Mostrando postagens com marcador GPAF. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador GPAF. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Excertos sobre a Alegoria da Caverna

Texto extra da disciplina de pós-graduação "Acervos Fotográficos e o ciclo da informação"

Allice Lopes:
PLATÃO. A Alegoria da caverna. A Republica, 514a-517c. In: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia: dos Pré-socráticos a Wittgenstein. Trad. Lucy Magalhães. 2a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000.
''Sócrates: Assim sendo, os homens que estão nessas condições não poderiam considerar nada como verdadeiro, a não ser as sombras dos objetos fabricados.''

'' É preciso que ele se habitue, para que possa ver as coisas do alto. Primeiro, ele distinguirá mais facilmente as sombras, depois, as imagens dos homens e dos outros objetos refletidas na água, depois os próprios objetos. Em segundo lugar, durante a noite, ele poderá contemplar as constelações e o próprio céu, e voltar o olhar para a luz dos astros e da lua mais facilmente que durante o dia para o sol e para a luz do sol.''

''Sócrates: E se ele tivesse que emitir de novo um juízo sobre as sombras e entrar em competição com os prisioneiros que continuaram acorrentados, enquanto sua vista ainda está confusa, seus olhos ainda não se recompuseram, enquanto lhe deram um tempo curto demais para acostumar-se com a escuridão, ele não ficaria ridículo? Os prisioneiros não diriam que, depois de ter ido até o alto, voltou com a vista perdida, que não vale mesmo a pena subir até lá? E se alguém tentasse retirar os seus laços, fazê-los subir, você acredita que, se pudessem agarrá-lo e executá-lo, não o matariam?''
Como sugestão do professor, há uma animação, cujo texto é relativamente fiel às traduções modernas do texto, e apresenta uma representação no mínimo interessante.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Excertos de Gombrich, Dahlberg, Lopez e Heredia Herrera

Dando continuidade às discussões sobre "organização da informação" (aulas 22 e 29 abr) foram selecionados alguns excertos dos textos escolhidos para o debate.

Duda Bentes:
GOMBRICH, E. Condições da ilusão. In: Arte e ilusão: um estudo da psicologia da representação pictórica. Trad. Raul Sá Barbosa. São Paulo: Martins Fontes, 1986;  cap 7, p. 175-209
"É o poder da expectativa, mais do que o poder do conhecimento conceitual que molda o que vemos, na vida não menos que na arte." (p. 193)
"A possibilidade de que todo reconhecimento de imagens esteja ligado a projeção e antecipações visuais é reforçada pelos resultados de experiências recentes [...] Sem essa tendência que temos a ver um movimento potencial sob a forma de antecipação, os artistas nunca teriam sido capazes de criar a sugestão de velocidade em imagens estacionárias." (p. 196)
 "Sem saber, procedemos a uma rápida sucessão de testes de consistência, e escolhemos a cada vez a interpretação que faz sentido." (p. 199) [...] "Onde quer que a imagem seja usada para a comunicação, podemos estudar essa avaliação da intenção provável do autor e os testes de consistência que levam à interpretação e ilusão." (p. 201)

Bruno Carvalho Souza:
DAHLBERG, I. Teoria do conceito. Ciência da Informação, Brasília, v.7, n.2, p.101-7, 1978. (Acesso aqui).
"Podemos então dizer que a linguagem constitui a capacidade do homem designar os objetos que o circundam assim como de comunicar-se com os seus semelhantes."
"(...) só é possível proceder a essa decomposição do conceito coletando-se os enunciados verdadeiros que sobre determinado objeto se podem formular. Pode-se então dizer que os elementos do conceito são obtidos pelo método analítico—sintético. Cada enunciado apresenta (no verdadeiro sentido de predicação) um atributo predicável do objeto que, no nível de conceito, se chama característica. Muitas vezes não se trata de um atributo a que corresponde uma característica mas de uma hierarquia de características, já que o predicado de um enunciado pode tornar-se sujeito de novo enunciado e assim sucessivamente até atingirmos uma característica tão geral que possa ser considerada uma categoria. (Entende-se aqui por categoria o conceito na sua mais ampla extensão)."
"Quando a comparação entre as características dos conceitos mostra que dois conceitos diferentes possuem uma ou duas características em comum, então há que falar de relações entre tais conceitos..."
Elainte Torres, 2016: "Iniciando um Projeto". In: Imagine: gênese da informação

 Alice Ferreira Lopes:
LOPEZ, A. El contexto archivístico como directriz para la gestión documental de materiales fotográficos de archivo. Universum, Talca, v. 23, n. 2, 2008. (Acesso aqui).
''La archivística prioriza la dimensión del documento como índice de la actividad que lo generó. Así, lo que el documentalista busca en la interacción del referente con la imagen, el archivero lo busca en la integración de la función generadora con el documento. En este último caso, la información imagética del referente se muestra apenas como una característica más. La caracterización del registro fotográfico como índice implicaría que él, necesariamente, representase algo que sea identificado por el documentalista''
''La inserción de los documentos fotográficos y de los demás documentos imagéticos en la clasificación archivística no significa desconsiderar sus especificidades. Significa, sí, entender las particularidades del documento archivístico como más importantes que las peculiaridades de cada modalidad de documento (documentos fotográficos, por ejemplo). Se trata de agregar documentos en una generalidad común y, dentro de ésta, comprender las especificidades.'' 
Natália Saraiva, 2016: "Organizando a direção". In: Imagine: organização da informação.

Elaine Torres Américo:
HEREDIA HERRERA, Antonia. La fotografía y los archivos. In: FORO IBEROAMERICANO DE LA RÁBIDA. Jornadas Archivísticas, 2, 1993, Palos de la Frontera. La fotografía como fuente de información. Huelva: Diputación Provincial, 1993. 
"La fotografia como el documento textual -que puede o no ser documento de archivo— puede pretender reproducer una realidad, en cuyo caso si cabe hablar de -certificado de presencia-, o bien crear, inventando, un mundo nuevo convirtiéndose en una forma de expresíon de creatividad humana"
"...De aqui su doble dimension informativa y artistica y de aqui tambien las actitudes ante la ac­ción de su depósito en instituciones tradicionales (archivos, bibliotecas) o en museos o instituciones culturales";
" Al decir 'archivos fotográfico' se nos plantea de nuevo el problema denominativo y conceptual apuntado al principio. 'Archi­vos fotográficos', 'fondos fotográficos' son denominaciones que entran en colisión con la terminología archivística"

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Excertos de Buckland, de Capurro & Hjorland e de Lopez

Com o objetivo de fomentar a discussão na disciplina de seminários do GPAF os participantes elencaram alguns excertos dos texto de Buckland, de Capurro & Hjorland e de Lopez, para embasar o exercício de discutir conceitualmente informação e gênese da informação (aulas 01,08 e 15/abr):

