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domingo, 9 de março de 2014

La fotografía como fuente y metodología de investigación


El próximo viernes 14 de marzo, el Archivo General de la Nación -AGN realizará la conferencia “La fotografía como fuente y metodología de investigación”, desarrollada en el marco de la visita del doctor André Porto Ancona López de Brasil, experto en Historia y documentos fotográficos de archivo.

El objetivo de la conferencia “La fotografía como fuente y metodología de investigación”, organizada por el Grupo de Archivos Étnicos y Derechos Humanos de la Subdirección del Sistema Nacional de Archivos del AGN, es sensibilizar y concientizar a las entidades del Estado y al público en general, sobre la importancia de los archivos fotográficos como herramientas para la investigación académica, como elementos que dan cuenta de la gestión y como materiales que hacen parte del patrimonio documental de una Nación.

El Doctor Ancona López es profesor del programa de Grado en Archivología y en el Posgrado de Ciencia de la Información de la Universidad de Brasilia, es investigador del Consejo Nacional de Desarrollo Científico y Tecnológico, Miembro del grupo de trabajo Photographic and Audiovisual Archives del Consejo Internacional de Archivos, y coordinador del grupo de investigación sobre documentos fotográficos y coordina, con otros expertos, el Simposio Internacional Acceso a la Información, del movimiento Internacional del Conocimiento (Chile) y la Red de las Jornadas Internacionales de Acceso a la Información (Argentina, Brasil, Colombia, Ecuador y Perú).

En el marco de esta visita, también se realizarán las conferencias cerradas: “La fotografía como documento de archivo. Características de los soportes análogos. Procesos Archivísticos (Descripción, catalogación, consulta). Adquisición de colecciones y derechos de autor” y “La Fotografía digital. Gestión de archivos digitales. Usos y divulgación de archivos fotográficos”.

La conferencia “La fotografía como fuente y metodología de investigación”, se encuentra enmarcada dentro de las acciones que adelanta el AGN para la protección de los archivos sonoros, audiovisuales, fotográficos y otros especiales.

AGN “La memoria viva de los colombianos”.

ENTRADA LIBRE (180 CUPOS)

Inscripciones acá


Copiado de la página del Ministerio de Cultura acá

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Documentos fotográficos do AGMV - II


O acervo fotográfico do Arquivo Geral do Município de Vitória – parte 2
Figura 1: Antigo Prédio da Prefeitura Municipal de Vitória
Sem data, sem identificação de autoria
Fonte: Arquivo Geral do Município de Vitória - 001797
A fotografia acima mostra o Prédio, na Rua Sete de Setembro, no Centro de Vitória, onde inicialmente funcionou a Prefeitura Municipal e conseqüentemente o Arquivo Geral do Município de Vitória, também conhecido informalmente por "Arquivo Público".  Ainda hoje esse Arquivo não possui uma sede própria, que permita abrigar seu rico acervo, constituído por textos, mapas, plantas, projetos, jornais, leis, decretos, resoluções, filmes, negativos de vidro e fotografias, produzidos e/ou recebidos pela administração pública a partir do século XIX.

Seu acervo fotográfico contém, atualmente, mais de 8000 fotografias, entre os quais há negativos em vidro. Abrange fotografias referentes aos anos de 1902 a 1993. As fotos após esse período se encontram na Secretaria de Cultura e ainda não foram encaminhadas para o Arquivo. Os primeiros registros apontam para a primeira metade do século XX (1902 a 1950), sendo do período de 1920 a 1950 cerca de um terço dessas fotografias. Esse acervo é “composto por aproximadamente 6.300 originais positivos de 18 x 24 cm, 1.700 originais 6 x 6 cm e 800 negativos de vidro,” além de aproximadamente 400 reproduções. (PERINI, 2005, p. 17). 

Infelizmente a organização desse acervo fotográfico pelo seu modo de constituição (doação sem registros de quem os doou em sua maioria, de como e/ou porque foram produzidas), não preconiza o que diz a teoria arquivística, pois, de acordo com Lopez (1999, p. 59) em relação ao arranjo arquivístico este “deve sempre procurar retratar as atividades reais das instituições e, na medida do possível, ser delas um espelho fiel para que haja uma contextualização da produção documental, conforme os moldes definidos pela teoria arquivística”.

Para a identificação das fotos pelo Arquivo Geral do Município de Vitória, o poder público municipal desenvolveu uma estratégia baseada na história oral. Para tal, foi criado o projeto Campanha de Identificação do Acervo Fotográfico, realizado no período de 1995-1997, com os moradores mais antigos da capital, que por meio de relatos orais ajudaram na identificação de parte do acervo. Esse processo de identificação corresponde ao método filológico, inicialmente utilizado pelas pesquisas em História da Arte para atribuição de elementos de identificação das obras, visando sua organização e tabulação inicial. Assim, fotos foram identificadas por voluntários, sendo que a cada três “identificações” iguais por foto, a descrição era aceita pelo grupo que desenvolvia o trabalho. Não se pode dizer que esse método não determine erros de classificação, porém, foi um modo de organizar inicialmente o material que vem sendo estudado e redefinido quando necessário.

