo: História Social USP/Loyola, 1999. Disponível em:  aqui. Acesso em: 25 jul. 2011.
PERINI, Giselli Maria. Acervo Fotográfico do Arquivo Geral do Município de Vitória: “Arquivo Morto” ou Memória Viva? 2005. 56 f. Monografia (Graduação em Arquivologia). UFES, Vitória, 2005.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Documentos fotográficos do AGMV - I

O acervo fotográfico do Arquivo Geral do Município de Vitória – parte 1

O acervo fotográfico do Arquivo Geral do Município de Vitória é uma coleção composta por imagens produzidas pela administração e imagens doadas por moradores da cidade, registradas numericamente por ordem de chegada. Algumas indexadas e identificadas, outras de artistas ou fotógrafos anônimos, sem registro do fato e/ou acontecimento que a originou. Porém, de acordo com Lopez (1999, p. 68, 69), essa forma de organização não é a ideal, pois o arranjo deve
[...] garantir a devida contextualização dos documentos arquivísticos, resgatando as funções e atividades geradoras dos documentos e respeitando o princípio da proveniência. Para tanto, usam-se duas modalidades de arranjo: o estrutural e o funcional. Algumas instituições chegam a propor outros tipos de arranjo, fundados em assuntos, localização geográfica, cronologia, etc. A meu ver essas soluções “alternativas” desviam-se da definição conceitual de arquivo ao descartar as funções originais dos documentos como critério basal da organização arquivística e não garantem uma contextualização documental correta.

Infelizmente, os acervos fotográficos, estando ou não em Instituições Arquivísticas, são vistos como coleções, ou seja, ficam descontextualizados em relação à função que o originou, e muitas vezes, perdem o seu significado. Lopez (1999, p. 39), diz que “ao analisar o desenvolvimento da arquivística, nota-se, já em meados do século XIX, um embrião daquilo que a historiografia chamaria, quase um século depois, de história serial”. Esse autor reporta-se a Natalis de Wailly, que em 1841, “criou" o conceito de respect des fonds, hoje conhecido como princípio da proveniência ou respeito aos fundos, que propunha, na realidade, o trabalho com longas séries documentais”, o que reforça a necessidade do documento arquivístico estar inserido no contexto da produção e da função que o gerou, ou seja, receber um adequado tratamento arquivístico.

A partir do conceito de coleção de Camargo e Bellotto no  Dicionário de terminologia arquivística (1996, p. 17), como “reunião artificial de documentos que, não mantendo relação orgânica entre si, apresentam alguma característica comum”, podemos pensar: o que permeia as fotografias que compõem o acervo do Arquivo Geral do Município de Vitória? 

Fruto da imagem mental que se constrói no processo de gênese da identidade da cidade, a ser percebido por um olhar sensível, Giselli Maria Perini (2005, p. 22) afirma que as inúmeras informações contidas nos conjuntos fotográficos do acervo do AGMV são comprovadas pela historiografia do Espírito Santo. Muitas dessas fotografias foram feitas por fotógrafos contratados pelos administradores públicos, para registrar fatos administrativos, tais como aterros, construções de pontes, praças, pavimentação de ruas, etc., nasceram, pois, de uma necessidade administrativa, havendo inclusive documentos (Figuras 1 e 2), que comprovam a compra de material para o Serviço Fotográfico.

Figura 1: Crédito para compra de material para o serviço Fotográfico.
Fonte: Arquivo Geral do Município de Vitória

Figura 2: Designação de despesa para pagamento de fotógrafo e compra de material fotográfico.
Fonte: Arquivo Geral do Município de Vitória.
E o valor de testemunho dessas fotografias as torna de guarda permanente, pois contam a história da cidade registrada em sais de prata.

