Mostrando postagens com marcador Princípios arquivísticos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Princípios arquivísticos. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 20 de março de 2015

Início da disciplina do GPAF

Após o encontro introdutório realizado na semana passada, hoje teve início o curso do GPAF em nível de pós-graduação, junto ao programa de Ciência da Informação da UnB. A disciplina "Seminários em organização da informação: acervos fotográficos" está enfocada na discussão para o embasamento teórico dos projetos de pesquisa de cada aluno participante, contraposta com 3 estudos de caso: a União dos Escoteiros do Brasil, o projeto DigifotoWeb e o acervo fotográfico da Polícia Técnico-Científica de Goiás.

O programa completo está disponível em: http://gpaf.info/GPAF/progSAF2015.pdf

A imagem abaixo registra a primeira rodada de estudo de caso, com o início das atividades na sede regional do Distrito Federal da União dos Escoteiros do Brasil e a discussão do papel a ser desempenhado pelos documentos fotográficos em um futuro museu da instituição.


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Exposição interativa IMAGINANDO

NOGUEIRA, R. F.  Imaginando um Contexto
A turma da disciplina Acervos Fotográficos da Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCINF) da Universidade de Brasília (UnB) convida todos os interessados para participar da oficina “Imaginando”

O projeto Imaginando é uma metodologia de ensino desenvolvida na Universidad Complutense de Madrid (UCM), em 2011, e aperfeiçoada no Brasil, no âmbito do Grupo de Pesquisa Acervos Fotográficos - GPAF
  • Dia: 07/11/2014 (sexta-feira)
  • Horário: a partir das 14 hs
  • Local: ICC central
Venha prestigiar, você vai se surpreender!!

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Arquivo Fílmico e Sonoro Australiano

Dois trabalhos de Ray Edmondson 

por Luiz Antonio Santana da Silva
(mestre em CI e pesquisador do GPAF)

Copiado de Flickr: NFSA
Ray Edmondson defendeu, em dezembro de 2011, sua tese doutoral intitulada “National Film and Sound Archive: the quest for identity: factors shaping the uneven development of a cultural institution” na Universidade de Camberra, Austrália, na qual apresenta um panorama histórico da constituição do Arquivo Nacional Fílmico e Sonoro australiano. Edmondson expõe por mais de 400 páginas sua experiência envolvendo o universo dos arquivos sonoros e audiovisuais, além de discorrer sobre a prática, a teoria, a solução, o problema e inquietações do universo desse gênero documental, que tem sido frequentemente discutido por profissionais da informação. A abordagem aponta como nuances do tema as divergências existentes na discussão de documentos sonoros e audiovisuais como documentos de arquivo quanto: à busca por um lugar desses gêneros documentais como documentos de cunho arquivístico, nas instituições culturais já existentes no país no início do século XX; à modelagem dos profissionais para a nova instituição; ao próprio conceito desses documentos audiovisuais; além dos atritos inerentes que resultaram da criação do NFSA, como instituição independente, a partir de 1935. 

Fruto desse trabalho, que vai expandir e auxiliar os pesquisadores da área, foi o artigo recém-publicado, intitulado “FIAF and the antipodes: the long path to the National Film and Sound Archive of Australia (NFSA)”. Nele o autor aborda com mais profundidade como se deram as discussões para que o NFSA fosse criado e atritos pessoais que teve com diretores australianos de unidades de informação, por manter seu posicionamento inabalável, de criar um arquivo de som e filme, fiel aos preceitos arquivísticos. 

                                    Links:



sábado, 12 de abril de 2014

A importância do contexto...

Foto by Niro
A compreensão dessa imagem requer alguns dados de contexto, como, por exemplo, saber quem é Nícolas Behr, conhecer algo sobre Brasília, entender algumas transformações que ocorreram na avenida comercial W3 (sabendo o que significa/ou a W3 no imaginário brasiliense).

Tais informações contextuais são fundamentais para a compreensão da informação acima, porém insuficientes para entender o documento. Sem o documento estaríamos falando somente da poesia-mosaico de Behr. O documento é o registro fotográfico feito por Niraldo Nascimento, o Niro, que assim o contextualizou em depoimento no Facebook de sua pesquisa de doutorado:
O Ver e o Olhar na W3
Sempre fui apaixonado pela fotografia. Na faculdade, chegava uma hora antes para folhear livros e revistas. Nunca imaginei que todas aquelas imagens foram assimiladas e reorganizadas pelo meu inconsciente. Eu começava a aprender a olhar, mais do que ver. Formas, cores, cheiros, superfícies e tantas outras sensações foram classificadas em uma ordem desconhecida em meu inconsciente.
Revendo algumas fotos que fiz, observo signos não de um, mas um mosaico dessa autopoiese recompilada. Depois de minha viagem 5 minutos ao continente velho (durou 30 dias mas, foi uma viagem cartão-postal) percebi que minha imagética era linear. Fui fazer um curso, não de fotografia, mas de "olhar" com Fayga Ostrower. A técnica fotográfica linear eu dominei sozinho.
Ainda assim, meu racionalismo de então bloqueava o fluxo tentava escoar do meu inconsciente. Na maioria das minhas fotos está presente o VER e não o OLHAR. Então apareceu Ana K. e me apresentou a W3. O que deveria ser um corredor cultural em Brasília, ainda hoje é um corredor de oficinas, peças e acessórios para automóveis.
Ana K. me alertou sobre totens com mosaicos montados na W3. Eu os tinha visto várias vezes, mas nunca olhado. Prometi a ela um percurso fotográfico pela avenida, não cumprido. Artistas plásticos, como Ana K. ou minha amiga Andrea Rosenfeld parecem que têm o OLHAR no DNA. O tempo passou e o Governo do Distrito Federal (GDF) derrubou todos os totens. A princípio fiquei arrasado, não podia fazer mais nada.
Pouco tempo depois, vi que o GDF tinha razão. Os totens, com poesias em mosaico, atrapalhavam a mobilidade das pessoas, especialmente deficientes. Os poetas também compreenderam isso e refizeram e fizeram novos mosaicos no chão e nas paredes. Aguçado pelo desafio de Ana K., finalmente olhei e fotografei alguns dos mosaicos. A foto foi escrita em "brasilianês" e, possivelmente, não compreenderão. São poucas Suzanas na W3.
  Niraldo Nascimento, 30/03/2014

