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sexta-feira, 13 de maio de 2016

Excertos sobre a Alegoria da Caverna

Texto extra da disciplina de pós-graduação "Acervos Fotográficos e o ciclo da informação"

Allice Lopes:
PLATÃO. A Alegoria da caverna. A Republica, 514a-517c. In: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia: dos Pré-socráticos a Wittgenstein. Trad. Lucy Magalhães. 2a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000.
''Sócrates: Assim sendo, os homens que estão nessas condições não poderiam considerar nada como verdadeiro, a não ser as sombras dos objetos fabricados.''

'' É preciso que ele se habitue, para que possa ver as coisas do alto. Primeiro, ele distinguirá mais facilmente as sombras, depois, as imagens dos homens e dos outros objetos refletidas na água, depois os próprios objetos. Em segundo lugar, durante a noite, ele poderá contemplar as constelações e o próprio céu, e voltar o olhar para a luz dos astros e da lua mais facilmente que durante o dia para o sol e para a luz do sol.''

''Sócrates: E se ele tivesse que emitir de novo um juízo sobre as sombras e entrar em competição com os prisioneiros que continuaram acorrentados, enquanto sua vista ainda está confusa, seus olhos ainda não se recompuseram, enquanto lhe deram um tempo curto demais para acostumar-se com a escuridão, ele não ficaria ridículo? Os prisioneiros não diriam que, depois de ter ido até o alto, voltou com a vista perdida, que não vale mesmo a pena subir até lá? E se alguém tentasse retirar os seus laços, fazê-los subir, você acredita que, se pudessem agarrá-lo e executá-lo, não o matariam?''
Como sugestão do professor, há uma animação, cujo texto é relativamente fiel às traduções modernas do texto, e apresenta uma representação no mínimo interessante.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Excertos de Gombrich, Dahlberg, Lopez e Heredia Herrera

Dando continuidade às discussões sobre "organização da informação" (aulas 22 e 29 abr) foram selecionados alguns excertos dos textos escolhidos para o debate.

Duda Bentes:
GOMBRICH, E. Condições da ilusão. In: Arte e ilusão: um estudo da psicologia da representação pictórica. Trad. Raul Sá Barbosa. São Paulo: Martins Fontes, 1986;  cap 7, p. 175-209
"É o poder da expectativa, mais do que o poder do conhecimento conceitual que molda o que vemos, na vida não menos que na arte." (p. 193)
"A possibilidade de que todo reconhecimento de imagens esteja ligado a projeção e antecipações visuais é reforçada pelos resultados de experiências recentes [...] Sem essa tendência que temos a ver um movimento potencial sob a forma de antecipação, os artistas nunca teriam sido capazes de criar a sugestão de velocidade em imagens estacionárias." (p. 196)
 "Sem saber, procedemos a uma rápida sucessão de testes de consistência, e escolhemos a cada vez a interpretação que faz sentido." (p. 199) [...] "Onde quer que a imagem seja usada para a comunicação, podemos estudar essa avaliação da intenção provável do autor e os testes de consistência que levam à interpretação e ilusão." (p. 201)

Bruno Carvalho Souza:
DAHLBERG, I. Teoria do conceito. Ciência da Informação, Brasília, v.7, n.2, p.101-7, 1978. (Acesso aqui).
"Podemos então dizer que a linguagem constitui a capacidade do homem designar os objetos que o circundam assim como de comunicar-se com os seus semelhantes."
"(...) só é possível proceder a essa decomposição do conceito coletando-se os enunciados verdadeiros que sobre determinado objeto se podem formular. Pode-se então dizer que os elementos do conceito são obtidos pelo método analítico—sintético. Cada enunciado apresenta (no verdadeiro sentido de predicação) um atributo predicável do objeto que, no nível de conceito, se chama característica. Muitas vezes não se trata de um atributo a que corresponde uma característica mas de uma hierarquia de características, já que o predicado de um enunciado pode tornar-se sujeito de novo enunciado e assim sucessivamente até atingirmos uma característica tão geral que possa ser considerada uma categoria. (Entende-se aqui por categoria o conceito na sua mais ampla extensão)."
"Quando a comparação entre as características dos conceitos mostra que dois conceitos diferentes possuem uma ou duas características em comum, então há que falar de relações entre tais conceitos..."
Elainte Torres, 2016: "Iniciando um Projeto". In: Imagine: gênese da informação

 Alice Ferreira Lopes:
LOPEZ, A. El contexto archivístico como directriz para la gestión documental de materiales fotográficos de archivo. Universum, Talca, v. 23, n. 2, 2008. (Acesso aqui).
''La archivística prioriza la dimensión del documento como índice de la actividad que lo generó. Así, lo que el documentalista busca en la interacción del referente con la imagen, el archivero lo busca en la integración de la función generadora con el documento. En este último caso, la información imagética del referente se muestra apenas como una característica más. La caracterización del registro fotográfico como índice implicaría que él, necesariamente, representase algo que sea identificado por el documentalista''
''La inserción de los documentos fotográficos y de los demás documentos imagéticos en la clasificación archivística no significa desconsiderar sus especificidades. Significa, sí, entender las particularidades del documento archivístico como más importantes que las peculiaridades de cada modalidad de documento (documentos fotográficos, por ejemplo). Se trata de agregar documentos en una generalidad común y, dentro de ésta, comprender las especificidades.'' 
Natália Saraiva, 2016: "Organizando a direção". In: Imagine: organização da informação.