Duda Bentes, 2016: Gênese da Informação In: Imagine: gênese da informação

Alice Ferreira Lopes:
BUCKLAND Michael K. Information as a thing. Journal of the American Society of Information Science (1986-1998), v. 42, n.5, p 351, 1991. (texto original aqui; tradução livre aqui)
  • ‘’ Information-as-thing is of special interest in the study of information systems. It is with information in this sense that information systems deal directly. Libraries deal with books; computer-based information systems handle data in the form of physical bits and bytes; museums deal directly with objects. The intention may be that users will become informed (information-as-process) and that there will be an imparting of knowledge (information-as-knowledge). But the means provided, what is handled and operated upon, what is stored and retrieved, is physical information (information-as-thing). On these definitions, there can be no such thing as a “knowledged-based” expert system or a “knowledge access” system, only systems based on physical representations of knowledge. ‘’ (P. 352)
  • "If something cannot be viewed as having the characteristics of evidence, then it is difficult to see how it could be regarded as information. If it has value as information concerning something, then it would appear to have value as evidence of something. “Evidence” appears to be close enough to the meaning of information-as-thing to warrant considering its use as a synonym when, for example, describing museum objects as “authentic historic pieces of evidence from nature and society.” (Schreiner, 1985, p. 27)." ( p. 469).
  • “Information-as-thing”, then, is meaningful in two senses: (1) At quite specific situations and points in time an object or event may actually be informative, i.e., constitute evidence that is used in a way that affects someone’s beliefs; and (2) Since the use of evidence is predictable, albeit imperfectly, the term “information” is commonly and reasonably used to denote some population of objects to which some significant probability of being usefully informative in the future has been attributed. It is in this sense that collection development is concerned with collections of information.’’ (P. 357)

Duda Bentes:
CAPURRO, Rafael; HJORLAND, Birger. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 12, n. 1, p. 148- 207, jan./abr. 2007 (Acesso aqui)
  • 1) Sobre definições persuasivas.
    • “[...] Quando usamos o termo informação em CI, deveríamos ter sempre em mente que informação é o que é informativo para uma determinada pessoa. O que é informativo depende das necessidades interpretativas e habilidades do indivíduo (embora estas sejam frequentemente compartilhadas com membros de uma mesma comunidade.” (p. 154-155)
  • 2) Sobre os usos modernos e pós-modernos da informação.
    • “Esta transição da idade média para a modernidade no uso do conceito de informação – de dar uma forma (substancial) à matéria para comunicar alguma coisa a alguém – pode ser detectada na filosofia natural de René Descartes (1596-1650), que chama as ideias de formas do pensamento, não no sentido de que estas são retratadas (depictae) em alguma parte do cérebro, mas na medida em que elas informam o próprio espírito voltado para esta parte do cérebro (DESCARTES, 1996, VII, p. 161). (p. 158)
    • “[...] Tem sido extremamente interessante observar como o conceito de informação está intimamente ligado a visões sobre o conhecimento. Esta conclusão é importante para a análise posterior do conceito de informação em CI, porque indica uma conexão muito negligenciada entre as teorias da informação e as do conhecimento.” (p. 159)
  • 3) Sobre “Análise de domínio, sócio-cognitivo, hermenêutica, semiótica e perspectivas relacionadas.
    • “A perspectiva cognitiva dá um passo em direção à compreensão subjetiva da informação. Buckland dá outro passo. O enfoque da análise de domínio vê diferentes objetos como sendo informativos em relação à divisão social do trabalho na sociedade. Desta forma, a informação é um conceito subjetivo, mas não fundamentalmente em um sentido individual. Os critérios sobre o que conta como informação são formulados por processos sócio-culturais e científicos [...]” (p. 192)

Duda Bentes, 2016: Informação. In: Imagine:informação.

Bruno Carvalho Souza:
LOPEZ, A. Photographic document as image archival document. In: TEHNIČNI in Vsebinski Problemi Klasičnega in Elektronskega Arhiviranja: referatov dopolnilnega izobraževanja s področij arhivistike, dokumentalistike in informatike v Radencih, 8, Maribor, 2009. Maribor: PAM, 2009. p. 362-272. (Acesso aqui)
  • Image records and documents have increased their reproduced visual information, and generated new records without the register of such transformation. That practice stimulates the multiplication of image manifestations of a same content, homogenizing different contexts and records. (Obs: o texto faz referência à internet)
  • It is important to remember that the erroneous identification of the complete record, the one that is proficient to generate consequences, may lead to disastrous outcomes at the research level as well as on the execution of administrative tasks. This aspect is more delicate when it involves records and documents which validation signs and proceedings are incorporated as an attach register, like on image and electronic records. The disconnection of such bond might have disastrous consequences not only during the execution of the administrative activities but also on their proof. The identification of the record’s genesis is the only resource able to avoid the pitfalls posed by the image polysemy character.
  • On an image record, lonely considered, the veracity has the propensity to be bewildered with image’s authenticity, since there will not be enough data to determine the record’s context. 
Elaine Torres Américo:
LOPEZ, A. Contextualización archivística de documentos fotográficos. Alexandria: revista de Ciencias de la Información, ano V, n.8, jan./dez. 2011. (Acesso aqui)
  • “La organización archivística de los documentos imagéticos nos presenta diferentes dificultades, principalmente en lo que atañe al uso de los principios orientadores de esta disciplina, tales como el de procedencia (respect des fonds) y el de respeto al orden original”;
  • “Muchos archivos, sobre todo los denominados “fotográficos”, presentan una marcada propensión hacia la valorización de las posibilidades de uso de su información, relegando a segundo plano el contexto de producción”.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Imagine e o ciclo da informação

O esquema acima busca sistematizar o ciclo da informação, suas etapas e atividades. A proposta da nova disciplina do GPAF, na pós-graduação em Ciência da Informação, é discutir e ressignificar conceitualmente as quatro etapas principais, valendo-se das metodologias "Imaginando" e "Imagine".

No âmbito conceitual a disciplina parte de algumas diretrizes quanto aos acervos fotográficos, o ciclo da informação e as metodologias Imaginando/Imagine


Aceda aqui ao programa completo e leia a respeito dos projetos Imaginando e Imagine aqui

sexta-feira, 20 de março de 2015

Início da disciplina do GPAF

Após o encontro introdutório realizado na semana passada, hoje teve início o curso do GPAF em nível de pós-graduação, junto ao programa de Ciência da Informação da UnB. A disciplina "Seminários em organização da informação: acervos fotográficos" está enfocada na discussão para o embasamento teórico dos projetos de pesquisa de cada aluno participante, contraposta com 3 estudos de caso: a União dos Escoteiros do Brasil, o projeto DigifotoWeb e o acervo fotográfico da Polícia Técnico-Científica de Goiás.

O programa completo está disponível em: http://gpaf.info/GPAF/progSAF2015.pdf

A imagem abaixo registra a primeira rodada de estudo de caso, com o início das atividades na sede regional do Distrito Federal da União dos Escoteiros do Brasil e a discussão do papel a ser desempenhado pelos documentos fotográficos em um futuro museu da instituição.