Referências:
DICIONÁRIO de terminologia arquivística. São Paulo: AAB-SP; Secretaria de Estado da Cultura, 1996 
LOPEZ, André Porto Ancona. Tipologia documental de partidos e associações políticas brasileiras. São Paulo: História Social USP/Loyola, 1999. Disponível em:  aqui. Acesso em: 25 jul. 2011.
PERINI, Giselli Maria. Acervo Fotográfico do Arquivo Geral do Município de Vitória: “Arquivo Morto” ou Memória Viva? 2005. 56 f. Monografia (Graduação em Arquivologia). UFES, Vitória, 2005.
VITÓRIA (ES). Projeto n° 35 de Decreto-Lei. Abre crédito especial. Vitória, s.d. Fonte: Arquivo Geral do Município de Vitória.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Paisagem e memórias


A Ilha de Vitória em fotografias do AGMV


Carvalho (1999) afirma que as cidades e suas edificações sempre foram um tema constante para os fotógrafos. Em relação ao uso feito por essas fotografias, ela afirma que:
[...] pode ser uma forma comprobatória da construção de monumentos arquitetônicos, construídos por governantes ou personalidades beneméritas do patrimônio público; ser utilizada para inventariar bens e manifestações culturais a fim de ‘preservá-los’ e difundi-los nacional e internacionalmente; ser uma ‘apropriação de locais nobres da cidade por uma parcela significativa da população, despossuída, no seu cotidiano, deste contato; para se construir, através da divulgação maciça de imagens, os símbolos a serem perpetuados; enfim, para se eternizar a cidade, através dos ‘cartões-postais’ consagrados, para as populações futuras. (CARVALHO, 1999, p. 63).

Por serem objetos de estudo de profissionais de diversos campos do saber as cidades são “analisadas de forma peculiar por cada um deles, [...]” e o significado atribuído “à cidade é sempre em consonância com sua inserção e entendimento do viver em cidade.” (CARVALHO, 1999, p. 64). A Fotografia 1 é do início do século XX e mostra o Centro da capital capixaba.

Fotografia 1:  Vista do Centro de Vitoria 02.
Sem número de arquivo, sem data, sem identificação de autoria
Obs: de acordo com Willis Faria ("Histórico da Baía de Vitória") é  de 1915.
Fonte: Arquivo Geral do Município de Vitória.
As imagens fotográficas do Arquivo Geral do Município de Vitória, ao longo do tempo, foram constituindo-se como um acervo imagético no qual estão registradas importantes transformações ocorridas na capital capixaba e mostram as intervenções na paisagem da cidade. 

Klug (2009, p. 18-19) afirma que o relevo, o mar e as áreas de mangue tiveram uma grande importância na configuração da paisagem urbana e desenvolvimento da cidade de Vitória, funcionando ora como limites para o crescimento – o que circunscreveu uma cidade colonial que não mais se continha em si. Daí a necessidade de intervenções para a expansão da sua mancha urbana e conseqüentes alterações na sua paisagem, tomando do mar o que poderiam ser esses novos logradouros.

Embora não tenham a data definida, as Fotografias 2, 3 e 4 ilustram bem a intervenção feita na paisagem natural da Capital para a construção da Avenida Beira Mar. Não só áreas alagadas de mangue são tomadas, mas também áreas de mar.
Fotografia 2: Avenida Beira Mar antes do aterro.
Sem número de arquivo, sem data, sem identificação de autoria.
Fonte: Arquivo Geral do Município de Vitória

Fotografia 3: Vista do Penedo; Avenida Beira Mar durante o Aterro; Curva do 
Saldanha
Sem número de arquivo, sem data, sem identificação de autoria.
Fonte: Arquivo Geral do Município de Vitória

Fotografia 4 Avenida Beira Mar após o aterro. Curva do Saldanha, ao fundo, Porto 
de Vitória.
Sem número de arquivo, sem data, sem identificação de autoria.
Fonte: Arquivo Geral do Município de Vitória
Ainda de acordo com Klug (2009, p. 14), a adição da paisagem construída à paisagem natural está relacionada com a identidade local, com a memória coletiva e a imagem da cidade, pois o homem cria suas referências, constrói a memória coletiva a partir da percepção dos elementos naturais e construídos da paisagem da cidade, com suas particularidades e especificidades.


Referências:
Avenida Beira Mar antes do aterro, Vitória, ES, s.d. 1 fotografia, p&b, 18 x 24 cm.
Avenida Beira Mar após o aterro. Curva do Saldanha, ao fundo, Porto de Vitória, Vitória, ES, s.d. 1 fotografia, p&b, 18 x 24 cm.
CARVALHO, Telma Campanha de. Fotografia e cidade:São Paulo na década de 1930. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Programa de Estudos Pós-Graduados em História Social, PUC-SP, 1999.
KLUG, Letícia Beccalli. Vitória: sítio físico e paisagem. Vitória: EDUFES, 2009.
Vista do Centro de Vitória 02, Vitória, ES, 1915? 1 fotografia, p&b, 18 x 24 cm.
Vista do Penedo; Avenida Beira Mar durante o Aterro; Curva do Saldanha, Vitória, ES, s.d. 1 fotografia, p&b, 18 x 24 cm.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Our Story in 2 Minutes

Recentemente foi divulgado na Internet um vídeo de 2 minutos, de autoria de Joe Bush, que buscou recontar a história do mundo e da humanidade.