Dentro dessa política do Arquivo Geral do Município de Vitória,  de taxonomia das imagens, ainda hoje, o arquivo conta com pessoas como o Sr. José Tatagiba que auxiliam na identificação das fotografias. Essa solução encontrada pela instituição é um paliativo, pois de acordo com Lopez (1999, p. 63):
[...] contextualizar os documentos arquivísticos significa que cada um deverá ser agrupado somente com aqueles que foram originados pela mesma atividade, podendo constituir séries documentais tipológicas se cada espécie documental específica for inserida nas respectivas funções geradoras.

Mas, entende-se que na fase atual do acervo fotográfico, essa atitude é um esforço coletivo para que a informação não se perca, embora não tenha fundamentos técnicos e científicos que assegurem a confiabilidade da informação. Uma taxonomia e classificação sistêmica desse acervo ainda exigirão muitos esforços. 

São organizadas por ordem numérica de chegada ao arquivo, e há um índice e sete ‘catálogos’, nos quais constam além do número das fotografias, as informações acerca da fotografia, tais como data, autoria, identificação do local e/ou personalidade(s). Porém, nem todas as fotografias possuem número de arquivo, algumas informações são incorretas e os registros feitos nos catálogos encontram-se a lápis. 

De modo geral, esse acervo é composto por vários conjuntos de fotografias: há imagens referentes a diversos períodos administrativos, fotos relativas a obras públicas e serviços urbanos, registros feitos de vários ângulos das paisagens da capital; fotografias de vários monumentos e casarios, de diversas personalidades, de eventos diversos, tais como solenidades, carnaval, desfiles cívicos e manifestações populares além de algumas fotos de outros Municípios, como por exemplo, Vila Velha e Cariacica, além dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo.


Referências: 
Antigo Prédio da Prefeitura Municipal de Vitória venida Beira Mar antes do aterroVitória, ES, s.d. 1 fotografia, p&b, 18 x 24 cm; AGMV, 0012797
LOPEZ, André Porto Ancona. Tipologia documental de partidos e associações políticas brasileiras. São Paulo: História Social USP/Loyola, 1999. Disponível em:  aqui. Acesso em: 25 jul. 2011.
PERINI, Giselli Maria. Acervo Fotográfico do Arquivo Geral do Município de Vitória: “Arquivo Morto” ou Memória Viva? 2005. 56 f. Monografia (Graduação em Arquivologia). UFES, Vitória, 2005.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Documentos fotográficos do AGMV - I

O acervo fotográfico do Arquivo Geral do Município de Vitória – parte 1

O acervo fotográfico do Arquivo Geral do Município de Vitória é uma coleção composta por imagens produzidas pela administração e imagens doadas por moradores da cidade, registradas numericamente por ordem de chegada. Algumas indexadas e identificadas, outras de artistas ou fotógrafos anônimos, sem registro do fato e/ou acontecimento que a originou. Porém, de acordo com Lopez (1999, p. 68, 69), essa forma de organização não é a ideal, pois o arranjo deve
[...] garantir a devida contextualização dos documentos arquivísticos, resgatando as funções e atividades geradoras dos documentos e respeitando o princípio da proveniência. Para tanto, usam-se duas modalidades de arranjo: o estrutural e o funcional. Algumas instituições chegam a propor outros tipos de arranjo, fundados em assuntos, localização geográfica, cronologia, etc. A meu ver essas soluções “alternativas” desviam-se da definição conceitual de arquivo ao descartar as funções originais dos documentos como critério basal da organização arquivística e não garantem uma contextualização documental correta.

Infelizmente, os acervos fotográficos, estando ou não em Instituições Arquivísticas, são vistos como coleções, ou seja, ficam descontextualizados em relação à função que o originou, e muitas vezes, perdem o seu significado. Lopez (1999, p. 39), diz que “ao analisar o desenvolvimento da arquivística, nota-se, já em meados do século XIX, um embrião daquilo que a historiografia chamaria, quase um século depois, de história serial”. Esse autor reporta-se a Natalis de Wailly, que em 1841, “criou" o conceito de respect des fonds, hoje conhecido como princípio da proveniência ou respeito aos fundos, que propunha, na realidade, o trabalho com longas séries documentais”, o que reforça a necessidade do documento arquivístico estar inserido no contexto da produção e da função que o gerou, ou seja, receber um adequado tratamento arquivístico.

A partir do conceito de coleção de Camargo e Bellotto no  Dicionário de terminologia arquivística (1996, p. 17), como “reunião artificial de documentos que, não mantendo relação orgânica entre si, apresentam alguma característica comum”, podemos pensar: o que permeia as fotografias que compõem o acervo do Arquivo Geral do Município de Vitória? 