Elaine Torres Américo:
HEREDIA HERRERA, Antonia. La fotografía y los archivos. In: FORO IBEROAMERICANO DE LA RÁBIDA. Jornadas Archivísticas, 2, 1993, Palos de la Frontera. La fotografía como fuente de información. Huelva: Diputación Provincial, 1993. 
"La fotografia como el documento textual -que puede o no ser documento de archivo— puede pretender reproducer una realidad, en cuyo caso si cabe hablar de -certificado de presencia-, o bien crear, inventando, un mundo nuevo convirtiéndose en una forma de expresíon de creatividad humana"
"...De aqui su doble dimension informativa y artistica y de aqui tambien las actitudes ante la ac­ción de su depósito en instituciones tradicionales (archivos, bibliotecas) o en museos o instituciones culturales";
" Al decir 'archivos fotográfico' se nos plantea de nuevo el problema denominativo y conceptual apuntado al principio. 'Archi­vos fotográficos', 'fondos fotográficos' son denominaciones que entran en colisión con la terminología archivística"

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Excertos de Buckland, de Capurro & Hjorland e de Lopez

Com o objetivo de fomentar a discussão na disciplina de seminários do GPAF os participantes elencaram alguns excertos dos texto de Buckland, de Capurro & Hjorland e de Lopez, para embasar o exercício de discutir conceitualmente informação e gênese da informação (aulas 01,08 e 15/abr):

Duda Bentes, 2016: Gênese da Informação In: Imagine: gênese da informação

Alice Ferreira Lopes:
BUCKLAND Michael K. Information as a thing. Journal of the American Society of Information Science (1986-1998), v. 42, n.5, p 351, 1991. (texto original aqui; tradução livre aqui)
  • ‘’ Information-as-thing is of special interest in the study of information systems. It is with information in this sense that information systems deal directly. Libraries deal with books; computer-based information systems handle data in the form of physical bits and bytes; museums deal directly with objects. The intention may be that users will become informed (information-as-process) and that there will be an imparting of knowledge (information-as-knowledge). But the means provided, what is handled and operated upon, what is stored and retrieved, is physical information (information-as-thing). On these definitions, there can be no such thing as a “knowledged-based” expert system or a “knowledge access” system, only systems based on physical representations of knowledge. ‘’ (P. 352)
  • "If something cannot be viewed as having the characteristics of evidence, then it is difficult to see how it could be regarded as information. If it has value as information concerning something, then it would appear to have value as evidence of something. “Evidence” appears to be close enough to the meaning of information-as-thing to warrant considering its use as a synonym when, for example, describing museum objects as “authentic historic pieces of evidence from nature and society.” (Schreiner, 1985, p. 27)." ( p. 469).
  • “Information-as-thing”, then, is meaningful in two senses: (1) At quite specific situations and points in time an object or event may actually be informative, i.e., constitute evidence that is used in a way that affects someone’s beliefs; and (2) Since the use of evidence is predictable, albeit imperfectly, the term “information” is commonly and reasonably used to denote some population of objects to which some significant probability of being usefully informative in the future has been attributed. It is in this sense that collection development is concerned with collections of information.’’ (P. 357)

Duda Bentes:
CAPURRO, Rafael; HJORLAND, Birger. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 12, n. 1, p. 148- 207, jan./abr. 2007 (Acesso aqui)
  • 1) Sobre definições persuasivas.
    • “[...] Quando usamos o termo informação em CI, deveríamos ter sempre em mente que informação é o que é informativo para uma determinada pessoa. O que é informativo depende das necessidades interpretativas e habilidades do indivíduo (embora estas sejam frequentemente compartilhadas com membros de uma mesma comunidade.” (p. 154-155)
  • 2) Sobre os usos modernos e pós-modernos da informação.
    • “Esta transição da idade média para a modernidade no uso do conceito de informação – de dar uma forma (substancial) à matéria para comunicar alguma coisa a alguém – pode ser detectada na filosofia natural de René Descartes (1596-1650), que chama as ideias de formas do pensamento, não no sentido de que estas são retratadas (depictae) em alguma parte do cérebro, mas na medida em que elas informam o próprio espírito voltado para esta parte do cérebro (DESCARTES, 1996, VII, p. 161). (p. 158)
    • “[...] Tem sido extremamente interessante observar como o conceito de informação está intimamente ligado a visões sobre o conhecimento. Esta conclusão é importante para a análise posterior do conceito de informação em CI, porque indica uma conexão muito negligenciada entre as teorias da informação e as do conhecimento.” (p. 159)
  • 3) Sobre “Análise de domínio, sócio-cognitivo, hermenêutica, semiótica e perspectivas relacionadas.
    • “A perspectiva cognitiva dá um passo em direção à compreensão subjetiva da informação. Buckland dá outro passo. O enfoque da análise de domínio vê diferentes objetos como sendo informativos em relação à divisão social do trabalho na sociedade. Desta forma, a informação é um conceito subjetivo, mas não fundamentalmente em um sentido individual. Os critérios sobre o que conta como informação são formulados por processos sócio-culturais e científicos [...]” (p. 192)

Duda Bentes, 2016: Informação. In: Imagine:informação.

