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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

De quem é a Autoria?

Alessandra Araújo
Mestre em Ciencia da Informação e pesquisadora do GPAF

Um fato curioso está causando polêmica na internet. Um autorretrato realizado de surpresa por uma macaca vem gerando discussões sobre o direito autoral da fotografia. O Fotógrafo da Agência Carter News David Slater, enquanto fotografava macacos no Parque Nacional da Indonésia, uma das fêmeas do grupo de macacos pretos aproximou-se da câmera e impressionada com seu reflexo, acabou arrancando a máquina e fez um autorretrato. Seria a macaca abaixo a autora da foto, ou do premiado fotógrafo David Slater, ou ainda da Agência Carter News, onde o fotógrafo trabalha? De acordo com as Leis Internacionais, o dono dos Direitos Autorais é sempre o próprio autor, seria no caso a macaca? Se tal questões for levada aos tribunais quem venceria a causa? Uma pequena provocação...
Reproduzido de G1 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Registro da visita-debate da turma "Imaginando"


Na sexta-feira, dia 06/set, a turma da disciplina "Imaginando" (Seminários e, organização da informação) da pós-graduação em Ciência da Informação fez uma visita-debate coletiva, à mostra fotográfica "Ausênc_as Brasil" de Gustavo Germano (ver post aqui).

Ausênc_as Brasil estabelece um diálogo entre o passado e o presente, alinhando imagens de militantes políticos mortos e desaparecidos pelas ditaduras Militares do Brasil e da Argentina no seio de seus familiares e as imagens dos familiares registrando suas ausências, destacando a força da afetividade e da memória dos acontecimentos.

Gustavo Germano é um fotógrafo Argentino, ele que foi familiar de detido e desaparecido político. A mostra é rica pela possibilidade da participação dos familiares dos mortos e desaparecidos que abriram seus álbuns fotográficos e se expuseram em sua dor e sofrimento, partilhando com a sociedade suas imagens e de seus entes que se foram. A aula foi muito proveitosa e nos fez refletir, não apenas pelo momento que passaram os atores, mas sobre a possibilidade de interpretação e o sentido da fotografia.


O verdadeiro conteúdo de uma fotografia é invisível.
Porque não deriva de uma relação com a forma, mas
sim com o tempo.
John Berger


Algumas fotos da visita-debate estão disponíveis aqui.


Texto e fotos: Alessandra Araújo

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Folksonomia e indexação de fotos

Copiado de Netnografando

Considerações sobre o uso da folksonomia como recurso para indexar fotografias postadas em ambiente web

Alessandra dos Santos Araújo *

O termo folksonomia foi utilizado pela primeira vez por Thomas Vander Wal numa lista de discussão sobre Arquitetura da Informação, em 2004. À época, os profissionais da área estavam atentos e curiosos sobre a estratégia de classificação inovadora que websites como Del.icio.us e Flickr adotavam. Os usuários destes websites enviavam suas contribuições de conteúdo juntamente com qualquer palavra-chave descritora que entendessem pertinentes. Estas tags ou etiquetas eram usadas para posterior recuperação da informação, sem qualquer controle por parte do website. 

Na lista de discussão, Eric Scheid propôs o termo “folk classification” e Thomas Vander Wal complementou sugerindo “folksonomy”, aglutinando o termo “folk”, do germânico, que significa “povo”, e “taxonomy”, do grego, “regra de divisão”. A folksonomia se tornou popular a partir do momento em que foi lançado pelo Del.icio.us, um serviço de bookmarking online centralizado no indivíduo. Este serviço nasceu a partir de necessidades bem pessoais, onde as pessoas indexavam suas fotos, de acordo com seu interesse e necessidade, sem seguir normas, ou regras de vocabulários controlados. 