Fruto da imagem mental que se constrói no processo de gênese da identidade da cidade, a ser percebido por um olhar sensível, Giselli Maria Perini (2005, p. 22) afirma que as inúmeras informações contidas nos conjuntos fotográficos do acervo do AGMV são comprovadas pela historiografia do Espírito Santo. Muitas dessas fotografias foram feitas por fotógrafos contratados pelos administradores públicos, para registrar fatos administrativos, tais como aterros, construções de pontes, praças, pavimentação de ruas, etc., nasceram, pois, de uma necessidade administrativa, havendo inclusive documentos (Figuras 1 e 2), que comprovam a compra de material para o Serviço Fotográfico.

Figura 1: Crédito para compra de material para o serviço Fotográfico.
Fonte: Arquivo Geral do Município de Vitória

Figura 2: Designação de despesa para pagamento de fotógrafo e compra de material fotográfico.
Fonte: Arquivo Geral do Município de Vitória.
E o valor de testemunho dessas fotografias as torna de guarda permanente, pois contam a história da cidade registrada em sais de prata.

Referências:
DICIONÁRIO de terminologia arquivística. São Paulo: AAB-SP; Secretaria de Estado da Cultura, 1996 
LOPEZ, André Porto Ancona. Tipologia documental de partidos e associações políticas brasileiras. São Paulo: História Social USP/Loyola, 1999. Disponível em:  aqui. Acesso em: 25 jul. 2011.
PERINI, Giselli Maria. Acervo Fotográfico do Arquivo Geral do Município de Vitória: “Arquivo Morto” ou Memória Viva? 2005. 56 f. Monografia (Graduação em Arquivologia). UFES, Vitória, 2005.
VITÓRIA (ES). Projeto n° 35 de Decreto-Lei. Abre crédito especial. Vitória, s.d. Fonte: Arquivo Geral do Município de Vitória.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Arquivo Público e Ufes digitalizam fotografias da DOPS/ES


Jória Motta Scolforo, do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo divulga extensa nota sobre a digitalização de fotografias da Delegacia Especial de Segurança Política e Social (Desps/ES) e da sua sucessora Delegacia de Ordem Política e Social do Estado do Espírito Santo (Dops/ES). Projeto concebido em parceria com a Universidade Estadual do Espírito Santo (UFES). Leia mais sobre essa importantíssima ação em: http://www.ape.es.gov.br/noticias%5C46.html

sábado, 13 de outubro de 2012

Saber o que uma imagem representa

No universo dos documentos imagéticos de arquivo é fundamental saber o que uma imagem representa para evitar compreensões equivocadas. Tomemos como exemplo a imagem abaixo:
Detalhe de foto por André Porto Ancona Lopez
Se você tem um mínimo de cultura beatlemaníaca irá dizer que se trata de uma representação célebre capa do álbum "Abbey Road". Se não tiver tal informação poderá dizer que se trata de um grupo de músicos caminhando sobre um teclado. De qualquer modo, mesmo com a acertada referência aos grupo de Liverpool, dificilmente alguém diria se tratar de material publicitário de campanha educativa de trânsito, dada à tendência de se interpretar as imagens de modo isolado de seu contexto. Como vemos adiante, a alternativa mais improvável era a correta:
Foto André Porto Ancona Lopez
Trata-se de uma campanha publicitária feita pela prefeitura de Sabaneta, Colômbia, com os dizeres “O pedestre primeiro”, exposta junto à praça principal daquela cidade, que é o local de maior circulação de veículos e concentra o maior tráfego de turistas. A imagem publicitária tem a característica de se remeter a outras imagens mais  conhecidas. Neste caso, a referência só funciona com pessoas mais velhas, que tenham alguma base de cultura beatlemaníaca. Porém, mesmo sem a compreensão da referência musical, a mensagem (de trânsito) é bem clara indicando a necessidade de respeito ao pedestre. Em termos de significação arquivistica, o docuemnto, antes de ser uma homenagem aos Beatles é um produto da Secretaria de Governo da cidade de Sabaneta. 

É preciso, ainda, saber o que contextualizar: a faixa, ou a imagem da faixa? No caso do documento fotográfico, não se está mais falando de um produto da cidade de Sabaneta, porém de um registro produzido, deliberadamente, com a finalidade de ilustrar didaticamente questões relativas às imagens para este blog.

domingo, 29 de maio de 2011

Documentos fotográficos nos arquivos

Copiado de Stupid n Funny Tshirts Gifts

Os conjuntos documentais acumulados nos arquivos em decorrência de funções e atividades de entes físicos e jurídicos se caracterizam por possuírem uma grande variedade de suportes (papel, filme, fita magnética, disco ótico, fotografia). A separação dos documentos em “arquivos especiais” tem sido uma prática estabelecida quase que espontaneamente no trato dos registros em suporte diferente do papel e muito utilizado em arquivos fotográficos. São considerados especiais por necessitarem de condições diferenciadas de acondicionamento e conservação. Parece que tal procedimento, que visava inicialmente preservar os suportes das informações, levou ao uso de metodologias emprestadas de áreas como a biblioteconomia e a análise documentária para a classificação, organização e recuperação dos conteúdos registrados sem se levar em consideração o motivo para os quais aqueles documentos foram produzidos pela instituição ou pessoa. Significa dizer que se guarda como arquivo aquilo que é  tratado como biblioteca (coleção) o acervo fotográfico acumulado, que também pode ter sido incorporado por doação, compra ou permuta.