A importância do contexto é fundamental para entender o documento: não se trata do poema-moisaico de Behr e nem da foto dele feita por Niro. É tudo isso e mais um pouco. Esse "pouco", relatado no depoimento do fotógrafo é que dá significado pleno ao documento, que é, nesse caso, a reprodução fotográfica. Sem esse "pouco" perde-se completamente o significado global. 

Outro nível de contextualização necessária está ligado à compreensão dos signos locais de Brasília, mas isso vem em segundo lugar, para permitir entender a imagem, apenas (apenas?) ...

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Artigo discute estatuto arquivístico dos documentos audiovisuais

Os pesquisadores do GPAF Luiz Antonio Santana da Silva, Telma Campanha de Carvalho Madio publicaram recentemente artigo que recupera a clássica discussão sobre os documentos audiovisuais serem (ou não) documentos de arquivo. No âmbito do grupo de pesquisa cabe destacar que a tese de doutorado de Aline Lacerda, (A fotografia nos arquivos, FFLCH-USP, 2008. Disponível aqui) mapeou exemplarmente essa discussão no âmbito dos documentos fotográficos. O novo texto procura, ainda, trazer à discussão as concepções atuais adotadas no Brasil, como um contraponto. Leia o resumo abaixo e aceda à integra do texto aqui.



Documentos audiovisuais são arquivos? Reflexões a partir de conceitos clássicos e contemporâneos

Luiz Antonio Santana da Silva, 
Telma Campanha de Carvalho Madio

Resumo: o artigo tem por finalidade apresentar à discussão definições de arquivo encontradas nos primeiros manuais de arquivística, a fim de apontar a compreensão da época quanto ao conceito de arquivo, além de verificar se havia inclusões de outros gêneros documentais, que não textual, como documentos integrantes dos conjuntos orgânicos. A partir desses marcos teórico-metodológicos presentes na arquivologia, trouxemos o entendimento do conceito de arquivo, retirados da Legislação Arquivística Brasileira e do Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística para analisarmos e detectarmos o perfil arquivístico de documentos audiovisuais. Abordamos os conceitos europeus de arquivo, uma vez que a arquivologia difundida no Brasil possui raízes europeias, com o propósito de contextualizar a discussão fornecendo consistência para que pudéssemos compreender que documentos audiovisuais são documentos de arquivo e que, consequentemente fazem parte de conjuntos orgânicos, sendo esse perfil amparado pela própria legislação arquivística. Foi necessária essa caracterização devido ao fato de que esses documentos são comumente considerados como coleções ou arquivos especiais. 
Artigo completo aqui

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Exposição interativa do Imaginando

Arte: Laila Figueiredo Di Pietro

A equipe da disciplina Imaginando (ver post aqui), resolveu contribuir com a semana universitária com uma exposição interativa. A primeira exibição ocorrerá na UnB, ICC Norte, nesta sexta feira, 8/11, a partir das 15hs. A atividade é aberta ao público em geral. Divulgue e prestigie!

Leia mais sobre o projeto nos links disponíveis nessa página

Caso você deseje replicar a exposição em outro local e horário aqui em Brasília, favor usar o campo comentário, abaixo, para indicar o interesse. Se você desejar aplicar (o verbo está correto, pois é uma exposição interativa) a exposição em outra cidade; isso também é possível, mediante a impressão dos textos de referência, compreensão da metodologia  e confecção dos banneres em sua localidade.

domingo, 12 de maio de 2013

Limites e especificidades dos documentos audiovisuais e suas instituições de guarda

A foto acima foi tirada na reserva técnica da coleção fotográfica da Biblioteca Nacional do Chile e representa uma aquisição recente (o que justifica a aparência de desorganização) de uma coleção de um estúdio fotográfico. A preocupação em tratar a totalidade dos documentos dos titular, de modo a não perder a organicidade, fez com que, nesse momento inicial de pré-organização, nada fosse desmembrado. Assim, até os cenários utilizados foram preservados. Se observarmos bem o texto acima podemos ver alguns termos, intencionalmente colocados, que demandam, no mínimo, maiores explicações. Afinal, trata-se de uma biblioteca, com uma arquivo (chamado de coleção) que preserva documentos tradicionalmente tidos como de museu. Os acervos fotográficos e audiovisuais têm particularidades bastante interessantes e, sobretudo, instigantes, do ponto de vista teórico da Arquivologia.