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Exposição interativa IMAGINANDO

NOGUEIRA, R. F.  Imaginando um Contexto
A turma da disciplina Acervos Fotográficos da Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCINF) da Universidade de Brasília (UnB) convida todos os interessados para participar da oficina “Imaginando”

O projeto Imaginando é uma metodologia de ensino desenvolvida na Universidad Complutense de Madrid (UCM), em 2011, e aperfeiçoada no Brasil, no âmbito do Grupo de Pesquisa Acervos Fotográficos - GPAF
  • Dia: 07/11/2014 (sexta-feira)
  • Horário: a partir das 14 hs
  • Local: ICC central
Venha prestigiar, você vai se surpreender!!

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A representatividade dos acervos fotográficos na acadêmia brasileira


A tarefa de quantificar sistematicamente o que se vem produzindo cientificamente é algo complexo, sempre incompleto e passível de melhoras. Existem muitos sistemas, plataformas e bases de dados para esse tipo de atividade, nas mais diferentes esferas e áreas. Uma delas é a Base ABCDM (Arquivologia, Biblioteconomia, Ciência da Informação, Documentação e Museologia), produzida e mantida pela Faculdade de Ciência da Informação da Universidade de Brasília (FCI/UnB), desde 2001, que contém referências bibliográficas de cerca de 10 mil registros de artigos de 35 revistas científicas brasileiras nas áreas de foco indicadas, cobrindo o período de 1963 a 2013. Inclui também os artigos de todas as edições do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ciência da Informação (ENANCIB), de 1994 a 2013. O acesso pode ser feito na FCI/UnB e/ou pela solicitação de pedidos de busca diretamente para o editor da ABCDM, Prof. Dr. Jayme Leiro (jleiro@unb.br).

A busca na base 2014 (dados até 2013) nos campos “Título” e “Palavras-chave” pelo termo “foto$” gerou 103 referências, indicando que no Brasil, no âmbito científico, ligado à Ciência da Informação e áreas afins, a discussão sobre fotografia está presente em apenas cerca de 1% das publicações periódicas. A consulta dos termos combinados “foto$” AND “arquiv$” retornou com 23 artigos somente, sendo apenas 03 anteriores a 2004 (o que significa uma produção recente de menos de dois artigos por ano), destes 09, (ou seja, cerca 40% da produção contemplada na base de dados) foram produzidos a por pesquisadores do Grupo de Pesquisa Acervos Fotográficos (aceda aqui ao relatório gerado pela base no dia 18/set/2014, com destaque à produção do GPAF). A revista Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro não está na base e se estivesse elevaria a participação do GPAF no cenário proporcional, com os 04 artigos que o grupo publicou naquele periódico em 2013 (acesso aqui).

Independentemente do critério de quantificação, os dados nos mostram uma preocupante ausência da temática da fotografia na discussão especializada nacional, apontando, não obstante, para um papel relevante do GPAF nesse cenário, sobretudo no que tange à discussão relacionada aos arquivos.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O que começar a ler para "salvar" fotografias em situação de risco?


Por conta da escassez de estudos na área, muitas pessoas acabam recorrendo ao GPAF na busca de referência sobre preservação de acervos fotográficos. O escopo do grupo não está exatamente voltado para esse tipo de problema, mas, mesmo assim, este post tentará apresentar algumas referências inciais, que têm nos servido como inspiração.

O primeiro a saber é que um conjunto fotográfico nunca deve ser entendido como algo isolado. Ele, de algum modo, se relaciona com uma coleção, um fotógrafo, um arquivo, um produtor, uma função, um modo de registrar o presente, um valor social, uma importância histórica etc. O importante, então, é situar os documentos, antes de mais nada, em uma perspectiva de patrimônio fotográfico para, depois, pensar nos aspectos técnicos do tratamento e organização. A parte técnica pode, didaticamente, ser pensada em dois grandes focos: um físico, dedicado à preservação e a conservação; e um informacional, que se ocupará de trabalhar as técnicas, conteúdos, contextos (históricos e arquivísticos), bem como a política de acesso, divulgação, cópias, direitos etc.

Esquematicamente teríamos, então, a seguinte estrutura de relações de temas:
1. Patrimônio fotográfico
  • 1.1. Tratamento Físico
    1.1.1 - preservação
    1.1.2 - conservação
    1.1.3 - restauração
    1.1.n - etc.
  • 1.2.  Tratamento informacional
    1.2.1 - técnicas e materiais
    1.2.2 - autores (pessoais e institucionais)
    1.2.3 - funções originais

    1.2.4 - funções posteriores
    1.2.5 - contextos históricos e sócio-culturais
    1.2.6 - contextos administrativo e arquivístico
    1.2.7 - acesso e divulgação
    1.2.8 - cópias e direitos
    1.2.n - etc.
O ponto de referencia inicial está em inglês e localiza-se no site do Photographic and Audiovisual Archives Group do Conselho Internacional de Arquivos (acesso aqui). Lá há duas páginas que trarão boas referências preliminares: a do "kit de sobrevivência" (acesso aqui), com informação básica e resumida sobre recursos mínimos necessários;  e a de "recursos do PAAG" (acesso aqui), que apresenta uma boa relação de documentos e manuais técnicos, disponíveis para consulta na Web. As outras páginas são importantes para informações mais avançadas e/ou complementares.

Nosso blog, além dos links para o PAAG, traz também acesso a muitos textos na caixa "recursos", no canto superior esquerdo. Os textos disponibilizados pelo Centro de Pesquisa e Difusão da Imagem (CRDI), em Girona, Catalunya, trazem importantes reflexões sobre a compreensão e implicações práticas do conceito de Patrimônio Fotográfico além de muitos textos técnicos relativos ao tratamento físico. Os textos trabalhados pelo GPAF em disciplinas da pós-graduação são mais voltados para o tratamento informacional, sobretudo quanto às relações das imagens fotográficas com o contexto de produção documental. É importante indicar que não são divisões estanques e que há textos de toda natureza em ambos grupos de links.

