terça-feira, 17 de setembro de 2019

Políticas de acesso aos primeiros documentos fotográficos de Brasília e de sua universidade, de André Lopéz.



                                                                                                       Jordana Padovani



O artigo POLÍTICAS DE ACESSO AOS PRIMEIROS DOCUMENTOS FOTOGRÁFICOS DE BRASÍLIA E DE SUA UNIVERSIDADE tem dois objetivos:

"(...) introduzir o leitor internacional à problemática da gestão e custódia dos primeiros documentos fotográficos de Brasília e levantar alguns pontos para a discussão das políticas de acesso –e de uso e apropriação comercial— das respectivas imagens".
Nesse contexto, vale destacar, de acordo com López: "A cidade de Brasília possui uma situação interessante devido à particularidade de haver sido artificialmente criada, em uma zona sem urbanização anterior, há pouco mais de 50 anos. Trata-se de uma das 100 maiores cidades do mundo, com população atual estimada em mais de 2,5 milhões de habitantes e um histórico urbano recente e muito registrado por lentes fotográficas. A construção é iniciada em 1956, no centro geográfico do Brasil. (...) A nova capital é inaugurada em 21 de abril de 1960, e, ainda hoje, muitos dos espaços e edifícios planejados no século passado continuam a ser construídos” (pp. 55-56). 
Uma relação importante, conforme López, é a que foi estabelecida entre Brasília e a UnB: "A história de Brasília e de sua universidade estão absolutamente entrelaçadas já que, desde os projetos de criação, uma não pode ser pensada sem a outra. Infelizmente, em ambos os casos, há um hiato de cerca de 25 anos entre a inauguração e a criação de um arquivo responsável pela custódia e pela gestão dos documentos permanentes, incluindo os registros fotográficos (...) A UnB, assim com a cidade que a abriga, teve sua construção fotografada. O grande destaque arquitetônico no período é o Instituto Central de Ciências, cujas obras foram iniciadas em 1967. Trata-se de um edifício com 720 metros de comprimento e 6.600 metros quadrados de área. A universidade teve, nos anos subsequentes à sua criação, sobretudo após o golpe militar de abril de 1964, importante papel no cenário político da capital, que culminou com uma invasão policial fotograficamente registrada em 1968 (2014, pp. 57-58; 60).
Destacam-se o Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) e o Centro de Documentação da Universidade de Brasília (CEDOC), que são intuições de custódia do patrimônio fotográfico brasiliense. Alguns problemas são relatados por López, tais como:
"O ArPDF e o CEDOC não possuem política clara e firme para o controle de direitos de uso e reprodução das imagens custodiadas por seus respectivos acervos, que vá além da obrigatoriedade da indicação de fonte. Se, por um lado, tal situação facilita a difusão, acesso e conhecimento das importantes imagens sobre a criação da cidade e sobre importantes acontecimentos políticos ocorridos na UnB, por outro lado, estimula a adulteração dos documentos e/ou das informações sobre os mesmos, gerando risco de perda de titularidade e de direitos" (2014, p. 65).
 Em relação às conclusões do trabalho, López pontua que:
"Tanto os documentos fotográficos sobre a origem de Brasília custodiados pelo ArPDF, como as imagens referentes à UnB, geridas pelo CEDOC, representam um valioso patrimônio fotográfico para a história da cidade e do país. Algumas imagens possuem, ainda, particular valor histórico, estético e/ou técnico. Felizmente os setores aqui analisados, a despeito das frequentes limitações que soem existir em instituições públicas deste tipo no Brasil, possuem boas instalações e laboratórios técnicos para as atividades de conservação, preservação e digitalização. Os principais problemas observados referem-se a um tratamento documental pouco eficiente, desprovido de informações contextuais, revelador da necessidade de se retomar a aplicação dos princípios arquivísticos nas atividades de identificação, contextualização, classificação e descrição dos acervos. O risco decorrente de tais deficiências acabam por comprometer um importante patrimônio documental, tanto pelo aporte de conteúdo informacional pouco relevante ou equivocado, como pela perda de controle de uso do acervo por outrem. Empresas privadas lucram com a situação, pois, com maior ou menor competência, acabam por serem as principais (ou únicas) alternativas de acesso às imagens" (2014, p. 68).


Referência:
LOPEZ, A. Políticas de acesso aos primeiros documentos fotográficos de Brasília e de sua universidade. In:ZALDUA, M. (Org.). Del Artefacto Mágico al Píxel: estudios de Fotografía. Madrid: Fadoc/UCM, 2014; p. 55-69. 

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