O desenvolvimento da Arquivologia enquanto disciplina dispõe do princípio da proveniência ou de respeito aos fundos como norteador das ações sobre os arquivos, porém esta diretriz é ignorada a partir do momento que são utilizadas metodologias criadas para outros documentos, no caso, as descrições dos conteúdos das fotografias, perdendo-se assim o vínculo orgânico com o produtor do arquivo.

Entendo essas iniciativas como reflexo da falta de valorização dos documentos em suporte papel e uma hiper-valorização dos documentos fotográficos, compreendidos como fiéis reprodutores da realidade. Soma-se a isso a falta de políticas de gestão dos registros administrativos aliados a não observância de suas especificidades. 

Por Tania Maria de Moura Pereira - Arquivista
Diretora do Centro de Documentação (CEDOC)
Universidade de Brasília (UnB)

domingo, 20 de março de 2011

Posturas de pesquisa relacionadas à organização arquivística de acervos fotográficos


A jovem pesquisadora Luana de Almeida Nascimento compartilha algumas de suas conclusões relativas à sua Iniciação Científica, não apenas para ajudar no debate relativo aos documentos imagéticos de arquivo, mas também, espero, para estimular os pesquisadores mais jovens ainda ao desenvolvimento de trabalhos de pesquisa. O projeto foi desenvolvido sob orientação da Profa. Dra. Telma Campanha de Carvalho (vice líder do GPAF), junto ao curso de Arquivologia da UNESP/Marília e financiado pela FAPESP. 


Organização arquivística dos documentos fotográficos da Série “Registros Fotográficos do Projeto ‘Obras da Serra’” – Fundo Eletropaulo – Eletricidade de São Paulo S/A: considerações iniciais 
 Luana de Almeida Nascimento 
Longe de serem conclusivas, as considerações resultantes do exaustivo processo de pesquisa objetivam a verbalização de algumas reflexões e, na medida do possível, abrir novos campos de discussão no que tange a organização arquivística de acervos fotográficos. Desta maneira, as análises apontam para duas direções: uma retrospectiva e outra prospectiva.
Sob o ponto de vista retrospectivo cabe considerar a situação precária da maioria das instituições arquivísticas do Brasil. Raros são os profissionais com formação na área, fato aparentemente inofensivo à primeira vista, mas que se reflete na ausência de um olhar crítico sobre as tarefas arquivísticas, no distanciamento entre a práxis e a teoria, na falta de normalização, no rigor metodológico dentre tantos outros aspectos sintomáticos dos arquivos. Desta maneira, parece-nos incontornável tecermos considerações acerca de determinados procedimentos metodológicos típicos dos arquivos e não considerar a formação do profissional responsável por tais procedimentos. A constante interlocução entre teoria e prática no campo arquivístico apresenta-se como um dos principais aspectos para a sedimentação e desenvolvimento da Arquivologia como campo científico.

A análise prospectiva, por sua vez, aponta para alguns estudos realizados recentemente relacionados à urgente necessidade de reconhecimento e estabelecimento de uma postura gerencial por parte do arquivista. Conforme ressaltado em todo o projeto de pesquisa realizado, mais do que um mero custodiador de acervos documentais, cabe ao arquivista o gerenciamento dos acervos documentais de tal forma que todas as atividades realizadas possibilitem o acesso (atual e futuro) ao documento (do suporte documental e conteúdo informacional no caso dos acervos fotográficos) devidamente contextualizado para os mais diversos usos. Tal análise considera que, muito além da guarda de documentos, os procedimentos metodológicos preconizados pela teoria arquivística tem como foco principal possibilitar o acesso (atual e futuro) dos documentos (contemplando seu aspecto material e informacional) devidamente contextualizados, fato que os qualificam enquanto arquivísticos. Aponta também para a importância de análise dos estudos recentes que apresentam uma abordagem informacional nos arquivos e da gestão da informação arquivística como aspecto de suma importância para a preservação e acesso do documento arquivístico e suas relações orgânicas com o produtor e os demais documentos.

O enfoque na questão informacional mostra-se adequada para tais considerações na medida em que consideramos os suportes documentais não-convencionais e o tipo de tratamento que estes recebem nos arquivos. Sob tal perspectiva, a fragilidade dos suportes levantou questões como a reformatação dos mesmos como possibilidade de fornecer o acesso à informação neles contidas. Tais questões ainda são recentes no campo arquivístico. Convém, portanto, considerá-las criticamente não como uma possível solução para a questão da organização arquivística dos acervos fotográficos, mais do que isto, tal abordagem pode representar importantes contribuições para uma mudança na postura profissional do arquivista, sedimentação do campo arquivístico e meio de inclusão dos documentos em suportes não-convencionais nas pautas de discussão da área.