Dentro de tão vasto universo vale à pena ler pelo menos o seguinte:
  • Um grande manual, que é uma referencia completa e obrigatória:
    > Boadas, J.; Casellas, L.; Suquet, M. Manual para la gestión de fondos y colecciones fotográficas. Girona: Biblioteca de la Imagen, CCG Ediciones - Ajuntament de Girona (CRDI), 2001, Disponível aqui; link alternativo aqui.
  • Duas discussões iniciais bem fundamentadas sobre Patrimônio Fotográfico:
    > Boadas, J. Patrimonio fotográfico: estrategias de gestión y preservación, dins el documento escrito y el documento fotográfico. Las Palmas de Gran Canaria: Anroart Ediciones, 2007, p. 15 a 32. Disponível aqui;
    >> Iglésias, D. Materiales fotográficos: conocer, analizar y preservar. 4a. Jornada Provincial de Archiveros. Còrdova, 2009. Disponível aqui.
  • Três textos relacionados às questões físicas e técnicas:
    > Diagnóstico: Pérez, J. L'Estudi diagnòstic per a arxius d'imatges. 4es Jornades Imatge I Recerca: Antoni Varés . Girona, 1996. Disponível aqui.
    >> Equipamentos: Boadas, J.; Iglésias, D. Equipamientos y materiales para la instalación de un archivo audiovisual : el Centre de Recerca i Difusió de la Imatge (CRDI), a Restauración & Rehabilitación. Revista Internacional del Patrimonio Histórico , núm. 89 (2004). Disponível aqu.
    >>> Novas tecnologias: Casellas, L-E; Iglésias, D. Nuevas tecnologías y tratamiento de fondos y colecciones fotográficas. 2as Jornadas Imagen, Cultura y Tecnología . Madrid, 2003. Disponível aqui.
  • Quatro textos sobre contexto e questões arquivísticas:
    Arquivo fotográfico: Heredia, A. La fotografía y los archivos. In: Foro Iberoamericano de la Rábida. Jornadas Archivísticas, 2, 1993, Palos de la Frontera. La fotografía como fuente de información. Huelva: Diputación Provincial, 1993. Disponível aqui.
    >> Documento fotográfico DE arquivo: Lopez, A. Photographic document as image archival document., 2009 . In 8th Conference on Technical and Filed Related Problems of Traditional and Electronic Archiving, Radenci/Slovenia, 25 - 27 March 2009. Disponível aqui.
    >>> Documento fotográfico EM arquivo: Carvalho Madio, T. Uma discussão de documentos fotográficos em ambiente de arquivo. In: VALENTIM, Marta Lígia Pomim. Estudos avançados em Arquivologia. Marília: Cultura Acadêmica, 2012. cap. 3. p. 55-68. Disponível aqui (link alternativo aqui).
    >>>> Contextualização: Lopez, A. Contextualización archivística de documentos fotográficos. Alexandria: revista de Ciencias de la Información, Lima, ano V, n.8, jan./dez. 2011. Disponível  aqui
  • Cinco livros mais recentes com diversidade de temas (nem todas disponíveis on-line):
    > Salvador, A. Ruiz, A. Archivos fotográficos: pautas para su integración en el entorno digital. Granada: UGr, 2006.
    >> Dirección de Bibliotecas, Archivos y Museos. Apuntes metodológicos para la documentación de fotografias. Santiago de Chile: DIBAM, 2012. Disponível aqui.
    >>> Fundación Patrimonio Fílimico Colombiano. Principios y técnicas en un archivo audiovisual. Bogotá, 2010. Disponível aqui.
    >>>> Recio, J. (org.) Gestión del patrimonio audiovisual en medios de comunicación. Madrid: Síntesis, 2013.
    >>>>> Sanchéz-Vigil, J. Salvador, A. Documentación fotográfica. Barcelona: UOC, 2013.

sábado, 12 de abril de 2014

A importância do contexto...

Foto by Niro
A compreensão dessa imagem requer alguns dados de contexto, como, por exemplo, saber quem é Nícolas Behr, conhecer algo sobre Brasília, entender algumas transformações que ocorreram na avenida comercial W3 (sabendo o que significa/ou a W3 no imaginário brasiliense).

Tais informações contextuais são fundamentais para a compreensão da informação acima, porém insuficientes para entender o documento. Sem o documento estaríamos falando somente da poesia-mosaico de Behr. O documento é o registro fotográfico feito por Niraldo Nascimento, o Niro, que assim o contextualizou em depoimento no Facebook de sua pesquisa de doutorado:
O Ver e o Olhar na W3
Sempre fui apaixonado pela fotografia. Na faculdade, chegava uma hora antes para folhear livros e revistas. Nunca imaginei que todas aquelas imagens foram assimiladas e reorganizadas pelo meu inconsciente. Eu começava a aprender a olhar, mais do que ver. Formas, cores, cheiros, superfícies e tantas outras sensações foram classificadas em uma ordem desconhecida em meu inconsciente.
Revendo algumas fotos que fiz, observo signos não de um, mas um mosaico dessa autopoiese recompilada. Depois de minha viagem 5 minutos ao continente velho (durou 30 dias mas, foi uma viagem cartão-postal) percebi que minha imagética era linear. Fui fazer um curso, não de fotografia, mas de "olhar" com Fayga Ostrower. A técnica fotográfica linear eu dominei sozinho.
Ainda assim, meu racionalismo de então bloqueava o fluxo tentava escoar do meu inconsciente. Na maioria das minhas fotos está presente o VER e não o OLHAR. Então apareceu Ana K. e me apresentou a W3. O que deveria ser um corredor cultural em Brasília, ainda hoje é um corredor de oficinas, peças e acessórios para automóveis.
Ana K. me alertou sobre totens com mosaicos montados na W3. Eu os tinha visto várias vezes, mas nunca olhado. Prometi a ela um percurso fotográfico pela avenida, não cumprido. Artistas plásticos, como Ana K. ou minha amiga Andrea Rosenfeld parecem que têm o OLHAR no DNA. O tempo passou e o Governo do Distrito Federal (GDF) derrubou todos os totens. A princípio fiquei arrasado, não podia fazer mais nada.
Pouco tempo depois, vi que o GDF tinha razão. Os totens, com poesias em mosaico, atrapalhavam a mobilidade das pessoas, especialmente deficientes. Os poetas também compreenderam isso e refizeram e fizeram novos mosaicos no chão e nas paredes. Aguçado pelo desafio de Ana K., finalmente olhei e fotografei alguns dos mosaicos. A foto foi escrita em "brasilianês" e, possivelmente, não compreenderão. São poucas Suzanas na W3.
  Niraldo Nascimento, 30/03/2014

A importância do contexto é fundamental para entender o documento: não se trata do poema-moisaico de Behr e nem da foto dele feita por Niro. É tudo isso e mais um pouco. Esse "pouco", relatado no depoimento do fotógrafo é que dá significado pleno ao documento, que é, nesse caso, a reprodução fotográfica. Sem esse "pouco" perde-se completamente o significado global. 

Outro nível de contextualização necessária está ligado à compreensão dos signos locais de Brasília, mas isso vem em segundo lugar, para permitir entender a imagem, apenas (apenas?) ...

sábado, 5 de abril de 2014

Possibilidades de Iniciação Científica


Os alunos da UnB (qualquer curso) que tenham interesse em desenvolver iniciação científica no âmbito do Grupo de Pesquisa Acervos Fotográficos (GPAF) devem entrar em contato com apalopez@gmail.com apresentando:

  • Nome completo e dados discentes (curso, semestre e IRA);
  • Endereço do Lattes, se houver;
  • Esboço de plano de trabalho a ser desenvolvido (apenas proposta preliminar, não precisa estar finalizado).
Não haverá solicitação de bolsas para alunos "calouros" em iniciação científica, que deverão atuar como voluntários. Somente na renovação do projeto, após um ano, é que haverá possibilidade de bolsas remuneradas.