Assista o vídeo aqui, direto do You Tube e leia mais sobre ele na coluna do Ricardo Setti

terça-feira, 12 de março de 2013

Retratos de prisioneiros no Brasil

Reproduzo aqui texto assinado por Talita Lopes Cavalcante, sobre Imagens Históricas, publicado em comunidade do Facebook de mesmo nome.

Um dos primeiros retratos de prisioneiros no Brasil, 1872.

As fotografias, desde seu advento, garantem o processo de formação da memória histórica e da identidade nacional e pessoal. Contudo, após anos de cartazes descrevendo apenas as características de fugitivos e presos, a fotografia foi introduzida como controle de Estado na Casa de Correção pelo estudioso em craneologia, Almeida Valle.

Finalmente em 1872, Valle dera conta de fotografar todos os prisioneiros da Casa de Correção, unindo os trezentos e vinte e quatro retratos em um álbum que ficou conhecido como "Galeria dos Condenados" ( exposto ao público na Exposição Universal da Philadelphia, de 1876, sob os auspícios de Pedro II, amante da fotografia), o primeiro registro prisional no país.

- Curiosidade acerca da imagem:

Na Galeria dos Condenados encontra-se o registro de Isabel Jacintha da Silva, escrava altiva e bela.

Condenada em 1846 por matar seu senhor (Jacintho José da Silva) envenenado, Isabel iniciou uma busca por seus direitos, alegando inocência. O envenenamento dos senhores pelos escravos era prática relativamente comum, uma vez que a liberdade lhes era dada por testamento. Dessa forma, após a morte do senhor, os escravos estariam livres. Assim, a prática de envenenamento acabou recebendo um artigo próprio no Código Criminal do Império, “ter o delinqüente cometido o crime com veneno, incêndio ou inundação” (Código Criminal, art. 16, 1830).

No caso de Isabel, ao que tudo indica, mantinha relações cordiais com seu senhor, pois portava seu sobrenome e faria jus à liberdade, como se livre tivesse sido desde o nascimento, tão logo seu proprietário viesse a falecer, fato que constituiu argumento decisivo para a formação de sua culpa. Em sua defesa, entretanto, alegou:
"que meu irmão me catucara que eu dissesse que tinha sido eu; eu fui e caí na asneira, na patetice de dizer que era eu; mas não fiz nada do que disse. Depois caí em mim, pus-me a imaginar. Eu não saía de casa, como é que havia de fazer isso?"
Isabel não foi condenada à pena de morte, mas sua pena foi de prisão perpétua com trabalho. O mesmo crime de homicídio, supostamente por ela cometido, com auxílio de seu irmão, era punido com pena de 12 anos de prisão e multa proporcional, para os demais criminosos, ou seja, os homens e mulheres livres. A Galeria dos Condenados expõe inúmeros casos como esse. 

Ainda que condenada, Isabel foi notável em suas tentativas de graça, alegando inocência em todos os tribunais, se utilizando de argumentos e provas de que era, de fato, inocente.

- Curiosidade [2]:
No mencionado álbum, encontramos apenas duas mulheres, entre as 324 fotografias: Isabel Jacintha e Generosa Maria de Jesus. A primeira, escrava, a segunda, livre. O álbum, em duas versões, pertence ao acervo da Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional, Coleção Dona Theresa Cristina.