O relatório integral, para quem tiver interesse, pode ser baixado aqui

terça-feira, 8 de março de 2011

Quando a foto é documento


Na última reunião aberto do GPAF (veja aqui) Pedro Davi, apresentou exemplos bem interessantes relativos a problemas oriundos da má identificação do contexto e finalidade de produção de fotografias. Nos exemplos por ele abordados algumas fotos referentes a solenidades estariam, equivocadamente, de acordo com a tabela do Conarq, sendo eliminadas após 1 ano. Ele conseguiu mostrar que algumas das fotos referiam-se à criação de setores administrativos (no caso a inauguração da Biblioteca do TCDF), que, pela mesma tabela, devem ter guarda permanente.

O exemplo, provocou, surpreendente polêmica, em torno da capacidade probatória do documento fotográfico. Alguns dos debatedores do público indicavam não serem capazes de ver em fotos administrativas nada além de uma atividade ilustrativa, não justificando a guarda das mesmas, salvo por motivos históricos. Nessa linha de argumentação estaria o mencionado registro da inauguração de biblioteca. Do outro lado do debate, muitos exemplos foram mencionados, porém de modo hipotético. A imagem acima, produzida por motivos totalmente administrativos, já ganhou outra dimensão após o sindicalista ter se tornado uma das figuras públicas da política brasileira mais importantes do começo do Séc XXI, tendo suas qualidades históricas superado o uso administrativo.

Em uma tentativa de análise mais acurada da imagem abaixo, algumas informações ausentes se farão necessárias para que seja possível compreender a dimensão administrativa e probatória do documento fotográfico original. Sem a identificação de dados de contexto a classificação do documento será problemática e, certamente equivocada. O inúmeros softwares e aplicativos disponíveis na era da informação não são capazes de dar conta desse desafio apenas pela análise do conteúdo informativo primário da imagem.


A classificação por conteúdo identificaria uma área não urbana, provavelmente pertencente ao bioma Cerrado, com indícios de interferência humana, responsável pela área desmatada para, aparente, via de circulação. Supondo que ainda fosse possível, por meio de busca em programas de geoprocessamento, identificar o local, o verdadeiro motivo da produção do documento original (que é informação fundamental para a classificação arquivística) continuaria indeterminada. Muito arquivos brasileiros, infelizmente e erroneamente, promovem a separação dos documentos fotográficos do restante do acervo, sem a realização de referências cruzadas, guiados por duas ilusões. A primeira de que, dada a fragilidade do suporte, é necessário separar, o quanto antes, os documentos em suportes emulsionados dos não emulsionados. A outra é que, posteriormente, com um amplo sistema automatizado de indexação, os vínculos serão restabelecidos.

O documento fotográfico, cuja imagem aérea está reproduzida acima, é um documento administrativo fundamental em um processo que poderá levar a condenação de uma figura pública por crime ambiental. Como tais informações não podem ser encontradas no conteúdo da imagem elas jamais poderão fazer parte de um futuro sistema informatizado se os documentos imagéticos forem separados dos documentos textuais que, além de informar as finalidades da imagem, trazem os dados contextuais necessários para a classificação arquivística. O mais curioso nesse exemplo não é o que a imagem mostra, porém o que ela não mostra: supostas pilhas de madeira ilegal que, de acordo com o investigado, já estavam na propriedade à ocasião de sua aquisição:


Somente o contexto de produção e a organicidade arquivística são capazes de dotar o documento das informações necessárias para que ele não se converta em mais uma ilustração sobre a riqueza natural brasileira, para que ele seja  prova em uma transação administrativa relacionada ao combate à devastação de tal riqueza.

Acesse aqui reportagem sobre o episódio.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Arquivo fotográfico de empresa fotográfica


A dissertação de mestrado de Eliana Kátia Pupim abordou o acervo de uma empresa produtora de álbuns fotográficos de formatura. O setor "Arquivo Albuns Fotográficos" apresenta interessantes características conceituais pois parte dos documentos que ali estão são ao mesmo tempo registros de atividades executadas (portanto arquivo) e ao mesmo tempo produtos a serem vendidos (portanto estoque). O trabalho, orientado pela Profa. Telma Campanha de Carvalho, trabalhou com um diagnóstico do setor, valendo-se de um tipo documental chave para compreender a gestão documental da orgabização o Cadastro de Identificação Para Posterior Entrega de Serviço, ou CIPPES. Esse documento é descrito (do ponto de vista da diplomática) e tem seu trâmite exemplarmente (do ponto de vista da tipologia documental) detalhado em um fluxograma:

Fluxograma de CIPPES
Clique na imagem para ampliá-la
.
A contribuição do diagnóstico para a elaboração de um programa de gestão documental em empresa fotográfica[1]
Eliana Kátia Pupim[2]
Telma Campanha de Carvalho Madio[3]
A instituição privada com fins lucrativos necessariamente trabalha com foco na melhoria constante dos resultados de suas operações, dessa forma garantindo a entrada de ativos. O arquivo é freqüentemente consultado no intuito de se obter respostas a questões de ordem jurídica, administrativa, política e diplomática. O presente trabalho objetivou delinear a estrutura organizacional de uma renomada empresa brasileira do segmento de fotografia, no intuito de conhecer as atribuições, as atividades e as rotinas específicas de seu setor denominado Arquivo de Álbuns Fotográficos, contextualizando-o e proporcionando elementos para a efetiva organização dos serviços prestados pelo setor. O estudo optou pelo método descritivo-exploratório através da observação das rotinas diárias e entrevistas com aplicação de questionário semi-estruturado a funcionários do setor e aos chefes de departamentos da empresa. Os resultados da coleta de dados foram sintetizados através de um organograma estrutural da empresa, do fluxograma que descreve a criação do documento que contém todas as informações relativas ao produto final da empresa, bem como a construção de um organograma funcional que permite compreender as atividades desenvolvidas pelo setor Arquivo de Álbuns Fotográficos. 

[1] Dissertação defendida em agosto de 2010 no Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista/ UNESP- Campus de Marília. 
[2] Trabalha no Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, katia_pupim@hotmail. 
[3] Docente da pós e graduação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Departamento de Ciência da Informação - Campus de Marília, telmaccarvalho@marilia.unesp.br

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sobre a reunião ocorrida do GPAF


A primeira reunião aberta do GPAF de 2011 (ver post aqui), contou com mais de 30 participantes e com muitos interessados em participarem dos próximos encontros. Entre uma falta de luz e outra, sem internet, a reunião suscitou interessantes debates, sobre, entre outros assuntos, a clássica questão texto-contexto e a problemática percepção induzida pelo Conarq quanto aos documentos fotográficos em arquivo. Dentre as possibilidades de cooperação abordadas, a disposição do CEDOC em servir de laboratório para algumas atividades do  projeto "Survival Kit" do PAAG/ICA (ver página aqui) foi anotada como relevante.

Algumas das falas foram acompanhadas de apresentações, aqui disponibilizadas:

Uma nova logo do GPAF foi apresentada, em função dos comentários feitos em post específico (acesse aqui). Salvo objeções bem fundamentadas ou novas propostas (todas elas concorrendo ao livro mencionado no post das logos), o desenho abaixo será oficializado no próximo upgrade do design deste blog:

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Reunião Aberta do GPAF - Jan 2011


Ocorrerá nesta 3ªf, dia 01/fev/2010, às 15h00 a 1ª reunião aberta do Grupo de Pesquisa Acervos Fotográficos (GPAF) de 2011, no CEDOC/UnB, com a seguinte programação:
  1. GPAF: propostas e perspectivas;
    Profa. Dra. Darcilene Sena Rezende (FCI/UnB).

  2. O Centro de Documentação (CEDOC) da UnB: perspectivas;
    Tânia Maria de Moura Pereira (Diretora CEDOC/UnB).

  3. Não só de conteúdo vive o documento;
    Pedro Davi Carvalho (Aluno de Arquivolgia/UnB).

  4. Projeto "Survival Kit" do Photographic & Audiovisual Archives Group - Conselho Internacional de Arquivos (PAAG/ICA);
    Prof. Dr. André Porto Ancona Lopez (FCI/UnB).

  5. GPAF-CEDOC: possibilidades de interação;
    Niraldo José do Nascimento (doutorando do PPGCINF/UnB).

  6. Lanche de confraternização e doação de livro "Archivos fotográficos" de Antonia Salvador para o CEDOC.

  7. Definição da nova logomarca do GPAF (ver post aqui)

O evento é gratuito e aberto a tod@s @s interessad@s:

APAREÇA & COMPAREÇA!


Maiores informações: (061) 3107-5863 / 3107-5862 ou apalopez@gmail.com


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Sobre as reuniões do GPAF
O GPAF tem procurado realizar esse tipo de reunião a cada 3 semanas, para que, com eventuais problemas de agenda, o grupo não fique sem se falar por mais de 45 dias. Desde de sua criação, essa é a terceira reunião aberta do grupo. Geralmente um dos membros (aluno ou não), ou um convidado, fica encarregado de apresentar um tópico principal para reflexão. Pode ser a análise de um texto, de um problema, uma discussão do próprio projeto etc. Nesta ocasião o "responsável" será o lider, buscando refletir sobre uma possível parceria com o CEDOC projeto "Survival kit" do PAAG-CIA. O objetivo principal é tentar integrar a proposta do grupo com as atividades do CEDOC, que, por estar em reestruturação, apresenta-se em um momento privilegiado para ampliar as possibilidades de trabalho empírico, embasando novas discussões teóricas. 

Para se manter informado
Registre seu e-mail no campo apropriado (coluna da esquerda) para receber automaticamente notícias de atualizações deste blog. Se você também gostaria de receber notícias sobre as reuniões menores (e mais informais) do grupo, envie uma mensagem para apalopez@gmail.com para ser adicionado à nossa mailing list.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Analise do tratamento arquivístico dado pelo APDF às fotografias sobre a reconstrução da história de Brasília.