Luiz Antonio Santana da Silva, que defenderá dissertação sobre isso amanhã (ver post aqui) nos proporciona uma breve reflexão sobre o tema, que está longe de dar conta da complexidade do problema (não se propôs a isso), mas indica alguns ponto iniciais:
Algumas questões gerais sobre documentos audiovisuais nos arquivos, bibliotecas e museus.
 Luiz Antonio Santana da Silva 

A Arquivologia, assim como a Biblioteconomia e a Museologia, é uma subárea do campo do conhecimento científico inseridas na Ciência da Informação (CI) interligadas por um fator unificador: a informação. Nesse sentido, a informação, que gera conhecimento é registra sobre um suporte (físico ou digital), isto é, o documento que primordialmente é objeto de estudo para as 3 Marias. 
 Assim, para Paul Otlet (1937) documento é o livro, a revista, o jornal; é a peça de arquivo, a estampa, a fotografia, a medalha, a música; é também, atualmente, o filme, o disco e toda parte documental que precede ou sucede a emissão radiofônica. O espírito visionário de Otlet já previa que novos gêneros e formatos surgiriam com as modificações ocorridas no contexto social, o que afeta diretamente as instituições.
Logo, os arquivos, bibliotecas e museus passariam a receber em seus acervos esses novos documentos como resultados dessas transformações. Mais especificamente, para Arquivologia de acordo com Bellotto e Camargo (1996), o documento audiovisual pode ser definido como gênero documental que utiliza como linguagem básica à associação do som e da imagem. Essa definição é a mais coerente, visto que não há unanimidade no conceito de documento audiovisual no cenário arquivístico. 
Dessa forma, as Unidades de Informação supracitadas se configuram, basicamente, da seguinte forma:

O que mantêm?
Arquivos: registros ativos, semiativos ou inativos em qualquer formato, gênero e normalmente únicos;
Bibliotecas: materiais publicados em todos os formatos;
Museus: objetos, artefatos, documentos associados. 
Por que são visitados?
Arquivos: prova de ações e transações, pesquisa, divertimento (apenas em arquivos permanentes onde as características do acervo e o valor secundário atraem vários públicos);
Bibliotecas: informação, pesquisa, educação, divertimento;
Museus: pesquisa, educação, divertimento.

Em suma, pode-se dizer que a Biblioteconomia e a Museologia tratam de documentos individuais e a Arquivologia de conjuntos únicos documentais. Destaca-se que, ainda há grande necessidade de aprofundamento nesse tema, seja no arquivo, biblioteca ou museu, já que ao se abordarem questões que modificam paradigmas ou tradições, torna-se necessário embasamento teórico consistente e suficientemente coerente.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Começou!

Copiado de Sala de Física
Hoje pela tarde, com palestra da Profa. Antonia Salvador da UCM, foi dado início à disciplina de tópicos especiais relacionada aos acervos fotográficos. Nosso próximo encontro está marcado para as 19:00hs (pontualmente) no CEDOC/UnB (veja google map aqui). Por favor cheguem mais cedo para não se perderem.

Todos os alunos (inclusive os que perderam a conferência de abertura) DEVEM produzir fotografias/imagens sobre o conceito de ARQUIVO e o de COLEÇÃO. As imagens devem:
  • ser originais de autoria do aluno (não vale recortar e colar da web)
  • estar identificadas na ficha descritiva que deverá ser entregue FISICAMENTE no começo da aula (uma ficha para cada imagem)
  • ter resolução mínima de 300 dpi.
Maiores detalhes podem ser vistos na página específica da disciplina neste blog (clique aqui). Ali pode-se ter acesso ao cronograma, à ficha descritiva, à explicação do programa etc.

O exposto acima também se aplica aos eventuais candidatos a aluno especial.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Organização de acervo imagético: Arquivologia X Biblioteconomia




Os acervos imagéticos são comumente organizados a partir das técnicas existentes na Biblioteconomia, com foco nas informações encontradas a partir da imagem. A utilização da indexação de assuntos para o armazenamento e recuperação de fotografias em uma biblioteca de imagens parece suprir as necessidades desse modelo de centro de informação, uma vez que abrange diversas possibilidades de interpretação do conteúdo da imagem. Qual seria a contribuição, então, da organização de acervos fotográficos a partir de teorias da Arquivologia, como a Diplomática e a Tipologia Documental?

As coleções de bibliotecas têm como função principal o insumo, ou seja, a reutilização da informação para diversos fins, independente de seu contexto de produção. Para a Arquivologia, porém, a principal função de um acervo é a prova do cumprimento das atividades institucionais, tendo como base as relações de proveniência e contexto de produção.

Uma das contribuições para uma coleção de fotografias de uma análise Diplomática, que identifica os aspectos formais do documento e Tipológica, que consiste na “ampliação da Diplomática em direção à gênese documental” (BELLOTTO, 2002), ao conhecimento por parte do bibliotecário da real intenção da fotografia, facilitando o reconhecimento das imagens contidas no item.

A foto acima, por exemplo, seria indexada por um profissional da Biblioteconomia a partir de termos como: igreja, religião católica, praça, entre outros. Caso esse profissional não conseguisse, apenas com a foto, reconhecer a localidade onde está situada esta igreja, não seria possível a inserção dos termos que identificasse esse aspecto. Com as informações obtidas a partir das análises Diplomática e Tipológica, essa informação estaria preservada junto ao documento, e seria possível, neste caso, incluir termos que ligasse esse item à cidade de Jundiaí e outras informações importantes.