Referências:
THIESEN, Icléia. A Casa de Correção da Corte e a fotografia identificatória (1859-1876). R. IHGB, Rio de Janeiro, 167 (430): 179-198, jan./mar. 2006.
KOSSOY, Boris. Um olhar sobre o Brasil: A fotografia na construção da imagem da nação (1833 - 2003). 1° edição. São Paulo: Fundación Mapfre e Editora Objetiva, 2012. p. 81.
THIESEN, Icléia. Informação identificatória, memória institucional e conhecimento - Isabel Jacintha da Silva, de cativa à prisioneira na Casa de Correção da Corte. LERASS – Laboratoire d’Études et de Recherches Appliquées en Sciences Sociales.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Acervo fotográfico sobre Canudos


No mês em que completa 52 anos, o Museu da República/Ibram, no Rio de Janeiro (RJ), abre espaço para recordar a Guerra de Canudos, conflito ocorrido entre 1896 e 1897, no sertão baiano, e que opôs militares e civis. Leia mais sobre essa exposição em: http://www.museus.gov.br/revista/acervo-fotografico-sobre-canudos-em-exibicao-no-museu-da-republica-rj/

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Arquivo Público e Ufes digitalizam fotografias da DOPS/ES


Jória Motta Scolforo, do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo divulga extensa nota sobre a digitalização de fotografias da Delegacia Especial de Segurança Política e Social (Desps/ES) e da sua sucessora Delegacia de Ordem Política e Social do Estado do Espírito Santo (Dops/ES). Projeto concebido em parceria com a Universidade Estadual do Espírito Santo (UFES). Leia mais sobre essa importantíssima ação em: http://www.ape.es.gov.br/noticias%5C46.html

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Vídeo do Inventário Cine Memória

Divulgação do Inventário Analítico do projeto Cine Memória - A História das Salas de Cinema do ES, patrocinado pelo Funcultura e organizado pelo professor André Malverdes (Departamento de Arquivologia-UFES).

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Bem na Foto

Em entrevista à Revista de História, o fotógrafo e pesquisador Pedro Karp Vasquez fala sobre a chegada da fotografia no Brasil, no século XIX, e sobre o mercado editorial a respeito do tema


D. Pedro II foi o primeiro brasileiro a comprar um daguerreótipo, o precursor da máquina fotográfica, em 1840. Ele incentivou o trabalho de fotógrafos e reuniu uma coleção de 25 mil imagens, hoje pertencentes à Biblioteca Nacional. É, em grande parte, graças ao imperador, que hoje o Brasil tem um dos principais acervos de fotografias antigas da América Latina e se destaca na produção de livros na área. Um dos últimos lançamentos de 2012 é Fotografia Escrita - nove ensaios sobre a produção fotográfica no Brasil (Senac), escrito pelo fotógrafo e pesquisador Pedro Karp Vasquez, um dos responsáveis pela criação do Instituto Nacional de Fotografia da Fundação Nacional de Arte, em 1982. Em entrevista à Revista de História, Vasquez, que também é autor do livro D. Pedro II e a Fotografia no Brasil (Index, 1985), fala sobre a chegada e popularização da fotografia no Brasil.
Revista de História: Por que a produção de fotografias no Brasil foi tão forte no século XIX?
Pedro Karp Vasquez: O acervo brasileiro desse período é o mais importante da América Latina, em grande parte por incentivo de D. Pedro II (1825-1891). Naquela época, os únicos colecionadores particulares no mundo eram ele, a rainha Vitória (1819-1901) e o Príncipe Albert (1819-1861), do Reino Unido. Mas no Brasil, naquela época, não havia um mercado para retrato como em Viena, Londres ou Paris, já que o regime aqui era escravocrata e a burguesia emergente era muito pequena. Sem o imperador a fotografia não teria se desenvolvido tanto. Ele atuava como mecenas e chamava atenção para a fotografia, chegando até a criar o título de Fotógrafo da Casa Imperial.
RH: E como era a relação da academia com a fotografia no século XIX?
PKV: As exposições anuais da Academia de Belas Artes acolheram a fotografia desde a década de 1840. Na mesma época, na Europa e nos Estados Unidos, esse ambiente acadêmico ainda não aceitava a fotografia. Nós tivemos esse lado precursor. Também houve três Exposições Nacionais do período imperial, por volta de 1860, que incluíram a fotografia em várias categorias, como anúncios de produtos e retratos de paisagens, por exemplo.
RH: Qual é o tamanho do acervo brasileiro no período?
PKV: Não temos um levantamento nacional, mas acredito que deva estar entre 300 mil e meio milhão de imagens. Só D. Pedro II levou para a Biblioteca Nacional uma coleção com mais de 25 mil imagens. Gilberto Ferrez, neto do fotógrafo Marc Ferrez (1843-1923), constituiu outra coleção enorme, com cerca de 30 mil fotos, que estão hoje no Instituto Moreira Salles. Fora isso tem outras fotos na Biblioteca Nacional, no Museu Histórico Nacional, no Arquivo Nacional, no Museu Imperial, no Museu Paulista... É muita coisa.
RH: Quando a produção fotográfica começou a ser estudada no Brasil?
PKV: O primeiro livro sobre o tema foiA fotografia no Brasil, de Gilberto Ferrez, lançado em 1953. Na década de 1970 Ferrez fez outros livros, sobre o avô dele, sobre fotografia em Pernambuco, na Bahia... E surgiu também Boris Kossoy (saiba mais em “Nova pátria, novo olhar”). São precursores isolados. A coisa começou a deslanchar mesmo em meados da década de 1980... Talvez porque tenha surgido a Lei Sarney, que depois virou Lei Rouanet, permitindo que esses livros fossem financiados por empresas. Alguns eram muito caros para serem produzidos por uma editora normal.
RH: E dos anos 1990 até hoje, como está o mercado editorial?
PKV: Nos anos 1990 até os próprios fotógrafos, independentes, começaram a fazer livros mais sofisticados. Passamos a ter um movimento constante de edição de livros, tanto de ensaios históricos, quanto de livros autorais. Hoje, acho que a parte teórica ainda é carente, mesmo em traduções. Entre os livros de referência, só temos algo de Roland Barthes e Susan Sontag. De qualquer forma, acho que atingimos um ponto de maturidade e estamos cada vez melhor.
RH: Onde seu livro se encaixa na produção atual?
PKV: A importância dele é que é feito para o grande público. Não é uma tese, não é um trabalho de professor universitário. Normalmente, esse tipo de publicação é uma tese... Ou uma versão simplificada da tese, o que já melhora, porque a pessoa tira a parte mais árida de justificativas. Mas Fotografia Escrita é o livro de uma pessoa que sempre se preocupou em fazer uma difusão ampla da fotografia para a sociedade em geral.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Fotografias saqueadas: breve história sobre as fotografias resgatadas da ditadura argentina