O plano de trabalho deverá estar relacionado com um dos quatro projetos elencados abaixo (é importante navegar bastante pelas páginas de referência indicadas para melhor conhecer os projetos):

  1. REDE FOTOARQ Ambiente científico virtual sobre documentos fotográficos de arquivo
    Descrição: Em face do avanço que o ambiente em rede pode proporcionar para a construção científica colaborativa, e considerando o desenvolvimento do projeto DIGIFOTOWEB/CNPq até o momento, propomos a consolidação de uma rede científica virtual, destinada a amparar as ações de discussão, construção e divulgação de conhecimentos científicos sobre a temática dos documentos imagéticos em arquivo, sobretudo em relação à organicidade. A proposta pretende trabalhar na articulação de uma rede de produção colaborativa de conhecimentos sobre documentos fotográficos em arquivos que proporcione integração (nacional e internacional) de pesquisadores e possibilite incrementar a produção e disponibilização de textos de caráter científico (abrangendo desde estudos iniciais até artigos consolidados). Tal rede deverá incorporar um periódico eletrônico internacional (a ser criado), estudos relacionados ao tema produzidos no âmbito do Conselho Internacional de Arquivos e os trabalhos (atuais e futuros) do grupo de pesquisa Acervos Fotográficos, bem como os resultantes do atual projeto de produtividade. O projeto é feito conjunto com o Centro Nacional de Patrimonio Fotográfico (CENFOTO), Chile, Instituto Mora (México) e Conselho Internacional de Arquivos.
    Página de referência: http://gpaf.info/

  2. Blogues de Diplomática e Tipologia Documental.- fase III
    Descrição: O objetivo do plano de atividades é dar continuidade aos PAC anteriores, que aprimoraram a boa experiência com blogues discentes relativos aos principais temas da disciplina de graduação em Arquivologia Diplomática e Tipologia Documental (DTD) desenvolvidos desde 1/2009. A idéia geral é apoiar a atividade, ajudando na manutenção dos blogues que surgirão através das escolhas dos alunos por seus respectivos temas, com vistas a ampliar a construção de importante material de apoio didático. O objetivo do plano de atividades é dar continuidade à experiência da disciplina Diplomática e Tipologia Documental no que tange à criação, manutenção e disseminação dos blogues da disciplina desenvolvidos durante o semestre 02/2012 e 01/2013, assim como a orientação dos alunos no desempenho das atividades, construindo com importante material de apoio didático, amparado no blogue da disciplina. A atuação discente no presente PAC deverá auxiliar na sua formação, pondo-a em contato direto e sistemático com materiais complementares à disciplina, bem como diferentes visões sobre o tema.
    Página de referência: http://diplomaticaetipologia.blogspot.com.br/

  3. IMAGINANDO: Imagens-conceitos de termos arquivísticos
    Descrição: Imaginando é uma metodologia de ensino desenvolvida na Universidad Complutense de Madrid (UCM), em 2011, e aperfeiçoada no Brasil, no âmbito do Grupo de Pesquisa Acervos Fotográficos, em disciplinas da pós-graduação em Ciência da Informação ligadas aos acervos fotográficos.A metodologia Imaginando, que pode ser usada em qualquer área do conhecimento, compõe-se basicamente de cinco etapas: (i) discussão teórica com os alunos, embasada em bibliografia especializada, para atingir um nível comum de compreensão conceitual de termos específicos; (ii) produção de imagens inéditas e/ou reaproveitamento de imagens anteriores feitas pelos próprios participantes , representativas de tais ideias e/ou conceitos; (iii) consolidação dos conceitos mediante discussão das imagens realizadas por todos (alunos e professores) em sala de aula; (iv) ajustes nas imagens ou produção de novas em função de tal debate; (v) elaboração de ficha descritiva e texto explicativo sobre cada imagem final, com vistas à documentação, criando um banco de imagens de uso não-comercial. O ciclo pode, a partir daí, ser reiniciado com outras temáticas e conceitos.
    Página de referência: http://bgpaf.blogspot.com.br/p/imaginando-unb2013.html

  4. Blog Ibero-americano de Enseñanza Arquivistica Universitária
    Descrição: O Blog Iberoamericano de enseñanza archivística universitária (http://bieau.blogspot.com/) foi criado em junho de 2010, durante a I Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia, como evento paralelo, não-oficial, com o objetivo de amparar as ações e comunicações da RIBEAU. Um grupo de professores de Arquivologia das universidades ibero-americanas, participantes do XIV Congresso Internacional de Arquivos, realizado em Sevilla, em 2000, concordaram ser necessário buscar soluções comuns aos problemas para conseguir direcionar os esforços para uma melhor formação de recursos humanos, adequada às novas tendências da sociedade da informação, com as quais, dia a dia, a educação arquivística se defronta. Essa inquietação se traduziu, na Assembléia Geral Extraordinária da Asociación Latinoamericana de Archivos, na criação da Red Iberoamericana de Enseñanza Archivística Universitaria (RIBEAU), que hoje conta com um poderoso instrumento das redes sociais para auxiliar na consecução de seus propósitos. O blog trabalha na formação de futuros arquivistas por se configurar como um veículo de comunicação, disseminação e acesso de informação arquivística relevante para alunos de graduação, pos-graduação e demais interessados. O blog, como ferramenta dinâmica e interativa, é plenamente adaptada à formação das novas gerações de arquivistas e já conta com alunos de graduação como colaboradores.
    Página de referência: http://bieau.blogspot.com.br/

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Espaços virtuais do GPAF

Desde o dia 23 de dezembro de 2013 o Grupo de Pesquisa Acervos Fotográficos  conta com dois novos espaços virtuais: a página do GPAF (abra aqui) e o blog do GPAF (acesso aqui). Trata-se de uma evolução do blog DigifotoWeb (acesso aqui), que foi criado prioritariamente para auxiliar no projeto de produtividade do líder do grupo junto ao CNPq, no período 2010-2013. À medida que o grupo foi sendo consolidado e ampliado, o espaço passou a incluir no seu escopo diversas questões relacionadas às atividades e inquietações do grupo, de seus pesquisadores e alunos a ponto de deixar o projeto DigifotoWeb em si como uma temática marginal no blog que leva o seu nome.

Doravante as questões gerais relacionadas ao grupo estarão concentradas em um novo blog: o "Blog do GPAF", que carrega na sua base todas as postagens do blog DigifotoWeb, em um layout mais atual, guardando elementos visuais do antigo espaço. No período de adaptação, por ora, as postagens ainda continuarão a ser replicadas nos dois blogs. Finda a fase de transição, esse novo espaço concentrará as reflexões gerais dos temas afetos ao grupo.

Paralelamente, algumas postagens específicas sobre o projeto DigifotoWeb, finalizado formalmente em abril de 2013 e ainda produzindo frutos acadêmicos (artigos, comunicações etc.) procurarão ajustar o foco do blog original para seu primeiro objetivo. Espera-se poder revisar e atualizar a informação de algumas de suas páginas. Ao final do processo de transição, o blog do DigifotoWeb estará semi-inativo, porém com muito conteúdo, recuperável pelo sistema de tags (ver post aqui).