Comentário: Esse post tem como intenção iniciar uma discussão sobre os inúmeros benefícios do trabalho em conjunto dos profissionais da informação, pretendendo apenas expor um aspecto relevante da situação proposta.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Digifoto foi tema de palestra "en la U"


Em 17/03 o projeto Digifoto foi objeto dos encontros periódicos promovidos pelo Archivo Andrés Bello, da Universidad de Chile. O evento, previsto para ser um bate-papo com umas 25 pessoas superou as expectativas, lotando a belíssima sala de eventos e deixando, infelizmente, pessoas interessadas do lado de fora. Na discussão foram abordados alguns aspectos relacionados às especificidades dos documentos imagéticos e fotográficos, com foco em situações arquivísticas. Alguns exemplos relacionados à própria pesquisa do Digifoto e à situações concretas do Archivo Andrés Bello foram abordados. 

Um dos pontos importantes discutidos foi a questão da suposta "organização" arquivística de documentos fotográficos por conteúdo - procedimento não recomendado e sem sustentação teórica -  no momento em que abrimos uma caixa de papelão repleta de documentos fotográficos não identificados. Nela havia num retrato de estúdio de um casal em trajes nupciais, provavelmente do princípio do século XX. A audiência, ao ser indagada, foi unânime em indicar que a foto referia-se ao assunto "matrimônio". A segunda pergunta às mesmas pessoas foi relativa à própria atuação profissional; foram quase unânimes em se auto-identificarem como não-arquivistas. Evidenciou-se, então, que para identificar aquela foto como "matrimônio" não haveria necessidade de formação (ou prática) em Arquivologia, explicitando que a "inteligência arquivística" consiste, na realidade, em identificar e sistematizar as informações contextuais dos documentos fotográficos e não do conteúdo imagético. A dificuldade, no caso dos documentos fotográficos, está no fato de que a separação física dos acervos, dando precedência ao valor patrimonial dos objetos fotográficos (em detrimento dos documentos de arquivo) muitas vezes pode tornar a informação arquivística inatingível.

terça-feira, 27 de março de 2012

Identificação de conteúdos das imagens

The Cliff of the Two-Dimensional World by Babak Anasori, Michael Naguib, Yury Gogotsi, and Michel W. Barsoum
Copiado de Smithsonian.com
Olhe com atenção para a imagem acima e tente adivinhar o local de onde a imagem foi registrada. Trata-se de uma fotografia eletrônica, analógica que, porém não representa uma paisagem do Grand Canyon ou nenhuma outra formação rochosa passível de escaladas ou simples admiração turística. O autor da imagem anota que a imagem remete à lateral de uma montanha em Utah, nos Estados Unidos. Como meu imaginário de alpinismo nunca foi além de filmes e algumas jornadas em regiões mais vegetalmente densas no Brasil, não posso deixar de "comprar" a ideia. 

A imagem, no entanto, foi obtida por microscopia eletrônica aplicada a finas camadas de componentes de base de titânio. Cada "fatia" de "rocha" representa uma camada de apenas cinco átomos de espessura. Seus autores a incluíram no concurso mundial de imagens científicas da Revista National Science Foundation e de engenharia e ganharam o prêmio "Escolha do Público".

O episódio, além de nos alertar quanto às, sempre, imprecisas identificações de conteúdo, quando feitas por pessoas sem familiaridade com as ações geradoras das imagens abre interessante flanco para a discussão dos limites da compreensão dos documentos com equivalentes ao conteúdo manifestado. A imagem em pauta é a mesma (talvez com significativas variações de resolução) em pelo menos 7 contextos distintos:
  1. como registro experimental no laboratório dos autores, nesse caso sem nenhum finalidade estética;
  2. como cópia de tal registro, inscrita como documento original no concurso de imagens, nesse caso sem nenhuma finalidade científica experimental;
  3. como possível candidata à premiação ao ser difundida pela revista científica aos seus leitores e demais votantes;
  4. como registro de imagem premiada nos arquivos da revista promotora do concurso
  5. como registro de premiação recebida pelos elaboradores da imagem
  6. como imagem a ser comercializada para agências de notícias mundiais ao longo do mundo
  7. como cópia de tudo isso na presente postagem
Em todos esses casos o conteúdo (grosso modo) é o mesmo, porém os contextos documentais são completamente distintos e geraram documentos únicos, do ponto de vista arquivístico, que demandarão tratamentos diferenciados do ponto de vista da classificação e da descrição contextual. 

Longe de representar uma excepcionalidade o exemplo acima é bastante corriqueiro nos arquivos de administrações com serviço centralizado de registro, armazenamento e divulgação fotográficas, como é o caso de assessorias de imprensa e secretarias de comunicação. Em diversos posts de pesquisa da equipe GPAF em Brasília, sobretudo relacionados ao CEDOC/UnB e ao Arquivo Público do Distrito Federal, pode-se notar como a organização, supostamente arquivística, erroneamente mescla documentos e funções distintas como se fossem únicos, relacionando-os apenas ao fotógrafo (como se ele fora o titular arquivístico) e ao conteúdo imagético produzido. 

Do mesmo modo que elencamos, em uma breve reflexão, 7 contextos arquivísticos distintos para uma mesma imagem, a correta identificação e contextualização de fotos nas instituições mencionadas deveria fazer exercício similar e buscar compreender melhor os reais trâmites administrativos da produção institucional de documentos fotográficos.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Contextualização Arquivística de Documentos Fotográficos

A imagem acima, de autoria de Benedito Duarte, integra o acervo do Arquivo de Negativos da Secretaria de Cultura de São Paulo (SAN). Uma visão conteúdista da imagem buscaria identificá-la junto ao seu fotógrafo e à cena retratada. O problema é que esse tipo de abordagem geralmente acaba por desprezar (não por intenção, porém por consequência) os dados contextuais de geração arquivística; ou seja, a mando de quem tal foto foi produzida e para quais finalidades administrativas? Além disso é vital entender os motivos pelos quais o documento foi preservado, isto é para o atendimento de quais  funções probatórias.