Fonte: Instituto Espacio para La Memória
As fotos acima retratam três cidadãos argentinos que foram capturados e torturados durante o último período de ditadura no país, autodenominado Proceso de Reorganización Nacional e mantidos presos na chamada ESMA, antiga Escuela de Mecánica de la Armada, que funcionou como centro de detenção clandestino nesse período e por onde passaram quase 5.000 detidos e desaparecidos (90% foram assassinados). Tais fotografias foram “salvas” por um fotógrafo, também preso e torturado durante mais de quatro anos, Victor Basterra.
Basterra foi sequestrado em 1979 junto com sua esposa e filha recém-nascida e permaneceu na ESMA até dezembro de 1983 e vigiado até agosto de 1984. Durante esse período, foi designado a fotógrafo dentro do centro clandestino e passou a sacar fotografias dos militares para produzir documentos falsos para ações ilegais das Forças Armadas.

“Te equivocaste, Marcelo”, dijo Basterra, “yo no saqué las fotos”. “Pusiste en el libro que yo las había sacado, y en realidad las sacaron ellos. Yo sacaba las fotos de los milicos, para hacerle los documentos, pera las de los compañeros las sacaban ellos, tenían un fotógrafo que hacia eso”.
“Yo no apreté el botón”, aclara. “Pero un día, trabajando en el laboratorio vi que tenían una pila de fotos para quemar, era ya el 83, viste, ya se venían los cambios. Y entre ellos vi mi retrato, mi propia foto cuando me acababan de chupar, la que sacaran el mismo día en que nos fotografiaran a todos contra la misma pared. Entonces metí la mano en la pila, y me guardé los negativos que pude agarrar, los escondí entre la panza y el pantalón, ahí los puses, cerca de los huevos”.
“A esa altura parecía que habían decidido perdonarme la vida, que había sido un buen muchacho y merecía seguir viviendo, vigilado pero, en fin, inofensivo. No podían pensar que en cuanto pude saqué las fotos de la ESMA de a poquito, en las salidas, entonces si metidas bien en la zona de abajo, entre los huevos y el culo. No me revisaban casi, pero si llegaban a encontrar una de esas fotos, era boleta”.
(Marcelo Brosdky e Victor Basterra –
Memória en construcción: el debate sobre la ESMA)