Quando falamos em indexação de imagem podemos citar Panofsky (1979), que propõe que a análise da imagem seja dividida em três níveis: pré-iconográfico, iconográfico e iconológico. Podemos resumir da seguinte forma os três níveis de Panofsky: o nível pré-iconográfico, como uma descrição; o iconográfico, como uma análise; e o iconológico, como uma interpretação. Jongersen (1996), afirma que o maior problema intelectual envolvendo a indexação de imagens é como indexá-la. Segundo a autora, isso acontece por falta de estudos sobre a percepção humana de imagens pictóricas. Não é possível realizar uma boa indexação de imagens sem compreender como o ser humano “lê”, e compreende a imagem. Com o surgimento dos sites onde “depositamos” as fotografias, geralmente de cunho pessoal, a folksonomia ou a forma descontrolada de indexar, foi aumentando. Para Catarino e Baptista (2007), um dos problemas causados pela folksonomia é a polissemia, a sinonímia e a ambiguidade, que ocorre porque a folksonomia não trabalha com padrões ou critérios pré-definidos, nem mesmo com objetivos. Cada um atribui a etiqueta que lhe é mais conveniente. Muitos projetos de acervos de fotografias estão sendo disponibilizados na internet, com o objetivo de divulgar suas imagens, que contam com a colaboração livre dos usuários para tagear as fotografias. 

Um projeto inédito onde os usuários colaboram para esse processo acontece nos Estados Unidos, na Biblioteca do Congresso. As fotografias ficam disponíveis para os usuários do Flick, através do blog da biblioteca (http://blogs.loc.gov/loc/2008/01/my-friend-flickr-a-match-made-in-photo-heaven/). 

A Biblioteca do Congresso já publicou duas coleções no Flickr: a American Memory: Color photographs from The Great Depression, com 1615 fotos dos anos 1930 e 40, período de grande crise nos EUA; e a The George Grantham Bain Collection, com 1500 fotos P&B de trabalhadores e da cidade de Nova York dos anos 1910. Um exemplo da aplicação da folksonomia no projeto da Biblioteca do Congresso é a imagem abaixo:

Na fotografia acima selecionamos algumas tags utilizadas pelos usuários para indexar: 
O que observamos no caso acima apresentado é, a rigor, a indicação daquilo que a imagem, por meio de tags, representa para o usuário, o que se dá sem a utilização de regras, sem normas, sem referência a maiores detalhes que possam ser considerados na recuperação. Vale dizer que a folksonomia não substitui um vocabulário controlado, nem uma análise mais elaborada de uma fotografia, assim como seu conteúdo e seu significado. Trata-se de um novo recurso, que com o advento da web 2.0, representa o modo como as pessoas se comportam, se identificam e se relacionam com o fato fotográfico.

É portanto, uma forma nova de fazer uma leitura pessoal dos acervos fotográficos disponibilizadas na internet. Por outro lado, a folksonomia não deve ser vista apenas como mais uma forma de classificar, mas deve ser entendida também como uma estratégia cultural, particularmente apropriada pelas redes sociais, ou para sites de compartilhamento, mediando a relação do individuo com a esfera pública e particular da sua vida. Não podemos considerar descontrolado o vocabulário criado por um usuário, por meio da folksonomia, para identificar suas fotografias. O controle não é forçado, não obedece regras, apenas considera ou representa uma primeira percepção do indivíduo sobre a imagem.

* Mestranda Pós Graduação em Ciência da Informação – UNB. 
Aluna da disciplina Seminário em Acervos Fotográficos.


REFERENCIAS

BIBLIOTECA DO CONGRESSO DOS ESTADOS UNIDOS. http://www.flickr.com/photos/library_of_congress/2163450764/in/set-72157623212811048/ (Blog). Washington, 2011. Acesso em: 2 de julho de 2011. 

CATARINO, Maria Elisabete; Baptista, Ana A. Folksonomia: um novo conceito para a organização dos recursos digitais na web. In: Revista DataGramaZero, v.8, n.3, jun. 2007.

JONGERSEN, Corrinne. Indexing imagens. Testing na image descption template. In: ASIS 1996 (Annual Conference Proceedings). October, p. 19-24.

PANOFSKY, E. Significado nas artes visuais. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 1979. (Debate, 99).

SMIT. Johhanna W. A representação da imagem. In: Informare – Caderno do Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v.2, n.2, p 28-36, jul./dez. 1996.