A fotografia foi essencial no desenvolvimento do trabalho de reconstrução da história de Brasília realizado pelo Arquivo público do Distrito Federal (APDF), durante a comemoração dos cinqüenta anos da cidade. Um dos resultados foi a divulgação de diversas fotografias da capital federal, de diferentes períodos históricos. Dessa forma, a análise do tratamento dado a essas imagens pelo APDF é de grande importância para as pesquisas sobre acervos fotográficos e seu tratamento. Pretende-se com essa pesquisa analisar a metodologia e os instrumentos usados no tratamento de documentos imagéticos no APDF, através de consulta ao seu acervo de imagens. O foco não será a recuperação de conteúdos e nem as condições técnicas de preservação física, porém alocação dos documentos fotográficos em um esquema lógico capaz de manter seus vínculos orgânicos com o restante do fundo de um mesmo titular. 

Os arquivos imagéticos possuem características bastante específicas e por isso requerem um tratamento diferenciado, não apenas levando em conta a preservação física e sua descrição e sim a questão da contextualização do documento.
 “Tradicionalmente a organização de documentos imagéticos tende a valorizar a informação visual, relegando a um segundo plano o contexto de produção do documento. Tal conduta seria justificada pela dificuldade de recomposição dos motivos da produção documental. Os modelos elaborados geralmente partem das informações veiculadas pela imagem como referencial para a classificação e descrição, sem fazer, na verdade, qualquer tentativa de contextualização documental, em termos arquivísticos.” (LOPEZ e BORGES, 2009, p.161).
Atualmente, é quase impossível pensar em um arquivo que não possua imagens em seu acervo, nos últimos anos a produção documental tem aumentado consideravelmente e com os arquivos imagéticos não é diferente, principalmente com a facilidade trazida pelas fotografias digitais, que possibilitaram um aumento considerável na produção de imagens, dessa forma, o estudo e a necessidade de políticas específicas para tratar esses documentos são cada vez mais necessários.
“Não se tem notícia de que a fotografia digital tenha sido mal recebida. Percebe-se, ainda, certa resistência por parte de alguns profissionais e de alguns amadores, mas nenhuma pouca simpatia baudelaireana digna de nota. E nos acervos em breve teremos uma quantidade astronômica de fotos digitais para preservar” (MANINI, 2008)
As imagens digitais precisam de um tratamento que preserve suas características físicas de conservação, mas que não se esqueçam de mantê-los contextualizados, as imagens precisam assim como os demais documentos manter suas relações orgânicas, principalmente pela polissemia que possui como característica. Devido à necessidade de condições diferenciadas dos demais documentos em outros suportes, pode-se observar que grande parte das instituições arquivísticas isolam as fotografias do resto do acervo sem nenhum cuidado para manter seu contexto, dessa forma elas acabam perdendo seu vínculo arquivístico.
“Embora presentes na maioria dos arquivos públicos e privados institucionais e pessoais, e submetidas a tratamento de identificação, arranjo/classificação e descrição nesses espaços, vimos que as fotografias têm sido, no entanto, pouco problematizadas no que diz respeito às relações entre as suas características de registro visual e os atributos exigidos para a aferição de seu valor documental (LACERDA, 2008, p.76 )”
No Brasil é bem clara a falta de uma política de tratamento que respeite as relações orgânicas dos documentos imagéticos, que são tratados como se fossem alheios à lógica do arquivo, privilegiando a descrição de seu conteúdo, em detrimento de sua organicidade. O conhecimento do contexto de produção de qualquer tipo de documento, principalmente das imagens, é de fundamental importância.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sistemas informatizados de gestão arquivística de documentos imagéticos na administração pública: um caso para pensar



Termos como Digitalização e Gestão Eletrônica de Documentos (GED) popularizaram-se nos últimos anos como soluções para o problema das massas documentais acumuladas na Administração Pública. Sem intenção de discutir aqui os milhões investidos, diversos órgãos da Administração Pública, especialmente os Ministérios, passaram a desenvolver sistemas informatizados próprios, capazes de atender a demanda de controle de documentos e arquivos, outros, buscaram soluções de mercado, adquirindo sistemas desenvolvidos por empresas de softwares privadas.

Os Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos (SIGAD) que estão longe de, por si só, resolver os problemas das massas documentais acumuladas, muitas vezes não contemplam a gestão de documentos imagéticos, resultando em perdas significativas de informações em imagens, que registram a história e consolidam a memória das instituições públicas.

Os documentos imagéticos, muitas vezes, são tratados de forma dissociada dos demais, de modo a desconsiderar seus aspectos orgânicos, ou seja, há o esquecimento de que são parte de um conjunto e de que para serem de fato entendidos devem estar inter-relacionados aos demais e, em alguns casos, recebem o mesmo tratamento dado aos documentos bibliográficos.

E, porque um SIGAD não deveria contemplar os documentos imagéticos?

O gênero documental em questão possui algumas características específicas que tornam o trabalho relativamente novo para o profissional de Arquivo, que muitas vezes confunde a gestão com o tratamento meramente técnico de preservação e conservação.