Bruno Carvalho Souza:
LOPEZ, A. Photographic document as image archival document. In: TEHNIČNI in Vsebinski Problemi Klasičnega in Elektronskega Arhiviranja: referatov dopolnilnega izobraževanja s področij arhivistike, dokumentalistike in informatike v Radencih, 8, Maribor, 2009. Maribor: PAM, 2009. p. 362-272. (Acesso aqui)
  • Image records and documents have increased their reproduced visual information, and generated new records without the register of such transformation. That practice stimulates the multiplication of image manifestations of a same content, homogenizing different contexts and records. (Obs: o texto faz referência à internet)
  • It is important to remember that the erroneous identification of the complete record, the one that is proficient to generate consequences, may lead to disastrous outcomes at the research level as well as on the execution of administrative tasks. This aspect is more delicate when it involves records and documents which validation signs and proceedings are incorporated as an attach register, like on image and electronic records. The disconnection of such bond might have disastrous consequences not only during the execution of the administrative activities but also on their proof. The identification of the record’s genesis is the only resource able to avoid the pitfalls posed by the image polysemy character.
  • On an image record, lonely considered, the veracity has the propensity to be bewildered with image’s authenticity, since there will not be enough data to determine the record’s context. 
Elaine Torres Américo:
LOPEZ, A. Contextualización archivística de documentos fotográficos. Alexandria: revista de Ciencias de la Información, ano V, n.8, jan./dez. 2011. (Acesso aqui)
  • “La organización archivística de los documentos imagéticos nos presenta diferentes dificultades, principalmente en lo que atañe al uso de los principios orientadores de esta disciplina, tales como el de procedencia (respect des fonds) y el de respeto al orden original”;
  • “Muchos archivos, sobre todo los denominados “fotográficos”, presentan una marcada propensión hacia la valorización de las posibilidades de uso de su información, relegando a segundo plano el contexto de producción”.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Imagine e o ciclo da informação

O esquema acima busca sistematizar o ciclo da informação, suas etapas e atividades. A proposta da nova disciplina do GPAF, na pós-graduação em Ciência da Informação, é discutir e ressignificar conceitualmente as quatro etapas principais, valendo-se das metodologias "Imaginando" e "Imagine".

No âmbito conceitual a disciplina parte de algumas diretrizes quanto aos acervos fotográficos, o ciclo da informação e as metodologias Imaginando/Imagine


Aceda aqui ao programa completo e leia a respeito dos projetos Imaginando e Imagine aqui

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A representatividade dos acervos fotográficos na acadêmia brasileira


A tarefa de quantificar sistematicamente o que se vem produzindo cientificamente é algo complexo, sempre incompleto e passível de melhoras. Existem muitos sistemas, plataformas e bases de dados para esse tipo de atividade, nas mais diferentes esferas e áreas. Uma delas é a Base ABCDM (Arquivologia, Biblioteconomia, Ciência da Informação, Documentação e Museologia), produzida e mantida pela Faculdade de Ciência da Informação da Universidade de Brasília (FCI/UnB), desde 2001, que contém referências bibliográficas de cerca de 10 mil registros de artigos de 35 revistas científicas brasileiras nas áreas de foco indicadas, cobrindo o período de 1963 a 2013. Inclui também os artigos de todas as edições do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ciência da Informação (ENANCIB), de 1994 a 2013. O acesso pode ser feito na FCI/UnB e/ou pela solicitação de pedidos de busca diretamente para o editor da ABCDM, Prof. Dr. Jayme Leiro (jleiro@unb.br).

A busca na base 2014 (dados até 2013) nos campos “Título” e “Palavras-chave” pelo termo “foto$” gerou 103 referências, indicando que no Brasil, no âmbito científico, ligado à Ciência da Informação e áreas afins, a discussão sobre fotografia está presente em apenas cerca de 1% das publicações periódicas. A consulta dos termos combinados “foto$” AND “arquiv$” retornou com 23 artigos somente, sendo apenas 03 anteriores a 2004 (o que significa uma produção recente de menos de dois artigos por ano), destes 09, (ou seja, cerca 40% da produção contemplada na base de dados) foram produzidos a por pesquisadores do Grupo de Pesquisa Acervos Fotográficos (aceda aqui ao relatório gerado pela base no dia 18/set/2014, com destaque à produção do GPAF). A revista Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro não está na base e se estivesse elevaria a participação do GPAF no cenário proporcional, com os 04 artigos que o grupo publicou naquele periódico em 2013 (acesso aqui).