Tais pontos são a chave para uma melhor solução do desafio anterior, que será mais detidamente abordado no próximo post e estão presentes em uma situação real analisada em texto publicado na revista Alexandrí@;  Revista de Ciências de la Información de la Facultad de Letras y Ciencias Humanas de la Pontificia Universidad Católica del Perú (ISBNe 1991-1653). 

O artigo aborda a conceituação de documentos fotográficos de arquivo, os quais costumam ter seu sentido administrativo original adulterado quando são constituídas coleções de imagens não assumidas como tais. O ponto de partida é a situação concreta, ocorrida no SAN no final do século XX. A conclusão apresenta uma proposta, sob a ótica da Arquivologia, para que as características administrativas dos documentos fotográficos de arquivos possam se fazer presentes.

Acesse aqui a versão on-line do texto (demora um pouco para carregar). Se preferir baixe o artigo em PDF aqui.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Estamos de volta - ganhe um alfajor se resolver a charada fotográfica

Após uma merecida pausa este blog volta à ativa com um desafio: as fotos adiante fazem parte de meu arquivo pessoal e integram um mesmo conjunto relativo aos registros fotográficos de minhas férias de 2012 na Argentina.


O desafio consiste em tentar organizar e descrever as fotos acima levando em consideração seu contexto de produção, do qual já se sabe o seguinte:

  • Fundo: pessoal de André Lopez.
  • Função: registro de passeio de férias.
  • Local: Argentina, grande Buenos Aires.
  • Data: janeiro 2012.
  • Fotógrafo: André Porto Ancona Lopez.
  • Guarda: permanente.
  • Quantidade de imagens do conjunto: aproximadamente 350.
O desafio é obrigatório para todos meus orientandos (atuais, futuros e pretensos futuros), com prazo até 05/12/2012. 

A melhor resposta de Brasília (de orientando ou não), postada dentro do prazo, ganhará um delicioso alfajor. Se o vencedor for de fora de Brasília, fico devendo um café no nosso próximo encontro.

As respostas devem ser postadas no campo comment abaixo. 

domingo, 29 de maio de 2011

Documentos fotográficos nos arquivos

Copiado de Stupid n Funny Tshirts Gifts

Os conjuntos documentais acumulados nos arquivos em decorrência de funções e atividades de entes físicos e jurídicos se caracterizam por possuírem uma grande variedade de suportes (papel, filme, fita magnética, disco ótico, fotografia). A separação dos documentos em “arquivos especiais” tem sido uma prática estabelecida quase que espontaneamente no trato dos registros em suporte diferente do papel e muito utilizado em arquivos fotográficos. São considerados especiais por necessitarem de condições diferenciadas de acondicionamento e conservação. Parece que tal procedimento, que visava inicialmente preservar os suportes das informações, levou ao uso de metodologias emprestadas de áreas como a biblioteconomia e a análise documentária para a classificação, organização e recuperação dos conteúdos registrados sem se levar em consideração o motivo para os quais aqueles documentos foram produzidos pela instituição ou pessoa. Significa dizer que se guarda como arquivo aquilo que é  tratado como biblioteca (coleção) o acervo fotográfico acumulado, que também pode ter sido incorporado por doação, compra ou permuta.

O desenvolvimento da Arquivologia enquanto disciplina dispõe do princípio da proveniência ou de respeito aos fundos como norteador das ações sobre os arquivos, porém esta diretriz é ignorada a partir do momento que são utilizadas metodologias criadas para outros documentos, no caso, as descrições dos conteúdos das fotografias, perdendo-se assim o vínculo orgânico com o produtor do arquivo.

Entendo essas iniciativas como reflexo da falta de valorização dos documentos em suporte papel e uma hiper-valorização dos documentos fotográficos, compreendidos como fiéis reprodutores da realidade. Soma-se a isso a falta de políticas de gestão dos registros administrativos aliados a não observância de suas especificidades. 

Por Tania Maria de Moura Pereira - Arquivista
Diretora do Centro de Documentação (CEDOC)
Universidade de Brasília (UnB)

terça-feira, 29 de março de 2011

Pesquisa: uma metamorfose ambulante...

Fonte da Imagem: www.novoze.blogger.com

Dando início as atividades práticas da pesquisa a respeito dos efeitos da classificação de documentos imagéticos que fazem uso da resolução 14 do Conarq foi conveniente fazer nela algumas alterações que não põem em detrimento seu foco.

Quando iniciei a pesquisa, a intenção inicial era detectar os efeitos da aplicação do plano de classificação mencionado por estar inspirado por frustrações observadas ao longo da minha experiência com classificação usando este instrumento. Tratando-se do meu primeiro projeto científico o professor André me orientou a reduzir a abrangência sem prejudicar a intenção. Deste modo objetivei averiguar os efeitos da aplicação do plano de classificação da resolução 14 em documentos fotográficos no Arquivo Público do Distrito Federal. Sendo mais interessante para iniciação científica ter um grupo mais restrito de documentos (fotográficos) em um campo restrito (ARPDF).