Capa do livro organizado por Marcelo Brodsky
No diálogo acima, copiado do livro organizado por Marcelo Brodsky, que perdeu seu irmão durante o período de terrorismo, também preso e assassinado na ESMA, Victor Basterra explica que não apertou o botão da câmera para tirar as fotografias, e que “apenas” as tirou de uma pilha que iria queimar-se e levar consigo uma parte muito importante da história da ditadura na Argentina. Para salva as fotografias, Basterra as guardou e levou aos poucos escondidas em suas roupas para fora do centro, quando já tinha permissão para voltar à sua casa após cumprir suas tarefas.
As fotografias foram escondidas por Basterra até o fim do período e reveladas durante o Juicio a las Juntas, processo judicial organizado em 1985 pelo presidente Alfonsín (1983-1989), que reuniu provas contra os organismos e pessoas responsáveis pelo ocorrido durante a ditadura.


Na mesma introdução do livro, Marcelo Brodsky complementa:
Me equivoqué, es cierto, Victor. No aprestaste el gatillo. Pero sacaste las fotos, y lo hiciste dos veces. Y la dos te fue la vida en ello. Las sacaste de la pila, las salvaste de la hoguera, las quitaste del olvido.
Y después la sacaste de nuevo. Las pusiste ahí abajo, muchos huevos, la verdad, y las llevaste afuera, ¿al mundo real?. Las escondiste adentro e las sacaste afuera. Claro que las sacaste, Victor. Las sacaste dos veces aun que no hayas apretado el gatillo.

Victor Basterra

Compreendemos com a fala de Brodsky que, apesar de Basterra não ter apertado o gatilho para tirar as fotos, foi autor das mesmas por duas vezes: quando as salvou da fogueira e quando conseguiu tirá-las da ESMA.

Ao conhecer um pouco mais sobre a ditadura na Argentina e a história de Victor Basterra e “suas” fotografias, me pareceu interessante apresentá-la e questionar alguns pontos como, por exemplo, por que as fotos seriam eliminadas na ESMA, quem é efetivamente o autor dos documentos fotográficos e onde e como as fotografias originais deveriam ser armazenadas e organizadas.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Livro sobre fotografias de salas de cinema tem versão eletrônica gratuíta

Está disponível versão eletrônica gratuita do livro "Memórias fotográficas: a história das salas de cinema de Vitória", de autoria do Arquivista e Historiador André Malverdes. A obra conta com 102 imagens dos cinemas de rua do Espírito Santo, nas quais se busca recuperar os detalhes das salas, inaugurações, suas fachadas, telas e momentos que marcaram os seus freqüentadores e proprietários. 

O objetivo do trabalho foi possibilitar um passeio, através das imagens, pelos cinemas que marcaram a cidade, os bairros e o interior no seu espaço físico e no cotidiano, como formas de lazer que fizeram a  então Cinelândia Capixaba. Na época a caminhada pelos “cinemas de calçada” era a grande diversão da população.

O trabalho é resultado do projeto de pesquisa "Cine Memória: A história das Salas de Cinema do Espírito Santo" realizado pelo Departamento de Arquivologia do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da UFES, patrocinado pela Lei Rubem Braga e pela Arcelor Mittal. 

Para conhecer mais essa publicação, veja post anterior neste blog e/ou solicite o livro diretamente para o autor através do e.mail malverdes@gmail.com com nome, instituição, estado e explicando o interesse pela obra.

Público na fila para a sessão de inauguração do Cine São Luiz, com o filme "Aviso aos
Navegantes", na rua 23 de maio, 100, Centro, Vitória, ES, com capacidade de 586 lugares.
De frente de terno José Haddad Filho e sua namorada Mitzi. 1951.
Acervo Família Rocha. - Projeto "Cine memória: a história das salas de cinema do Espírito Santo"

VOCÊ TEM MAIS ALGUMA INFORMAÇÃO SOBRE ESSA IMAGEM?

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

As construções etéreas de Brasília nas fotos de Marcel Gautherot

Fonte: copiado de http://bit.ly/aFfGEP

Marcel Gautherot me foi apresentado por Flávia Portela, arquiteta e amiga de Brasília, em uma única foto no Facebook e que ilustra o título desse post. Se for mais popular do que imaginava, vou logo confessando minha ignorância, mas a foto me chamou a atenção por ser diferente de todas as outras sobre essa tema, que já havia visto de outros fotógrafos.