A mesma separação de enfoque será efetivada na páginas do grupo no Facebook: a original DigifotoWeb (acesso aqui), será paulatinamente desativada em prol da mais atual, GPAF (acesso aqui). Nesse caso, porém, devido às limitações do Facebook, não haverá recuperação de informação na comunidade do DigifotoWeb.

A forma encontrada para articular todos esse links, além de outros espaços e materiais on-line relativos ao grupo de pesquisa e seus participantes, foi a criação de uma página web, em domínio próprio, que funcione como um ponto de partida. A pagina do GPAF (acesso aqui) é um micro portal, no qual o leitor interessado poderá pesquisar os textos que apresentam o grupo e nossas ações, projetos institucionais e demais ambientes virtuais, bem como links para as instituições diretamente relacionadas.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Por que as pessoas guardam fotos?


A criação, em 1888, da primeira câmera fotográfica acabou revolucionando a história da fotografia no mundo. Com o lema “aperte o botão, que nós fazemos o resto”, George Eastman e Henry A.Strong introduziram no mercado uma câmera que poderia ser facilmente levada a qualquer lugar. Além de ser de fácil transporte essa máquina abolia as chapas de vidro, cuja utilização não apenas dificultava o transporte de todo material a cada saída do fotografo, mas também exigia um cuidado dobrado, pois qualquer rachadura fatalmente ficaria registrada na prova em papel.

A facilidade do novo processo, assim como a mobilidade da câmera, contribuiu decisivamente para que a fotografia se tornasse em pouco tempo parte do cotidiano das famílias. Aos poucos, os momentos a serem registrados foram aumentando. Entre essas situações, ganham destaque o lazer e os passeios da família, registrados não apenas como algo a ser rememorado, mas também mostrado aos demais, familiares e amigos. 

A máquina fotográfica acompanha a vida familiar e é através dela que cada família constrói um retrato de si mesma. Através das imagens colecionadas aos longos dos tempos vão sendo construídas as narrativas, as histórias de várias gerações de um mesmo grupo familiar. Ao se deixar captar-nos mais variados registros imagéticos, nas mais diversas situações, nos momentos de alegrias, os integrantes desses grupos possibilitam um olhar mais atento para a dinâmica familiar.

Se, num primeiro momento, o ato de fotografar ainda se relacionava com um elevado padrão de consumo, pouco a pouco ele foi disseminado, seja pelo barateamento das máquinas fotográficas, dos filmes, seja pela popularização da revelação, com os formatos das fotografias mais comuns dos álbuns da dimensão 9x12 cm ou 10x15cm. O auge desse processo chegou com o advento das máquinas digitais e das câmeras acopladas a telefones celulares, todavia, a velha e boa câmera propicia imagens singulares e os álbuns de famílias são relíquias históricas que existem nas maioria dos arquivos pessoais.

No início do século XX estes registros ficavam voltados para as grandes ocasiões, como casamentos, passeios, batizados, festividades, passeios e encontros familiares. Com o tempo e a propagação da fotografia como prática, passou-se cada vez mais a registrar o cotidiano, o instantâneo. Também neste mesmo período foi marcado pela diminuição da atuação do fotógrafo profissional e os álbuns de família passaram a apresentar imagens com poses menos formais e fotografias mais descontraídas, embora ainda com a família sendo o foco dos registros.

Além de mostra situações de lazer, os álbuns de família passaram a expressar retratos do cotidiano, espelhando a mudança da sociedade e o significado delas para a sociedade em sua singularidade. As imagens selecionadas passam assim a traduzir a importância dos momentos importantes de nossas vidas como as crianças, o nascimento, a união, os passeios, as alegrias, a representação simbólica da escola, praças e da vida religiosa da sociedade.

Nestes casos, assim como as fotografias antigas, os registros, em sua maioria, tem por finalidade não apenas eternizar o momento, mas também traduzir os papéis sociais desempenhados por cada um, e, principalmente, o status social e o sentimento do grupo familiar. Sua reunião em álbuns nos permite “ler” a visão de mundo, de bem estar e progresso do grupo e da sociedade, mas também nos deixa patente as ausências, de pessoas e circunstâncias, e muitas vezes até as rivalidades e antagonismos.

Mas afinal, por que guardamos a fotografia incondicionalmente? Ou mais, quais as imagens reconhecemos como válidas para serem encaminhadas aos arquivos públicos como documento único de uma época e de uma sociedade? O desafio fica por parte das instituições que trabalham com a memória através de uma seleção econômica, técnica, natural, jurídica ou política. Todavia, a avaliação de acervos fotográficos recebe a influência da afetividade que a imagem proporciona principalmente no que diz respeito aos arquivos familiares.

Este post é muito mais uma provocação do que uma apresentação de uma opinião a respeito do assunto. Fica então a pergunta: por que as pessoas guardam fotos?

Fontes: 
Susan Sontang, Sobre Fotografia, Companhia das Letras.
Exposição “Álbuns de Família – A vida privada no acervo CPDOC”
Exposição “História e Memória de Cariacica em Álbuns de Família”


*************************
"- Por que as pessoas guardam fotos?
- Por quê? Só Deus sabe! Afinal, por que as pessoas guardam coisas, tralha. Lixo, montes de quinquilharias? Guardam, e é só o que interessa!
- Até certo ponto concordo com você. Algumas pessoas guardam coisas. Outras jogam tudo fora quando estão fartas dessas coisas. Sim, é uma questão de temperamento. Mas agora me refiro especialmente a fotos. Por que as pessoas guardam, especialmente, fotos?
- Como eu disse, porque não jogam as coisas foras. Ou porque elas fazem lembrar...
Poirot tomou para si as palavras dele.
- Exatamente. Elas lhes fazem lembrar. Agora, de novo, pergunto: por quê? Por que uma mulher guarda uma foto de si mesma quando jovem? Digo que a primeira razão é, essencialmente, a vaidade. Foi uma bela moça e guarda a própria foto para recordar-se de como foi uma bela moça. Isso a anima quando o espelho lhe diz coisas pouco palatáveis. Talvez ela digaa a uma amiga: “Esta era eu aos dezoito anos...”. E dê um suspiro... Concorda?
- Sim, sim, creio que é bem verdadeiro.
- Portanto este é o motivo número um. Vaidade. Agora, o motivo número dois. Sentimento.
- Não é a mesma coisa?
- Não, não, é bem diferente. Pois leva a pessoa a conservar não só a própria foto mas a de um outro... Uma foto da filha casada, quando era criança, sentada num tapete em frente lareira, envolta em tule... Muito constrangedor, às vezes, para a pessoa fotografada, mas as mães adoram. E os filhos e as filhaas muita vezes guardam as fotos da mãe, e em especial, digamos, se a mãe morreu jovem. “Esta era minha mãe, quando moça.”
- Começo a perceber aonde você quer chegar, Poirot.
- E, provavelmente, existe uma terceira categoria. Não a vaidade, não o sentimento, não o amor: talvez o ódio. O que ACHA?
- O ódio?
- Sim. Manter vivo um desejo de vingança. Alguém feriu você. Você pode guardar uma foto para recordar, não pode?"
Trecho de A senhora McGinty está morta, 1951, de Agatha Christie. 
Apud  Susan Sontang, Sobre Fotografia, Companhia das Letras.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

VI Reunião Aberta do GPAF


Ocorrerá, nesta 6ªf, dia 6/dez, a partir das 8h:30min da manhã, a sexta reunião aberta do GPAF, como atividade do IX Workshop Internacional de Ciência da Informação, na Faculdade de Ciência da Informação, da Universidade de Brasília. A reunião é aberta a todos os interessados, sem necessidade de inscrição e será uma ótima oportunidade para melhor conhecer o trabalho de grupo e poder interagir com nossos pesquisadores e alunos. 