Para iniciar a pesquisa reforcei meu conhecimento acerca do assunto com uma bibliografia direcionada e, até então, relacionava o resultado dos estudos com as experiências que eu já tive, foi quando pareceu conveniente já analisar a ocorrência de algum problema no ARPDF devido o uso do plano do Conarq.

É de meu conhecimento que alguns órgãos do DF, apesar de não serem obrigados por não se tratar do Executivo Federal, usam o plano do Conarq para a classificação. Entretanto, visitando o ARPDF foi-me revelado que grande parte dos documentos fotográficos chegam sem ter uma classificação e, somente foram transferidos devido a uma resolução que determina a transferência de tais documentos após a extinção de um dado período. Trarei mais detalhes sobre esta resolução no próximo post que escrever.

Além disso, verificou-se que, mesmo que houvesse um volume razoável de documentos fotográficos classificados pela Resolução 14, seus efeitos não seriam verificáveis posto que, quando os documentos fotográficos são transferidos ao arquivo público, são submetidos a uma classificação elaborada pelo próprio ARPDF sendo que é a partir desta classificação que se desmembra a gestão e não da classificação feita pelo órgão produtor. Assim sendo, não se pode tirar conclusões concretas a respeito do uso da Resolução 14 no ARPDF, entretanto, a classificação a qual os documentos que chegam ao ARPDF é submetida se assemelha a resolução 14 já que temas subjetivos (assuntos) são o principal critério de classificação. Deste modo, se verificará nesta pesquisa os efeitos da aplicação de plano de classificação que se baseie em temas subjetivos e assuntos gerais. Nestas características se inserem não somente o plano do Conarq, mas a maioria (arrisco esse palpite) dos planos de classificação do Brasil.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Não só de conteúdo vive o documento


Durante algumas leituras acerca do tratamento arquivístico de documentos imagéticos, alguns autores - seria prolixo (leia chato) numerar – sugerem uma tendência de que a organização de documentos imagéticos, principalmente fotografias, se dêem a partir da compreensão de seu conteúdo. Havendo para subsídio dessa atividade, manuais bastante detalhados para dizer o que está se vendo nas imagens.

Sem cair no mérito de quão viável e importante seria essa atividade – não defende-se aqui que deve ser descartada – mas questiona-se: “A descrição de conteúdo deve ser o norte para qual aponta a organização e a base do tratamento arquivístico dos documentos imagéticos?”

Em uma tentativa, ainda não definitiva, de responder (debater) a questão, devemos primeiro ter em mente quais documentos imagéticos são documentos imagéticos de arquivo. De acordo com Maria de Lourdes Silva “(...) o que realmente vai definir se o documento fotográfico ou imagético deve ser considerado ‘documento de arquivo’ é a sua relação orgânica com o seu produtor institucional” (2005, p.4).

Será que se suprimirmos desta citação as palavras em negrito ela deixa de estar certa? Estranho!!! Continua parecendo correta, o que implica que que o mesmo tratamento, em relação a organicidade, deve ser dado aos documentos convencionais e imagéticos.

Sem querer exagerar no uso da retórica, pergunta-se também: que instrumento permite visualizar as relações orgânicas dos documentos? Defende-se aqui que tal instrumento seja o Plano de Classificação, que ao ser aplicado, cria-se séries ordenadas de documentos que representam, em sua ordem atribuída, a importância das funções neles intrínseca de acordo com o seu produtor. Para a partir de então, outras atividades, intervenções e funções arquivísticas ganharem eficácia, como afirma Sousa: "Entendemos, entretanto, que a função classificação é matricial, isto é, a partir dela que as outras funções/intervenções ganham corpo, consolidam-se, configuram-se. [...] É a função/intervenção que dá sentido e que preserva o caráter orgânico do conjunto, espinha dorsal de todo o conhecimento arquivístico" (2003, p.241).

Todavia, ao que parece, esta lógica aqui exposta não tem baseado as atividades de gestão e tratamento arquivístico de documentos imagéticos, sendo esta a hipótese a ser diagnosticada, limitando-se a realidade do Arquivo Público do DF, nos fundos que usaram o Plano de Classificação do Conarq (Resolução nº 14 de 2001) para a representação das “relações orgânicas com o seu produtor”.

Quem saiba não precisamos, enquanto arquivistas, nos sentir como pessoas com transtorno de personalidade fazendo teste de Rorschach¹: “O que você vê nessa imagem?”

Será que é matemático?


__________________
¹Famoso teste psiquiátrico que consiste na interpretação do que o paciente afirma ver em 10 imagens abstratas monocromáticas simétricas.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Analise do tratamento arquivístico dado pelo APDF às fotografias sobre a reconstrução da história de Brasília.


A fotografia foi essencial no desenvolvimento do trabalho de reconstrução da história de Brasília realizado pelo Arquivo público do Distrito Federal (APDF), durante a comemoração dos cinqüenta anos da cidade. Um dos resultados foi a divulgação de diversas fotografias da capital federal, de diferentes períodos históricos. Dessa forma, a análise do tratamento dado a essas imagens pelo APDF é de grande importância para as pesquisas sobre acervos fotográficos e seu tratamento. Pretende-se com essa pesquisa analisar a metodologia e os instrumentos usados no tratamento de documentos imagéticos no APDF, através de consulta ao seu acervo de imagens. O foco não será a recuperação de conteúdos e nem as condições técnicas de preservação física, porém alocação dos documentos fotográficos em um esquema lógico capaz de manter seus vínculos orgânicos com o restante do fundo de um mesmo titular. 