Entretanto, a criação e implementação de sistemas informatizados capazes atender a demanda de busca, de preservação e de gestão de documentos imagéticos dependem da consolidação de normas e recomendações dos órgãos definidores da Política Nacional de Gestão de Arquivos.

Em 2006, o Conselho Nacional de Arquivos publicou o E-Arq Brasil como modelo de requisitos para implantação de SIGADs. Neste ano, foi publicada a última versão com os metadados. E os documentos imagéticos? Deveriam constar na recomendação do CONARQ? Um caso para pensar...

domingo, 26 de setembro de 2010

Os registros imagéticos como estratégia de comunicação e sustentabilbilidade cultural

Projeto!

Elaborar projetos seria uma situação em que poderemos dizer felizmente ou infelizmente daqueles que se aventuram? Então vejamos! Em todas as áreas hoje é comum se falar em projetos, na academia há projetos de pesquisa e de iniciação científica; nos empreendimentos  empresarias, os projetos de novos negócios, na construção civil, na Arquitetura, na cultura  o teatro, os festivais de música, carnaval, quadrilhas juninas, cinema e nas áreas Ambientais com educação ambiental e preservação do meio ambiente. Nas áreas sociais de desenvolvimento regional nas comunidades, etc. O que podemos perceber, é que em qualquer uma destas áreas, os projetos tem algo em comum, “a necessidade de recursos e investimentos, ou seja, recursos financeiros, humanos, materiais e tecnologias”. Assim, apresento o meu projeto de pesquisa, o qual buscará tratar das necessidades de conhecimentos para estruturação de registros imagéticos que possam dar suporte para sustentabilidade,  na comunicação e elaboração de projetos de captação de recursos para instituições culturais (Escola de samba e Grupo de quadrilha junina). Acesse o Projeto aqui.

 
Contudo, em qualquer projeto temos os ajustes;  definições e as redefinições, ou seja, neste projeto não foi diferente, o que estou disponibilizando é uma versão aprimorada da que foi utilizada no processo de seleção. A trajetória de todo o projeto antes dessa versão, pode ser acessada pelo meu blog.

Assim, podemos deduzir que felizmente para aqueles que se aventuram  elaborar um projeto, pois a elaboração do projeto é  um  caminho de aprimoramento constante, principalmente quando se fala de  ajustes,  nesta fase é onde podemos fazer as adquações para realização da pesquisa ou de qualquer empreendimento.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Fahrenheit 451: uma sociedade com registros sem textos


O clássico livro de Ray Bradbury, de 1951, depois transformado em filme por François Truffaut, em 1966, além de mostrar uma sociedade futurista, na qual os livros são proibidos, vai mais além ao eliminar por completo os registros textuais daquela sociedade. Algumas poucas passagens do filme, sutilmente,  mostram documentos administrativos e revistas com total ausência de elementos textuais. 


Arquivisticamente falando, será que é possível construir todo o registro administrativo das organizações, do Estado e da memória social sem textos? Para além da óbvia resposta negativa é importante refletir como as imagens, poderosas ferramentas da construção identitária, podem, em alguns casos serem a melhor opção possível para comunicar uma informação (como por exemplo nos cartões de segurança das aeronaves) ou mesmo para registrar um fato e produzir provas a partir dele (como por exemplo as multas de trânsito, "flagradas" por radares). 

A reilitura do livro e o retorno ao filme podem ser atividades interessantes para a rediscussão das articulações entre texto e imagem, sob a ótica dos meios de comunicação e, principalmente, no caso dos arquivos, dos registros administrativos, como ilustram alguns fotogramas extraídos do filme de Truffaut. 

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Documentos administrativos imagéticos com atributos estéticos

Copiado de Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
Olhe atentamente para essa imagem. O que será que ela representa? Uma flor? Um miolo de um girassol? Sim. Mas como documento imagético, qual teria sido a função que estaria por detrás de sua produção? Em resposta a quais necessidades administrativas ele teria sido preservado? A identificação de uma sequência numérica especial reproduzida nos padrões dos estames é uma informação relevante porém tampouco nos dá maiores informações sobre a produção de tal informação imagética.
Copiado de Galeria do projeto Biocenas na Faperj

 


Somente o contexto de sua produção administrativa, que no caso dos documentos imagéticos, costumam não estar presentes no próprio documento, é capaz de responder às importantes questões que nos levarão a entender os porquês da existência, preservação e eventual uso da informação. A dissociação da informação imagética em relação às informações administrativas é o que permite que registros fotográficos feitos para atender demandas de uma pesquisa científica tenham sido objeto de uma exposição, que selecionou as imagens em função de atributos estéticos. Nesse caso não se trata da reciclagem da informação imagética de um documento administrativo para uma informação estética, uma vez que as imagens já foram geradas com essa dupla finalidade.
Copiado de matéria sobre o projeto Biocenas na Faperf 
Mais fotos podem ser encontradas na página do projeto aqui.

Leia notícia no boletim da FAPERJ aqui.