A programação resumida é a seguinte:
  • 8h30: Abertura da 6ª Reunião (Coord. Darcilene Sena Rezende)
    • Balanço e Perspectivas Atuais do GPAF (LOPEZ, A.)

  • 8h50: Apresentação de pesquisas concluídas do GPAF (Coord: Laila Figueiredo Di Pietro)
    • DIGIFOTOWEB: repositório digital de materiais fotográficos de arquivo; (LOPEZ, A & ANTUNES, O.)
    • O uso da folksonomia na organização e recuperação da informação fotográfica: o caso do acervo CONTAG; (ARAÚJO, A)

  • 9h10: Apresentação de pesquisas em andamento no GPAF (Coord: Alessandra dos Santos Araújo)
    • Identificação e análise de documentos imagéticos na Universidade de Brasília e instituições relacionadas; (ALVES, T.) 
    • Diagnóstico do acervo fotográfico do Arquivo Público do Distrito Federal; (MENEZES, M.)
    • UnB: a crise de 1977 e o registro fotográfico feito pela Assessoria de Segurança e Informações; (SOUZA, T.)
    • Acervo fotográfico do Museu de Astronomia e Ciências Afins: uma proposta de mapeamento documental; (REZENDE, V.)
    • Estruturação de acervos imagéticos e acesso à informação: estudo comparativo de instituições de memória no Chile e Argentina; (DI PIETRO, L.)
    • Organização da informação de acervos fotográficos de arquivos pessoais: um estudo de caso do projeto Cine Memória,  s salas de cinema do Espírito Santo ;(MALVERDES, A.)
    • Proposição de uma metodologia de identificação de conjuntos fotográficos dispersos em grandes instituições; (COSTA, R.) 
    • A autenticidade da informação no processo de produção de prova testemunhal no Inquérito Parlamentar; (CARVALHO, T.)
    • Dimensões informacionais de documentos imagéticos do transporte ferroviário em Formiga (MG): de 1908 a 1957 (NASCIMENTO, N.)

  • 10h30 — Intervalo Interativo:
  • 10h50 — Palestras
    • GPAF e intercâmbio nacional — Telma Campanha de Carvalho Madio (UNESP - Marília)
    • Adequação da descrição arquivística de documentos fotográficos a standarts internacionais — Darcilene Sena Rezende (UnB)

  • 11h50 —  Debate

  • 12h20 —  Encerramento
O folder com a programação completa e com os resumos dos trabalhos pode ser baixado aqui.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Fotografia em museus e direito público

Copiado de S.I.Lex: au croisement du droit et des sciences de l'information
O site S.I.Lex publicou recentemente interessante artigo intitulado "Fotografia nos museus: a regra do Ministério ignora o domínio público" assinado por Aka Lionel Maurel, identificado como jurista e bibliotecário (ver texto aqui)

O autor trata de um assunto que tem causado tanto na França como em outros países muitos debates e tensão, qual seja: a fotografia feita por visitantes no interior dos museus. Segundo ele, a nova tecnologia dos telefones celulares, que possibilita cada vez mais que os visitantes de museus façam imagens das obras expostas potencializou a discussão nos últimos anos. 

Alguns museus na França têm se adaptado a este novo cenário tecnológico, mas nem todos. O Museu D'Orsay, por exemplo, impõe uma proibição geral a seus visitantes de fotografar no seu interior. Esta proibição causou reações na sociedade francesa, como por exemplo a operação Orsay Commons, que em dezembro de 2010 incentivou os visitantes a fazerem um movimento pacífico contra ela. Encorajou os visitantes a fazerem fotografias dentro do museu no primeiro domingo do mês, dia em que a entrada é gratuita. 

Para tentar avançar nesta discussão e dela não se omitir, o Ministério da Cultura da França reuniu no ano de 2012 um grupo de trabalho para discutir o assunto. Este grupo produziu "Charte des bonnes pratiques photographiques dans les musées et autres monuments nationaux".(Carta de boas práticas fotográficas nos museus e outros monumentos nacionais). 

Maurel vê alguns pontos positivos na Carta, visto que algumas de suas "regras" adotam uma abordagem pedagógica. Neste documento estão elencadas "regras" para os visitantes e para as instituições de patrimônio. Recomenda que as instituições devem tornar claras para seus visitantes as regras por elas adotadas para o ato de fotografar em seu interior; instruir o pessoal que trabalha em Museus que proíbem a fotografia sobre o porquê da interdição. 

No entanto, o autor afirma que a Carta não toca em um ponto jurídico fundamental para esta discussão, que é a noção de domínio público. Pelo contrário, reforça disposições que endossam práticas copyfraud (efetuar uma falsa declaração de direitos do autor que resulta na proteção fraudulenta de um conteúdo de livre acesso).

Tenho que confessar que como visitante de museus o batalhão de fotógrafos que enfrentamos num passeio por suas salas me incomodam bastante. Não acredito que estas imagens feitas em meio a tanta confusão possam ter qualidade. Creio que único valor delas para o visitante é o de provar que esteve ali. Outra crítica que faço a estes fotógrafos deriva da minha impossibilidade de compreender como podem desfrutar do ambiente do museu e das belezas nele expostas se em muitos casos são vistas quase que exclusivamente pela objetiva do aparelho fotográfico. Prefiro comprar na loja do museu postais com as imagens que mais me agradaram. Contudo, democraticamente, respeito o comportamento destes fotógrafos e o direito de registrar suas imagens.

Mas voltando aos argumentos de Maurel, concordo quando cobra do Ministério da Cultura da França uma postura mais clara no que se refere a noção de domínio público no bojo da discussão sobre o ato de fotografar obras de arte em museus cujas obras, em última instância, são públicas. 

Por Tereza de Sousa (historiadora da Comissão 
Nacional da Verdade e membro do GPAF)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Exposição interativa do Imaginando

Arte: Laila Figueiredo Di Pietro

A equipe da disciplina Imaginando (ver post aqui), resolveu contribuir com a semana universitária com uma exposição interativa. A primeira exibição ocorrerá na UnB, ICC Norte, nesta sexta feira, 8/11, a partir das 15hs. A atividade é aberta ao público em geral. Divulgue e prestigie!