Independentemente do critério de quantificação, os dados nos mostram uma preocupante ausência da temática da fotografia na discussão especializada nacional, apontando, não obstante, para um papel relevante do GPAF nesse cenário, sobretudo no que tange à discussão relacionada aos arquivos.

domingo, 22 de setembro de 2013

Dupla participação de Bia Kushnir na UnB

Beatriz Kushnir, (ver Lattes aqui) pesquisadora do GPAF e Diretora Diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro estará em Brasília na próxima 4ªf para duas atividades:

1. Participação da banca de relatório intermediário de mestrado da pesquisa "Estruturação de acervos imagéticos e acesso à informação: estudo comparativo de instituições de memória no Chile e na Argentina" de Laila Di Pietro.
Resumo: A preservação da memória, além de um direito humano, é uma obrigação da própria sociedade, que deve se estruturar para organizar e conservar os acervos documentais que garantem esse processo. O documento fotográfico é representativo e possui valor testemunhal. A massa de fotografias sobre as épocas de repressão nos diversos países da América do Sul se constitui como importante elemento de prova de violações dos direitos humanos e condutas de regimes militares, contribuindo para novas narrativas da história nacional. A organização, o tratamento e a preservação destes acervos visam o acesso à memória social, evidenciando os laços identitários. A pesquisa tem como objetivo a análise das estruturas de organização aplicadas a documentos que possuem grande valor histórico e contribuem para o exercício da cidadania e para a construção da memória coletiva e individual. Para a pesquisa, serão adotados os acervos fotográficos de quatro instituições de memória que apresentam diferentes características de acervo, armazenamento e apresentação: Museo de la Memoria y Derechos Humanos (Chile); Fundación Vicaria de La Solidariedad (Chile); Londres 38 (Chile) e Memoria Abierta (Argentina). A organização utilizada pelos centros de informação será analisada a partir de entrevistas coordenadas, visitas ao museu e através das informações disponibilizadas na web, identificando os princípios e técnicas empregados para garantir a manutenção da autenticidade da informação original, além de sua preservação, recuperação, difusão e acesso. 
Palavras-chave: Acervo imagético. Acesso à informação. Arquivologia. Biblioteconomia. Fotografia. Memória.
Dia 25/09/2013 - 15:00hs no Auditório da FCI

2. Palestra para o curso de Arquivologia da UnB:
Experiências profissionais na direção do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
Dia 25/09/2013 - 19:00hs no Auditório da FCI

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Registro da visita-debate da turma "Imaginando"


Na sexta-feira, dia 06/set, a turma da disciplina "Imaginando" (Seminários e, organização da informação) da pós-graduação em Ciência da Informação fez uma visita-debate coletiva, à mostra fotográfica "Ausênc_as Brasil" de Gustavo Germano (ver post aqui).

Ausênc_as Brasil estabelece um diálogo entre o passado e o presente, alinhando imagens de militantes políticos mortos e desaparecidos pelas ditaduras Militares do Brasil e da Argentina no seio de seus familiares e as imagens dos familiares registrando suas ausências, destacando a força da afetividade e da memória dos acontecimentos.

Gustavo Germano é um fotógrafo Argentino, ele que foi familiar de detido e desaparecido político. A mostra é rica pela possibilidade da participação dos familiares dos mortos e desaparecidos que abriram seus álbuns fotográficos e se expuseram em sua dor e sofrimento, partilhando com a sociedade suas imagens e de seus entes que se foram. A aula foi muito proveitosa e nos fez refletir, não apenas pelo momento que passaram os atores, mas sobre a possibilidade de interpretação e o sentido da fotografia.


O verdadeiro conteúdo de uma fotografia é invisível.
Porque não deriva de uma relação com a forma, mas
sim com o tempo.
John Berger


Algumas fotos da visita-debate estão disponíveis aqui.


Texto e fotos: Alessandra Araújo

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Gustavo Germano em Brasília

 

Nesta 6ªf, dia 06/set, às 14:30 a turma da disciplina "Imaginando" (Seminários e, organização da informação) da pós-graduação em Ciência da Informação fará uma visita-debate coletiva, à exposição "Ausencias", de Gustavo Germano, estando os interessados convidados a se integrar ao grupo (veja post aqui para entender o que é essa disciplina).

O artista trabalha com uma mensagem política muito contundente, construía pelo não-uso de elementos visuais; é isso mesmo a força elocutória de sua mensagem está naquilo que não é fotografado. As ausências são evidenciadas por meio de fotos comparativas, como é o caso, para exemplificar, da imagem de duas irmãs, que representa o desaparecimento de uma delas no período ditatorial argentino. Na primeira, em uma foto de arquivo pessoal, ambas posam junto a um vaso de flores, que está sobre um aparador. Na segunda, feita 26 anos depois, repete-se a cena, desta vez somente com a irmã sobrevivente e, detalhe importante, sem as flores; as legendas com ausências ainda contribuem para evidenciar a mensagem (veja as fotos desse exemplo aqui no DigifotoWeb).

Já que na página do Museu Nacional da República (que era para ser Museu Nacional Honestino Guimarães) não há nenhum destaque à exposição de Gustavo Germano (apenas a coloca, sem nenhuma informação na agenda da instituição), fomos buscar na imprensa hermana a nota de divulgação da exposição atual. O blog DigifotoWeb foi, provavelmente, o primeiro veículo brasileiro a por em evidencia o trabalho do fotógrafo argentino, como pode ser visto em post anterior aqui, há exatos três anos e meio. 

A exposição estará aberta à visitação no Museu Nacional da República, em Brasília, até o dia 30/set, de 3ª a Dom, das 09:00hs às 18:30hs. 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Nova turma IMAGINANDO

"Imaginação" - cc André Malverdes 2013
A foto acima é um auto-retrato produzido após o final de uma turma concentrada de Imaginando, realizada em julho/2013, na UFES, com alunos de doutorado (ver post aqui e página aqui). Ela bem retrata o esforço criativo, as imagens produzidas e, principalmente, a necessidade de flexibilidade e concentração mental para debater, repensar e solidificar conceitos através da produção de imagens.

