quarta-feira, 10 de maio de 2017

Os festivais e a ponte com o meio acadêmico

Por Rodrigo Jorge


Em sua 7ª edição do Festival Foto em Pauta Tiradentes, que aconteceu entre os dias 22 a 26 de março de 2017, o que se ouvia das pessoas nas ruas históricas da cidade de Tiradentes-MG eram intensos debates sobre fotografia e suas diversas manifestações nos campos: das artes plásticas, fotojornalismo, fotografia contemporânea e o mais técnico, equipamentos e câmeras do momento.

A participação do meio acadêmico nesses festivais tem crescido bastante. Tanto o Paraty em Foco (Rio de Janeiro-RJ), FotoPoa (Porto Alegre-RG), Festival de Fotografia do Sertão (Feira de Santana - BA) e o Festival de Tiradentes (MG) pontuam em sua programação palestras e workshops com grandes nomes nacionais e internacionais ligados ao meio acadêmico. Eu não poderia ficar de fora dessa, participei do workshop "Poéticas Contemporâneas da Fotografia", que trouxe Philippe Dubois com o tema: “O tempo elástico da Fotografia Contemporânea - O tempo da imagem, como um contínuo infinito que a gente pode modular” com exemplos diversos, antigos e contemporâneos. Dividido em 3 partes: 1º - movimento imóvel, a fotografia é o instantâneo, 2º - movimento natural - o cinema como ele acontece ele passa, a vida acontece na nossa frente como a gente vê, 3º - elasticidade natural, a passagem contínua e natural da imagem. Gostaria de destacar que no início Dubois pontuou referências bibliográficas muito interessantes para o artigo. Abaixo, coloquei pontos importantes para reflexão. Não pretendi escrever um texto, e sim pontuar algumas ideias necessárias do próprio Dubois.

Download do áudio AQUI

      


Apontamentos e destaques

  • Fotografia e cinema 
  • A fotografia e o tempo elástico  
  • A linguagem da nova mídia 
  • A transformação da imagem na era digital 
  • Autores americanos - filme

Como funciona a imobilidade e o movimento na Fotografia em seu contexto histórico evolutivo?

  • O instantâneo nasce no primeiro quarto do século 19. Ele também é um movimento estético. Esse estético vai se impor na fotografia dessa época. Era obrigatório que a pose demorasse para poder surgir a fotografia. A imobilidade é obrigatória.
  • Dubois revelou pesquisa em que, a partir de recuperação de imagem por parte de historiador, a exposição demorava cerca 8 horas para fazer essa fotografia. 
  • O daguerreótipo mostrou as ruas de Paris muito movimentadas. As técnicas de Daguerre mantém entre 12 e 15 min de exposição.
  • Charles Négre utilizou o colódio úmido (1851), revelava entre um segundo e um minuto. O instante foi uma questão de conquista, uma luta contra uma exposição longa. Era muito importante reduzir o tempo de exposição.

Eadwearde Muybridge.
  • A gente espera que a fotografia realmente pode ser instantânea em torno de 1875. Ele gostaria de identificar duas pessoas importantes porque elas serão muito úteis com a articulação com cinema: Eadwearde Muybridge e Étienne-Jules Marey. Os dois se interessam pelo movimento, pela decomposição do mesmo. Isso foi importante para analisar um corpo que se mexe. 
  • Placas diferentes Muybridge e o Marey uma única placa (Cavalo Branco). Ele usava 24 câmeras diferentes, várias posições diferentes. 
  • O objetivo é demonstrar.A mesma coisa com o vôo dos pássaros, ele decompõe a posição dos animais. A mesma coisas com pessoas.

Marey (Etienne-Jules Marey)
  • Foco no movimento do corpo (cromofotografia sobre uma placa fixa e depois na placa móvel)
  • Obturador rodando no percursos da placa, com uma pequena fenda.
  • Fuzil fotográfico. A existência do cinema, são precursores do cinema.Quando o instantâneo surgiu ele auxiliou o surgimento do cinema com a imagem em movimento. A análise e a síntese são complementares. Instantâneo e a imagem cinematográfica. O instante fixado. Depois, uma foto dos irmãos Lumière (Auguste e Louis Lumière).