Os arquivos imagéticos possuem características bastante específicas e por isso requerem um tratamento diferenciado, não apenas levando em conta a preservação física e sua descrição e sim a questão da contextualização do documento.
 “Tradicionalmente a organização de documentos imagéticos tende a valorizar a informação visual, relegando a um segundo plano o contexto de produção do documento. Tal conduta seria justificada pela dificuldade de recomposição dos motivos da produção documental. Os modelos elaborados geralmente partem das informações veiculadas pela imagem como referencial para a classificação e descrição, sem fazer, na verdade, qualquer tentativa de contextualização documental, em termos arquivísticos.” (LOPEZ e BORGES, 2009, p.161).
Atualmente, é quase impossível pensar em um arquivo que não possua imagens em seu acervo, nos últimos anos a produção documental tem aumentado consideravelmente e com os arquivos imagéticos não é diferente, principalmente com a facilidade trazida pelas fotografias digitais, que possibilitaram um aumento considerável na produção de imagens, dessa forma, o estudo e a necessidade de políticas específicas para tratar esses documentos são cada vez mais necessários.
“Não se tem notícia de que a fotografia digital tenha sido mal recebida. Percebe-se, ainda, certa resistência por parte de alguns profissionais e de alguns amadores, mas nenhuma pouca simpatia baudelaireana digna de nota. E nos acervos em breve teremos uma quantidade astronômica de fotos digitais para preservar” (MANINI, 2008)
As imagens digitais precisam de um tratamento que preserve suas características físicas de conservação, mas que não se esqueçam de mantê-los contextualizados, as imagens precisam assim como os demais documentos manter suas relações orgânicas, principalmente pela polissemia que possui como característica. Devido à necessidade de condições diferenciadas dos demais documentos em outros suportes, pode-se observar que grande parte das instituições arquivísticas isolam as fotografias do resto do acervo sem nenhum cuidado para manter seu contexto, dessa forma elas acabam perdendo seu vínculo arquivístico.
“Embora presentes na maioria dos arquivos públicos e privados institucionais e pessoais, e submetidas a tratamento de identificação, arranjo/classificação e descrição nesses espaços, vimos que as fotografias têm sido, no entanto, pouco problematizadas no que diz respeito às relações entre as suas características de registro visual e os atributos exigidos para a aferição de seu valor documental (LACERDA, 2008, p.76 )”
No Brasil é bem clara a falta de uma política de tratamento que respeite as relações orgânicas dos documentos imagéticos, que são tratados como se fossem alheios à lógica do arquivo, privilegiando a descrição de seu conteúdo, em detrimento de sua organicidade. O conhecimento do contexto de produção de qualquer tipo de documento, principalmente das imagens, é de fundamental importância.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Documento imagético integrado em outros documentos


A imagem, enquanto elemento integrante de outros documentos, não pode ter sua classificação dissociada; nestes casos, a imagem não existe enquanto unidade documental. O que pode — e deve — ser feito é tão-somente a separação física, devidamente referenciada, em função da conservação. A descrição arquivística, mesmo que feita em um nível de minúcia individualizada, deverá ater-se ao documento maior, de cujo conteúdo a imagem é apenas parte. Isso não exclui a possibilidade de uma referenciação parcial, baseada apenas no conteúdo das imagens, o que representaria uma atividade à parte da classificação arquivística — e complementar para a organização documental —, inexistindo, na classificação, quaisquer procedimentos diferenciados quanto aos documentos imagéticos.

Exemplos de documento imagético integrado em outros documentos 
  • O acervo do Archivo General de la Guerra Civil Española foi constituído sob um direcionamento temático, reunindo materiais relacionados à Guerra Civil Espanhola. O acervo composto inicialmente por documentos do exército — resultantes da repressão franquista à maçonaria e aos comunistas —, foi ampliado com a aquisição de documentos e coleções particulares ligados ao tema central, com destaque para conjuntos de documentos fotográficos. Os positivos fotográficos constantes de processos viram-se, em um primeiro momento, separados fisicamente para fins de conservação e, posteriormente, tiveram sua descrição agregada a dos demais documentos fotográficos daquela instituição, referentes à Guerra Civil. O diferencial, neste caso, é que os positivos só foram separados dos processos após a elaboração de um plano de classificação. Fichas de referenciação foram inseridas no local original de tais imagens, nos processos, remetendo à sua nova localização física. As imagens foram submetidas à uma descrição detalhada, pautada pelas normas da Isad (g), que incorporou informações sobre a origem arquivística dos documentos dos quais foram separadas, tanto no plano de classificação, como no processo inicial. Tais informações estão cruzadas em uma base de dados, juntamente com referências a outras imagens de fundos e coleções distintas (cf. DESANTES, 1996).
  • Uma situação similar também pode ser vista no Archivo del Reino de Galícia com relação aos documentos cartográficos (mapas, plantas e desenhos), que tiveram sua referenciação anotada em um catálogo seletivo, agregando informações relativas a diversos fundos e coleções, porém indicando plenamente a situação de cada conjunto documental nos respectivos planos de classificação (cf. ARCHIVO DEL REINO DE GALICIA, 1995).

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Emenda aqui, remenda ali.. EURECA: O Plano de Classificação!


"A aplicação dos princípios de respeito aos fundos e o de ordem original incide diretamente sobre a função classificação" (SOUSA, 2003, p. 242).