A metodologia foi desenvolvida inicialmente por um grupo de professores da Universidad Complutense de Madrid (baixe aqui livro referente ao projeto) e replicada no âmbito do GPAF pela primeira vez em 2012, com a colaboração da Prof. Antonia Salvador Benitez (ver posts aqui e aqui; ver página aqui), culminando com a apresentação de um poster sobre essa experiência no WICI (baixar pdf aqui). 

A turma atual já teve uma aula introdutória na semana passada e iniciará, efetivamente, os trabalhos na 6ªf, dia 06/setembro, devendo realizar as seguintes atividades;

O programa da disciplina (baixe aqui) contém uma bibliografia sumária sobre a questão dos acervos fotográficos e algum material de referência e discussão conceitual sobre os tópicos principais que serão abordados. 

O publico externo à disciplina está convidado a acompanhar o desenrolar da disciplina por este blog, lendo, opinando e produzindo imagens-conceito e, no caso de interessados residentes em Brasília, comparecer às aulas (favor entrar em contato prévio com apalopez@gmail.com).

Alea jacta est!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Nova oportunidade IMAGINANDO

Clique aqui para fazer download do pdf do poster (1,9Mb)

Na semana que se iniciará agora será feita uma nova aplicação da metodologia imaginando com os alunos de doutorado do DINTER/UnB-UFES. O programa e as orientações gerais estão em pagina específica (aqui). Para o primeiro encontor é fundamental que os participantes tomem conhecimento do projeto, lendo o material de referência indicado (especialmente o livro coordendo por J Miguel Sanchéz Vigil, http://apalopez.info/GPAF/IMAGINANDO_texto_color.pdf) e já tragam alguma compreensão relativa aos conceitos que serão trabalhados.

Outro insumo fundamental será a produção de imagens pelos participantes, para o que é fundamental trazar algum equipamento capaz de produzir fotos digitais (telefone, câmera, ipad etc.), sempre lembrando que quanto melhor for a qualidade do equipamento, melhor aproveitamento se poderá ter das imagens.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Concluímos a primeira colheita da safra 2013 de titulações de mestrado do GPAF!

Banca examinadora de Patrícia Costa
No primeiro trimestre de 2013, três participantes do Grupo de Pesquisa Acervos Fotográficos (GPAF) concluiram seus mestrados e apresentaram dissertações relacionadas ao tema:

27/02/2013 - Luiz Carlos Flôres de Assumpção
Título:  Registros imagéticos e a sustentabilidade: representações sobre o uso da imagem em projetos de captação de recursos em grupos de quadrilhas Juninas do DF.

11/03/2013 - Patrícia de Jesus Ferreira Costa
Título: O Paradigma físico no tratamento dos acervos imagéticos na Administração pública brasileira: estudo de caso da ANA.

12/03/2013 - Alessandra dos Santos Araújo
TTítulo: O uso da folksonomia na organização e recuperação da informação fotográfica: o caso do acervo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG.

Banca examinadora de Alessandra Araújo
Em breve os trabalhos estarão disponíveis para consulta.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Bases de dados e softwares com ênfase em materiais fotográficos de arquivo


O CEDOC (Centro de Documentação da UnB), no âmbito dos eventos que promoveu nesta semana (ver página do CEDOC aqui e nota da UnB aqui) trouxe para Brasília o Arquivista italiano Alessandro Chiaretti, que desenvolve trabalhos junto ao Centro Maas e à Associação de Archiveros de Chile (ASOCARCHI). 

Alessandro e as equipes técnicas do CEDOC e do GPAF têm tido, ao longo desta semana, diversas reuniões no sentido de avançar o desenvolvimento de uma solução para a gestão dos materiais fotográficos do CEDOC e sua respectiva divulgação na web (ver nota aqui). 

Dado o interesse do tema para os alunos ligados ao GPAF e ao GPAI/CPAI, a disciplina Tópicos Especiais em Organização da Informação – Turma A, Acervos Fotográficos, cód 382787, do PPGCINF/UnB convida a todos os interessados para participar da aula de amanhã (dia 13/dez) no CEDOC, às 14h15min, na qual Alessandro irá replicar os pontos essenciais de suas intervenções na UnB, focadas em questões relacionadas à Arquitetura da Informação de bases de dados, com ênfase em materiais fotográficos.

Palestra: "Bases de dados e softwares com ênfase em materiais fotográficos de arquivo"
Alessandro CHIARETI (Centro Maas - Itália / ASOCARCHI - Chile)
DIA 13/dez 14:15hs
CEDOC - UNB  (Predio do Multiuso I - Bloco B - Terreo e 1 andar Fones: (061) 3107-5863 / 3107-5801)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Começou!

Copiado de Sala de Física
Hoje pela tarde, com palestra da Profa. Antonia Salvador da UCM, foi dado início à disciplina de tópicos especiais relacionada aos acervos fotográficos. Nosso próximo encontro está marcado para as 19:00hs (pontualmente) no CEDOC/UnB (veja google map aqui). Por favor cheguem mais cedo para não se perderem.