Essa foto de Gautherot é instigante porque, em um primeiro momento, confere aos prédios em construção da Esplanada dos Ministérios uma sensação de etéreo, utilizando para isso a farta poeira que abundava nos canteiros de obras, fato que comentarei mais adiante.

Como é peculiar, ou melhor, recomendado pelos estudos iconológicos, fui a busca do autor com as famosas questões: a) Quem ou qual instituição solicitou essas imagens?; b) Quando e com que objetivo?; c) Por que foram preservadas e catalogadas pelo  Instituo Moreira Sales - IMS? É importante ressaltar que esse post se atém a não mais que duas  fotografias de Guautherot e, propositalmente, de uma questão muito específica, já citada no título: o etéreo.

Marcel Gautherot, nasceu em Paris, em 1910 e faleceu no Rio de Janeiro em 1996. Filho de pais pobres, mãe operária e pai pedreiro, em 1936 participa do grupo que seria responsável pela instalação do Musée de l”Homme onde é encarregado de catalogar as peças do museu, começando aí a se dedicar à fotografia. Chegou ao Brasil em 1939, supostamente influenciado pela leitura do romance Jubiabá de Jorge Amado, configurando um "convite" para conhecer um país de terras tropicais e afastado do ambiente do pós-guerra.
Tendo fixado residência no Rio de Janeiro, entra em contato com parte da elite intelectual brasileira (Carlos Drummond, Mário de Andrade, Lúcio Costa, Burle Marx, entre outros). 

Começa a fazer trabalhos de fotografia para o SPHAN, o Museu do Folclore e trabalha para a revista "O Cruzeiro". Durante sua existência, viajou por 18 estados brasileiros, constituindo um acervo de cerca de 25.000 negativos, fotografando não apenas a arquitetura mais a cultura e diversidade do povo brasileiro, acervo hoje pertencentes ao IMS.

Sobre sua experiência em Brasília, relatam Andréa Cristina Silva e Leila Beatriz Ribeiro:
"Em meados dos anos 50, a convite de Niemeyer e contratado pela NOVACAP (Companhia Urbanizadora da Nova Capital), Gautherot passa a documentar a construção de Brasília. Momento alto de sua trajetória e de sua criação como fotógrafo, as imagens de Brasília atestam o nascimento de uma nova cidade, desde o começo, até sua inauguração. Com a Rolleiflex em punho e um olhar fotográfico extremamente refinado e elegante, o francês registrou o nascimento das obras monumentais de Niemeyer e a execução paulatina do plano piloto de Lúcio Costa como num imenso making off da construção. No conjunto das imagens de Brasília podemos perceber como a arquitetura surge do vasto chão para se tornar o belo, o diferente, o monumental".

A frase final das autoras é o mote para iniciar a discussão das fotos de Gautherot: "a arquitetura surge do vasto chão". Tomado em essência, não deixa de ser uma realidade, mas o que o fotógrafo realiza, intencionalmente (ou não) é justamente essa ruptura com a engenharia, que já galgava graus de modernidade. Para tanto, utiliza a já citada farta poeira presente na construção da nova capital para "encobrir" essa sensação lógica e linear, conferindo à imagem uma perturbadora e bela sensação de do etério, do impermanente, da incerteza.

Ao examinar a imagem, a sensação que tenho é justamente da ausência de sustentabilidade, algo que confere dúvida: o que transmite vigor e segurança em construções (ou até mesmo em um trabalho acadêmico) são suas bases. Sem elas, ou se tem uma obra com a impressão de de que não será concluída ou de que a o peso dos andares superiores rechaçarão os andares inferiores, transformando tudo em ruínas.

Há outra foto que parece confirmar a "intencionalidade" de Gautherot em utilizar a poeira para "minar" as bases das construções, reproduzida a seguir. Nela, fica quase evidente que o fotógrafo aguardou a passagem de um veículo, no caso uma caminhonete, para levantar a "poeira" necessária para captar a imagem no seu momento oportuno.



Fonte: copiado de http://bit.ly/aFfGEP

Se falarmos de acervo, acredito que  essas duas imagens estejam corretamente classificadas dentro do acervo da construção Brasília, de Marcel Gautherot, pelo IMS. O que questiono é, se presentes em tantas que ilustram livros das obras da capital, principalmente de Niemeyer, apresentadas no Brasil e exterior, passaram pelo "crivo" do mesmo e seus assessores.