Leia mais sobre o projeto nos links disponíveis nessa página

Caso você deseje replicar a exposição em outro local e horário aqui em Brasília, favor usar o campo comentário, abaixo, para indicar o interesse. Se você desejar aplicar (o verbo está correto, pois é uma exposição interativa) a exposição em outra cidade; isso também é possível, mediante a impressão dos textos de referência, compreensão da metodologia  e confecção dos banneres em sua localidade.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

De quem é a Autoria?

Alessandra Araújo
Mestre em Ciencia da Informação e pesquisadora do GPAF

Um fato curioso está causando polêmica na internet. Um autorretrato realizado de surpresa por uma macaca vem gerando discussões sobre o direito autoral da fotografia. O Fotógrafo da Agência Carter News David Slater, enquanto fotografava macacos no Parque Nacional da Indonésia, uma das fêmeas do grupo de macacos pretos aproximou-se da câmera e impressionada com seu reflexo, acabou arrancando a máquina e fez um autorretrato. Seria a macaca abaixo a autora da foto, ou do premiado fotógrafo David Slater, ou ainda da Agência Carter News, onde o fotógrafo trabalha? De acordo com as Leis Internacionais, o dono dos Direitos Autorais é sempre o próprio autor, seria no caso a macaca? Se tal questões for levada aos tribunais quem venceria a causa? Uma pequena provocação...
Reproduzido de G1 

domingo, 22 de setembro de 2013

Dupla participação de Bia Kushnir na UnB

Beatriz Kushnir, (ver Lattes aqui) pesquisadora do GPAF e Diretora Diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro estará em Brasília na próxima 4ªf para duas atividades:

1. Participação da banca de relatório intermediário de mestrado da pesquisa "Estruturação de acervos imagéticos e acesso à informação: estudo comparativo de instituições de memória no Chile e na Argentina" de Laila Di Pietro.
Resumo: A preservação da memória, além de um direito humano, é uma obrigação da própria sociedade, que deve se estruturar para organizar e conservar os acervos documentais que garantem esse processo. O documento fotográfico é representativo e possui valor testemunhal. A massa de fotografias sobre as épocas de repressão nos diversos países da América do Sul se constitui como importante elemento de prova de violações dos direitos humanos e condutas de regimes militares, contribuindo para novas narrativas da história nacional. A organização, o tratamento e a preservação destes acervos visam o acesso à memória social, evidenciando os laços identitários. A pesquisa tem como objetivo a análise das estruturas de organização aplicadas a documentos que possuem grande valor histórico e contribuem para o exercício da cidadania e para a construção da memória coletiva e individual. Para a pesquisa, serão adotados os acervos fotográficos de quatro instituições de memória que apresentam diferentes características de acervo, armazenamento e apresentação: Museo de la Memoria y Derechos Humanos (Chile); Fundación Vicaria de La Solidariedad (Chile); Londres 38 (Chile) e Memoria Abierta (Argentina). A organização utilizada pelos centros de informação será analisada a partir de entrevistas coordenadas, visitas ao museu e através das informações disponibilizadas na web, identificando os princípios e técnicas empregados para garantir a manutenção da autenticidade da informação original, além de sua preservação, recuperação, difusão e acesso. 
Palavras-chave: Acervo imagético. Acesso à informação. Arquivologia. Biblioteconomia. Fotografia. Memória.
Dia 25/09/2013 - 15:00hs no Auditório da FCI

2. Palestra para o curso de Arquivologia da UnB:
Experiências profissionais na direção do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
Dia 25/09/2013 - 19:00hs no Auditório da FCI

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Nova turma IMAGINANDO

"Imaginação" - cc André Malverdes 2013
A foto acima é um auto-retrato produzido após o final de uma turma concentrada de Imaginando, realizada em julho/2013, na UFES, com alunos de doutorado (ver post aqui e página aqui). Ela bem retrata o esforço criativo, as imagens produzidas e, principalmente, a necessidade de flexibilidade e concentração mental para debater, repensar e solidificar conceitos através da produção de imagens.

A metodologia foi desenvolvida inicialmente por um grupo de professores da Universidad Complutense de Madrid (baixe aqui livro referente ao projeto) e replicada no âmbito do GPAF pela primeira vez em 2012, com a colaboração da Prof. Antonia Salvador Benitez (ver posts aqui e aqui; ver página aqui), culminando com a apresentação de um poster sobre essa experiência no WICI (baixar pdf aqui). 

A turma atual já teve uma aula introdutória na semana passada e iniciará, efetivamente, os trabalhos na 6ªf, dia 06/setembro, devendo realizar as seguintes atividades;

O programa da disciplina (baixe aqui) contém uma bibliografia sumária sobre a questão dos acervos fotográficos e algum material de referência e discussão conceitual sobre os tópicos principais que serão abordados. 

O publico externo à disciplina está convidado a acompanhar o desenrolar da disciplina por este blog, lendo, opinando e produzindo imagens-conceito e, no caso de interessados residentes em Brasília, comparecer às aulas (favor entrar em contato prévio com apalopez@gmail.com).

Alea jacta est!

terça-feira, 30 de julho de 2013

¿Que ciudad soy yo?

Há alguns símbolos que emblematicamente identificam cidades muito específicas no mundo, como por exemplo a Torre Eifel, a Estátua da Liberdade,  o Cristo Redentor, a Torre de Pisa, o Coliseo etc. Outros símbolos buscam, por vezes serem associados a uma cidade ou mesmo um país. 

Os símbolos reproduzidos acima são de autoria de um dos mais importantes aristas uruguaios de todos os tempos cujos motivos geométricos e a configuração fracionada e proporcional dos espaços pictóricos são encontrados em diferentes referencias artísticas, estéticas e publicitárias em vários locais de Montevideo e, consequentemente, traduzidos como símbolos identificadores e/ou definidores de uma cultura uruguaia, intelectual, no nível de uma identidade nacional. 

Em outros locais como, por exemplo, o estado do Espírito Santo (Brasil), uma comida específica feita de um determinado modo é considerado como um patrimônio cultural imaterial, característico do capixaba. A moqueca capixaba, além de unicamente levar azeite como gordura, agrega coentro, tomate, cebola, colorau e o peixe e/ou fruto do mar da variedade a ser servida. Outra característica marcante dessa iguaria é o fato de ter que ser feita, necessariamente em panelas de barro de Goiabeiras, cujo modo de confecção, materiais  utilizados e a transmissão de tal saber fazem parte do primeiro patrimônio imaterial tombado no Brasil.

O desafio da charada atual consiste em identificar em que cidade foram tiradas as duas fotos abaixo:



As melhores respostas concorrerão a um mini dulce de leche, muy típico del país de la ciudad fotografiada arriba.

Serão consideradas válidas as respostas postadas nos comments até 24 hs após a publicação do próximo post.

Caso você ainda não tenha resolvido o problema, é possível que as duas fotos abaixo tragam pistas e informações suficientes e definitivas:

terça-feira, 23 de julho de 2013