Todos os alunos (inclusive os que perderam a conferência de abertura) DEVEM produzir fotografias/imagens sobre o conceito de ARQUIVO e o de COLEÇÃO. As imagens devem:
  • ser originais de autoria do aluno (não vale recortar e colar da web)
  • estar identificadas na ficha descritiva que deverá ser entregue FISICAMENTE no começo da aula (uma ficha para cada imagem)
  • ter resolução mínima de 300 dpi.
Maiores detalhes podem ser vistos na página específica da disciplina neste blog (clique aqui). Ali pode-se ter acesso ao cronograma, à ficha descritiva, à explicação do programa etc.

O exposto acima também se aplica aos eventuais candidatos a aluno especial.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Disciplina com professor estrangeiro

Copiado de Biblioteca Complutense

A disciplina Tópicos Especiais em Organização da Informação – Turma A, Acervos Fotográficos, cód 382787 terá inicio amanhã às 14:00hs, dia 25/10, no auditório da FCI com palestra internacional da Profa. Antonia Salvador Benitez da Universidad Complutense de Madrid. A disciplina será ofertada de modo concentrado com aulas às 5ªs de tarde e às 2ªs, 3ªs e 4ªs de noite, de modo que não será necessário avançar por janeiro para o cumprimento da carga horária. A palestra de amanhã representa a aula inaugural da disciplina e está aberta a todos os interessados.

terça-feira, 17 de julho de 2012

BLOG SALAS DE CINEMA DO ES É NOTÍCIA


O blog http://salasdecinemadoes.blogspot.com.br/ foi matéria do Jornal A Gazeta e já renderam contribuições de imagens e depoimentos. Até o momento já foram 760 acessos e 7 países (Alemanha, EUA, Portugal, Angola, India, Rússia e Argentina).
Além disso, o projeto de pesquisa foi contemplado pelo edital 32/2012 do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo – FUNCULTURA, referente a Projetos Culturais e Concessão de Prêmio para Inventário, Conservação e Reprodução de Acervos no Estado do Espírito Santo, isso será muito importante no tratamento da informação e a ampliação das fontes disponíveis no acervo que será depositado após o tratamento no Arquivo Público Estadual do ES e disponibilizado pela Internet.

A proposta é organizar um inventário analítico do acervo que é 100% digital e compreende fotografias, entrevistas registradas em audiovisual, notícias de jornais e revistas, além de documentos de arquivos público e privados. O objetivo é que o arquivo custodiado no APEES e disponibilizado pelo Blog possibilite ampliarmos o acervo e encontrarmos mais registros das 200 salas (aproximadamente) de exibição cinematográfica que funcionaram no estado do ES.

Esse projeto de pesquisa é um trabalho do Doutorado Interinstitucional Unb-UFES, na linha de pesquisa Organização da Informação, Grupo Acervos Fotográficos e conta com a orientação do Prof. André Porto Ancona Lopez.

sábado, 7 de julho de 2012

Blog Salas de Cinema Capixaba


Boa tarde,

Quem conheceu ou quer conhecer as salas de cinema que formaram a cinelândia capixaba podem visitar o blog http://salasdecinemadoes.blogspot.com.br/.

Todos ainda tem a oportunidade de colaborarem com novas fontes, comentários e na identificação das imagens e bibliografia.

...
Um grande abraço.

André Malverdes

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Coleção de documentos imagéticos de Formiga (MG): iniciando com uma charada

Foto: coleção de Cleber Antônio Oliveira. Formiga (MG). s.d.

Através de minha amiga Aldina Soares (a quem agradeço), que postou uma foto antiga sobre Formiga (MG), conheci, no Facebook, o Cleber Antônio Oliveira, detentor de uma enorme coleção de cerca de seis mil fotos antigas*, algumas delas, muito significativas, da Rede Mineira de Viação, tema de meu projeto de doutorado. Vide aqui.


Isso provocou um redirecionamento em minha pesquisa de campo. Há que se compreender que meu projeto não se restringe a fotografias de locomotivas e estações de trem, importantes sem dúvida, mas busca sua organicidade no período econômico, social, político e cultural no qual esse meio de transporte era um dos mais importantes, principalmente para o deslocamento de passageiros e, diferentes recursos materiais em longa distância.



Assim, o acervo de Cleber, contempla um primeiro desafio de classificação desse vasto material dentro das normas que permitam sua preservação digital e fácil recuperação e um segundo, que é o de estabelecer ligações entre os documentos imagéticos da ferrovia e os que se relacionam a ele e seus vieses já citados. Em resumo, se encaixa perfeitamente dentro das propostas do DIGIFOTOWEB e poderá constituir-se em valioso patrimônio futuro.



Porém, antes de adentrar em conceitos metodológicos mais profundos, gostaria de propor uma pequena “charada” a partir de uma foto um tanto curiosa, postada por ele e debatida com também meu recente amigo, Isaac Ribeiro, mestre em história pela Universidade Federal de São João del Rey. Ambos se propuseram a fazer uma pesquisa sobre uma curiosidade presente na imagem e já indicaram o caminho correto. Certamente, irão encontrar, assim espero, os elementos reveladores dessa “charada” e mais do isso, poderão contextualizar o documento em termos de sua organicidade arquivística (iconológica), embora a curiosidade pertença ao campo da iconografia (conteúdo da imagem).