"O objeto da Tipologia é a lógica orgânica dos conjuntos documentais" (BELLOTTO, 2002, p. 8)

Considerando as afirmações dos autores acima citados pergunta-se porque a Tipologia documental é estranha ao Plano de Classificação proposto pela Resolução nº 14 do Conarq, visto que tratam de um objeto bastante comum e de demasiada importância: a organicidade? A problemática é ainda mais grave ao pensarmos em documentos imagéticos devido a sua maior subjetividade em relação ao conteúdo. Porque conteúdo? Por que este é o principal critério de agrupamento dos níveis de classificação que a Resolução 14 apresenta.

Reza a lenda: "uma imagem vale mais que mil palavras". Apesar da base empírica e popular da afirmação, ela resume diversos aspectos técnicos do documento imagético, àqueles voltados à sua subjetividade. Ora, se é a apreensão do conteúdo que guia a classificação, como isso se faz quando o documento é composto por uma imagem? Quão precisa é a interpretação do conteúdo da imagem de forma a representar a sua lógica orgânica? Será que somente a compreensão do conteúdo satisfaz essa necessidade?

Para apenas vislumbrarmos de longe a resposta do problema, me arrisco resumir a situação em duas frases apenas: "Porque se classifica um documento? Para representar sistematicamente sua organicidade"

A extrema objetividade dada a esta resposta é válida para pensar-se em uma visão minimalista, pela qual não se deve excluir conceitos mais especializados. Com base nessa abreviação geral podemos apontar o queria o mínimo em relação as necessidades de um Plano de Classificação. Façamos uma análise isolada do conceito em relação a Resolução 14.

Quanto a Representação:
Resumidamente temos, de acordo com a Resolução 14, o conteúdo ou assunto, como separador de águas: o principal critério que diz o que é o documento e o motivo de sua guarda. O principal problema encontra-se aqui, posto que não somente o conteúdo deveria ser considerado, mas também (e principalmente) a tipologia documental. Todo o trâmite do documento deveria ser representado. São diversos os exemplos de documentos que em têm configuração e conteúdo idênticos, mas que cumpriram funções diferentes, representam atividades diferentes e são guardados por motivos diferentes. Supomos que isso seja ainda mais comum em relação a documentos imagéticos.

Quanto ao Sistema:
Trata-se daquele velho discurso, já quase retórico, de que o sistema decimal adotado pela Resolução 14 é um dos principais limitadores do instrumento além de despertar aquele sentimento de arremedo dos métodos biblioteconômicos de classificação com emendas.

Quanto a Organicidade:
Esta, para ser bem compreendida, depende basicamente da soma dos dois fatores anteriores.

Por fim, para ilustrar um exemplo de arranjo (ou classificação) que considere a tematização como foco principal, propomos que seja analisada a organização do acervo do musicólogo Curt Lange, indagando se houve, realmente, a representação da organicidade dos documentos. Acesse aqui texto da equipe responsável pela atividade, e dê atenção especial ao plano da página 6. Observe ainda a série "Iconografia" e responda se a representação de fotografias isoladas das atividades que as geraram, representa melhor a organicidade ou apenas aguça a curiosidade?

Acesse aqui site do Projeto Curt Lange

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Será que a preservação técnica de fotografias é suficiente para a organização arquivística?



"Histórias e memórias institucionais captadas a partir do estudo de acervos fotográficos" é um artigo de Luciana Souza de Brito que fala sobre o tratamento do acervo fotográfico do Centro Universitário Franciscano, que desde o início foi acumulado.

O tratamento constitui no diagnóstico do acervo, higienização, identificação, organização e acondicionamento. No diagnóstico foram coletadas informações como: o formato e o quantitativo das imagens, a identificação dos processos fotográficos, as dimensões predominantes, as características das deterioração das imagens, as formas de acondicionamento, informações sobre o mobiliário e a localização do acervo. Então, procuraram reunir os conjuntos documentais que se tratavam de um mesmo evento e/ou assunto.

Na higienização foram feitas atividades de ordem física e química, como por exemplo a aplicação de pó de borracha no verso das fotos, trincha e algodão sobre a emulsão. No momento da identificação eles perceberam que grande parte do acervo não possuía informações sobre a origem, autoria, evento ou data da produção da fotografia. Então eles fizeram várias pesquisas em documentos textuais e conversaram com funcionários, professores e ex-alunos para identificar essas fotografias.

A organização das fotografias consistiu na separação dos assuntos. Foi considerado o fundo Centro Universitário Franciscano e dois grandes grupos, as faculdades. As faculdades foram separadas por séries, os conjuntos documentais: autoridades, prédios, setores administrativos, comemorações e eventos, solenidades, estudantes, lembranças e irmãs.

O acondicionamento foi feito em folders e envelopes de papel alcalino, caixas-arquivo de cartão neutro e armário.

Perfeito, não é mesmo? Desta forma as fotografias ficaram muito bem protegidas e, na maioria das vezes, poderão ser localizadas quando o usuário souber o evento ou assunto da fotografia.

Tudo bem, mas e quando a pesquisa for feita por um usuário que quer descobrir quais são as fotografias guardadas para uma finalidade específica, como poderão fazer essa identificação se todas foram misturadas e organizadas por evento? A identificação e organização desses documentos deveriam ter sido feitas considerando a ordem que anteriormente eram mantidas e assim estudar o contexto de criação e separação. Esta metodologia de análise iconológica poderia ter sido feita a fim de ajudar a descobrir a origem da aquisição das fotografias. É muito importe que se mantenha a ordem original dos documentos, principalmente no caso de documentos imagéticos, porque se não identificado o contexto de criação esses documentos podem perder a função para que foi criada.