O instantâneo e o cinema (expressão da velocidade)

  • As invenções, “o cinema é uma invenção sem futuro”, a fumaça e o trem, sintetizam o movimento. Uma forma de mostrar que ele está indo rápido. Homem com o lençol sendo jogado no ar, o instantâneo que mostra a asa. Ele é como um acidente, como uma sorte. E sim, ele é capaz de captar esses acidentes. Capturar a vida como uma forma improvisada. 
  • Tudo isso no início do século XX. Acompanhar o movimento que oferece sentido e velocidade. Pessoa que joga tênis, outra que corre pela escada, como será que ela vai cair (o salto dela é muito bonito!).


Cartier-Bresson (HENRI)

  • O momento decisivo, o reconhecimento de um fato em uma fração de segundo. A forma dele se impor como a mais forte. O fotojornalismo é a plenitude desse instantâneo. 
  • Robert Capra, ela tem esse lado flow, e ele foi incorporado na fotografia. Caron, (Gilles) Fumaça. Fotografia científica e a fotografia publicitária com altíssima velocidade. A gota de leite, que quando ela cai e faz essa coroa.


A conclusão desse caminho - movimento natural do cinema
  • O objetivo era mostrar a imagem da forma como a gente via a imagem. As pessoas na estação de trem, e no lado direito é a saída de uma fábrica. Quando termina um dia de trabalho. Essa cena foi feita para filmagem, porém estamos vendo a vida como ela é, em movimento. Roupa de bebê, almoço do bebê com a família Lumière. As folhas mexem, isso é o mais impressionante, por que será? Que isso que atraem, isso porque eles nunca tinham vista uma filha se mexendo. A vida como ela é, tem algumas coisas diferentes. No primeiro filme eles estão demolindo uma parede. Não era possível ver na realidade. A gente só pode ver o movimento reverso numa imagem. O balão é filmado na vertical, a ideia deles foi prender no balão uma câmera, uma imagem que não é o ponto de vista humano. 
  • E finalmente, temos a primeira ideia de plano. Um bloco de espaço de tempo indivisível, …formando um conjunto de duas partes de um filme montado. A queda da parede tem 2 planos. Espaço e tempo indivisível, e o plano é instantâneo que dura. O movimento filmado é o plano o que quer dizer que é o cinema. A câmera é o espectador, o plano é a consciência cinematográfico, e o plano é uma imagem que mostra as coisas como a gente as vê. Um balé (Orson Wells (consciência e elasticidade começa está presente nesse plano). Plano contínuo, todos os movimentos vão dar essa elasticidade ao movimento. Noções de plano e continuidade. Uma continuidade do movimento.


Elasticidade temporal da imagem
  • Qual a velocidade desse movimento. A película em movimento. Placas móveis, com pedaços de 90cm, ele animava esses filmes para observar o movimento e não capturar ou fixar, como a fotografia. Experiências com as imagens, a bala com a bolha de sabão (ele dá um tiro com a bolha de sabão). Os primeiros movimentos de “timelapse”,  a posição mimética dos Lumière, e o cinema deve reproduzir o movimento como a gente o vê. Que não é mimética. Ver de outra forma para saber mais. 
  • A experiência da variação de movimento, então todas essas experiências elas produzem imagens inéditas. Didier Morin, 1985, série Carnac. Lugar na França que existem monumentos. Ele segura a câmera, coloca em longa exposição e a respiração é que faz os desenhos. No último segundo ele joga o flash o que torna a imagem branca. Pedras que se mexem. Michael Wesely, série still flowers são exemplos disso. Uma semana de exposição e uma semana de vida daquela flor. 
  • A fotografia é uma continuidade.



2 comentários:

  1. Caro Rodrigo, muito produtiva sua participação no encontro e com tempo ouvirei a palestra de Dubois.

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