Lançado o desafio, aguardarei comentários, primeiro daqueles que conseguirem identificar a “curiosidade” expressa no documento. Segundo, e já agradecendo, quem tenha conhecimento de tal fenômeno e possa contribuir para sua elucidação, especialmente com outros exemplos, ou tendências da época.



* Apenas uma pequena parcela das fotos está presente nos álbuns de Cleber no Facebook.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Organização de acervo imagético: Arquivologia X Biblioteconomia




Os acervos imagéticos são comumente organizados a partir das técnicas existentes na Biblioteconomia, com foco nas informações encontradas a partir da imagem. A utilização da indexação de assuntos para o armazenamento e recuperação de fotografias em uma biblioteca de imagens parece suprir as necessidades desse modelo de centro de informação, uma vez que abrange diversas possibilidades de interpretação do conteúdo da imagem. Qual seria a contribuição, então, da organização de acervos fotográficos a partir de teorias da Arquivologia, como a Diplomática e a Tipologia Documental?

As coleções de bibliotecas têm como função principal o insumo, ou seja, a reutilização da informação para diversos fins, independente de seu contexto de produção. Para a Arquivologia, porém, a principal função de um acervo é a prova do cumprimento das atividades institucionais, tendo como base as relações de proveniência e contexto de produção.

Uma das contribuições para uma coleção de fotografias de uma análise Diplomática, que identifica os aspectos formais do documento e Tipológica, que consiste na “ampliação da Diplomática em direção à gênese documental” (BELLOTTO, 2002), ao conhecimento por parte do bibliotecário da real intenção da fotografia, facilitando o reconhecimento das imagens contidas no item.

A foto acima, por exemplo, seria indexada por um profissional da Biblioteconomia a partir de termos como: igreja, religião católica, praça, entre outros. Caso esse profissional não conseguisse, apenas com a foto, reconhecer a localidade onde está situada esta igreja, não seria possível a inserção dos termos que identificasse esse aspecto. Com as informações obtidas a partir das análises Diplomática e Tipológica, essa informação estaria preservada junto ao documento, e seria possível, neste caso, incluir termos que ligasse esse item à cidade de Jundiaí e outras informações importantes.

Comentário: Esse post tem como intenção iniciar uma discussão sobre os inúmeros benefícios do trabalho em conjunto dos profissionais da informação, pretendendo apenas expor um aspecto relevante da situação proposta.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Reflexão sobre características da Diplomática em documentos audiovisuais


A Diplomática identifica nos documentos as características formais que os definem. As análises de materiais não convencionais, hoje realizadas muitas vezes não permitem identificar dados típicos da Diplomática tradicional, tais como protocolos iniciais e finais. O desafio a ser enfrentado pela Diplomática especial perpassa a adaptação dos elementos tradicionais na análise dos documentos contemporâneos. Nossa preocupação relaciona-se aos registros imagéticos e audiovisuais. O material audiovisual pode ser armazenado de diversas formas, em vários formatos e diferentes suportes. A facilidade que temos hoje de manipular uma imagem de vídeo, permite que a mesma imagem em movimento seja parte integrante de diferentes arquivos ou bibliotecas. 

A análise e organização de informação de tais documentos carece de maiores definições conceituais quanto aos seus elementos constitutivos. Por exemplo: em um documento textual a identificação do protocolo e escatocolo não costuma ser problemática, mas como é que fica essa questão em um programa de telejornal? Quais seriam o protocolo e escatocolo do telejornal? Se uma empresa de telecomunicação armazena sua produção jornalística na íntegra, ou seja, com todas as partes que identificam o programa jornalístico que veiculou aquelas notícias (abertura do programa e créditos), é possível facilmente detectar características de protocolo inicial e final. Quando são armazenadas as mesmas imagens em seu formato "bruto", o seja, sem as edições finais do programa, tais características não são encontradas.

Para uma visão mais geral dessa questão veja vídeo sobre pesquisa de graduação realizada por Laila Di Pietro aqui e/ou baixe o trabalho completo a partir daqui.

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Laila Di Pietro e André Lopez

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

As construções etéreas de Brasília nas fotos de Marcel Gautherot

Fonte: copiado de http://bit.ly/aFfGEP

Marcel Gautherot me foi apresentado por Flávia Portela, arquiteta e amiga de Brasília, em uma única foto no Facebook e que ilustra o título desse post. Se for mais popular do que imaginava, vou logo confessando minha ignorância, mas a foto me chamou a atenção por ser diferente de todas as outras sobre essa tema, que já havia visto de outros fotógrafos.

Essa foto de Gautherot é instigante porque, em um primeiro momento, confere aos prédios em construção da Esplanada dos Ministérios uma sensação de etéreo, utilizando para isso a farta poeira que abundava nos canteiros de obras, fato que comentarei mais adiante.

Como é peculiar, ou melhor, recomendado pelos estudos iconológicos, fui a busca do autor com as famosas questões: a) Quem ou qual instituição solicitou essas imagens?; b) Quando e com que objetivo?; c) Por que foram preservadas e catalogadas pelo  Instituo Moreira Sales - IMS? É importante ressaltar que esse post se atém a não mais que duas  fotografias de Guautherot e, propositalmente, de uma questão muito específica, já citada no título: o etéreo.