De profundo valor estético, em minha opinião, contradizem, ou mo mínimo, provocam certo "mal estar", não apenas na concepção arquitetônica desafiadora e quase "violenta" dos traços de Niemeyer imposta aos engenheiros da época, como na campanha nacionalista formada em torno da construção da nova capital.

Há muito que se comentar sobre Marcel Gautherot. Incógnitos e crassos erros fotográficos que poderiam ter sido eliminados (ex.: na foto da caminhonete há uma placa cortada pela metade), e não vou citar todos agora para não estender a polêmica. Há, também, curiosas similaridades que encontrei com fotos de Sebastião Salgado, futuros questionamentos a serem dirigidos a esse último, em outra ocasião.

*Niraldo Nascimento é Doutorando em Ciência da Informação (UnB) 
na linha de Pesquisa de Acervos Fotográficos

Referências: 
SILVA, Andréa C, RIBEIRO, Leila B. Ribeiro. Imagens do silêncio, imagens silenciadas – Marcel Gautherot e a construção de Brasília XXII Encontro de História - Anpuh/RJ. Disponível em <http://www.encontro2008.rj.anpuh.org/resources/content/anais/1213108979_ARQUIVO_ANDREALEILA.pdf> Acesso em 21/02/2012.
Brasília por Gautherot. Olhar sobre o mundo. Disponível em <http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/brasilia-por-gautherot/> Acesso em fevereiro de 2012.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Memórias fotográficas: a história das salas de cinema de Vitória


O livro Memórias Fotográficas das Salas de Cinema de Vitória contempla alguns dos cinemas que funcionaram em Vitória, apesar do título também apresenta imagens dos cinemas da Região Metropolitana e do interior do estado. O trabalho é um resultado da pesquisa do projeto CINEMEMÓRIA - A História das salas de cinema do Espírito Santo, com a coordenação do Professor André Malverdes do Departamento de Arquivologia da UFES durante 11 anos de pesquisa em arquivos públicos, jornais, acervos pessoais e familiares. 

O livro tem patrocínio da Lei Rubem Braga da Prefeitura Municipal de Vitória e da Arcellor Mittal, com apoio do Departamento de Arquivologia da UFES, Programa de Pós Graduação em História/UFES, Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, Associação dos Arquivista do ES, Gráfica Santo Antônio e Rima Comunicação Estratégica. A obra apresenta 110 imagens que contemplam as salas de cinema no ES desde o seu primórdio em 1907 até a década de 1990 com fotos das inaugurações, estréias, interiores, público, fachadas e notícias dos jornais e revistas do estado.

O livro estará a venda na Livraria da UFES no campus de Goiabeiras, no Sebo Veredas na Rua da Lama e durante o lançamento com palestra do autor em local e data ainda a ser confirmado. Esperamos que este trabalho possibilite a todos a satisfação de um passeio pelos “cinemas de calçada”, que era, então, a maior diversão da população. Entendemos que, assim como à época, o prazer de ir ao cinema é, ainda hoje, sinônimo de sonho e magia.

Mais informações:
Andre Malverdes (malverdes@gmail.com)
Professor do Departamento de Arquivologia/UFES

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Dia internacional do patrimônio audiovisual

Hoje, dia 27 de outubro, celebra-se o
Dia Internacional do Patrimônio Audiovisual !


"Auto-retrato" de Joe Clark (vulgo "Hill Billy Snap Shooter"). Copiado do blog "A View to Hugh"
A câmara da cidade de Girona (Catalunya) através do Centro de Pesquisa e Difusão da Imagem (CRDI), com a colaboração do Conselho Internacional de Arquivos, celebraram a data com a publicação de um poster (baixe aqui em inglês) sobre a cronologia do desenvolvimento histórico da mídia audiovisual: cinema, fotografia, televisão, vídeo e gravação sonora. Simultaneamente, foi criado um website em quatro idiomas (catalão, inglês, espanhol e francês) que contém, no momento, 280 referências cronológicas, 30 registros audiovisuais e 140 imagens. 


Clique aqui para ver a notícia completa no site do Conselho Internacional de Arquivos (ICA).
Clique aqui para conhecer a página do Photographic and Audiovisual Archives Working Group do ICA.