Marcel Gautherot, nasceu em Paris, em 1910 e faleceu no Rio de Janeiro em 1996. Filho de pais pobres, mãe operária e pai pedreiro, em 1936 participa do grupo que seria responsável pela instalação do Musée de l”Homme onde é encarregado de catalogar as peças do museu, começando aí a se dedicar à fotografia. Chegou ao Brasil em 1939, supostamente influenciado pela leitura do romance Jubiabá de Jorge Amado, configurando um "convite" para conhecer um país de terras tropicais e afastado do ambiente do pós-guerra.
Tendo fixado residência no Rio de Janeiro, entra em contato com parte da elite intelectual brasileira (Carlos Drummond, Mário de Andrade, Lúcio Costa, Burle Marx, entre outros). 

Começa a fazer trabalhos de fotografia para o SPHAN, o Museu do Folclore e trabalha para a revista "O Cruzeiro". Durante sua existência, viajou por 18 estados brasileiros, constituindo um acervo de cerca de 25.000 negativos, fotografando não apenas a arquitetura mais a cultura e diversidade do povo brasileiro, acervo hoje pertencentes ao IMS.

Sobre sua experiência em Brasília, relatam Andréa Cristina Silva e Leila Beatriz Ribeiro:
"Em meados dos anos 50, a convite de Niemeyer e contratado pela NOVACAP (Companhia Urbanizadora da Nova Capital), Gautherot passa a documentar a construção de Brasília. Momento alto de sua trajetória e de sua criação como fotógrafo, as imagens de Brasília atestam o nascimento de uma nova cidade, desde o começo, até sua inauguração. Com a Rolleiflex em punho e um olhar fotográfico extremamente refinado e elegante, o francês registrou o nascimento das obras monumentais de Niemeyer e a execução paulatina do plano piloto de Lúcio Costa como num imenso making off da construção. No conjunto das imagens de Brasília podemos perceber como a arquitetura surge do vasto chão para se tornar o belo, o diferente, o monumental".

A frase final das autoras é o mote para iniciar a discussão das fotos de Gautherot: "a arquitetura surge do vasto chão". Tomado em essência, não deixa de ser uma realidade, mas o que o fotógrafo realiza, intencionalmente (ou não) é justamente essa ruptura com a engenharia, que já galgava graus de modernidade. Para tanto, utiliza a já citada farta poeira presente na construção da nova capital para "encobrir" essa sensação lógica e linear, conferindo à imagem uma perturbadora e bela sensação de do etério, do impermanente, da incerteza.

Ao examinar a imagem, a sensação que tenho é justamente da ausência de sustentabilidade, algo que confere dúvida: o que transmite vigor e segurança em construções (ou até mesmo em um trabalho acadêmico) são suas bases. Sem elas, ou se tem uma obra com a impressão de de que não será concluída ou de que a o peso dos andares superiores rechaçarão os andares inferiores, transformando tudo em ruínas.

Há outra foto que parece confirmar a "intencionalidade" de Gautherot em utilizar a poeira para "minar" as bases das construções, reproduzida a seguir. Nela, fica quase evidente que o fotógrafo aguardou a passagem de um veículo, no caso uma caminhonete, para levantar a "poeira" necessária para captar a imagem no seu momento oportuno.



Fonte: copiado de http://bit.ly/aFfGEP

Se falarmos de acervo, acredito que  essas duas imagens estejam corretamente classificadas dentro do acervo da construção Brasília, de Marcel Gautherot, pelo IMS. O que questiono é, se presentes em tantas que ilustram livros das obras da capital, principalmente de Niemeyer, apresentadas no Brasil e exterior, passaram pelo "crivo" do mesmo e seus assessores.

De profundo valor estético, em minha opinião, contradizem, ou mo mínimo, provocam certo "mal estar", não apenas na concepção arquitetônica desafiadora e quase "violenta" dos traços de Niemeyer imposta aos engenheiros da época, como na campanha nacionalista formada em torno da construção da nova capital.

Há muito que se comentar sobre Marcel Gautherot. Incógnitos e crassos erros fotográficos que poderiam ter sido eliminados (ex.: na foto da caminhonete há uma placa cortada pela metade), e não vou citar todos agora para não estender a polêmica. Há, também, curiosas similaridades que encontrei com fotos de Sebastião Salgado, futuros questionamentos a serem dirigidos a esse último, em outra ocasião.

*Niraldo Nascimento é Doutorando em Ciência da Informação (UnB) 
na linha de Pesquisa de Acervos Fotográficos

Referências: 
SILVA, Andréa C, RIBEIRO, Leila B. Ribeiro. Imagens do silêncio, imagens silenciadas – Marcel Gautherot e a construção de Brasília XXII Encontro de História - Anpuh/RJ. Disponível em <http://www.encontro2008.rj.anpuh.org/resources/content/anais/1213108979_ARQUIVO_ANDREALEILA.pdf> Acesso em 21/02/2012.
Brasília por Gautherot. Olhar sobre o mundo. Disponível em <http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/brasilia-por-gautherot/> Acesso em fevereiro de 2012.