quarta-feira, 20 de junho de 2012

Mapeamento de conjuntos documentais fotográficos


Copiado de Photo District News

Mapeamento dos conjuntos documentais existentes no CEDOC/UnB
Luiza de Lima e Silva
(aluna de Arquivologia UnB e estagiária do CEDOC)

O acervo fotográfico do CEDOC/UnB é constituído de fotografias oriundas de várias origens. Algumas foram doações feitas por professores, outras foram doadas pela Faculdade de Comunicação. São fotografias de prédios, vestibulares, cenas do movimento estudantil, jornais da Universidade, entre outros. Com o trabalho de identificação dos conjuntos realizado no CEDOC, foi possível quantificar o vloume do acervo em aproximadamente 32.600 imagens, que seguem nenhuma ordem lógica de arquivamento. Algumas estão digitalizadas e disponíveis no Light Base Windows (o antigo sistema de banco de dados utilizado pelo CEDOC para regatar informações referentes às fotografias para pesquisa) , e outras estão no acervo físico, não digitalizadas. Outro problema apresentado se referente às informações que acompanham as fotografias. Muitas não possuem descrição arquivística e sim meramente do conteúdo da imagem, o que dificulta a recuperação dos registros, suas funções e respectivos contextos. 

Tais problemas refletem uma falta de gestão no âmbito de criação dessas fotos, o produtor deveria ter descrito e identificado o contexto arquivístico para assim ser possível recuperar as informações referentes à organicidade e à proveniência, que são os principais conceitos arquivísticos para que um documento possa ser considerado arquivístico. Segundo o Dicionário de Terminologia Arquivística, “arquivo é o conjunto de documentos que independentemente de sua natureza ou do suporte, são reunidos por acumulação ao longo das atividades de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas.” Este conceito remete à ideia dos documentos serem acumulados no desenvolvimento de atividades seguindo uma ordem e uma lógica de produção. Os conjuntos identificados no CEDOC não possuem uma lógica de produção bem delimitada, pois vieram de outros setores, ou doações, ou simplesmente "já estavam lá", o que dificulta a análise arquivística. 

O trabalho se iniciou com a identificação das fotografias que já estavam no servidor do CEDOC. No primeiro momento buscou-se identificar os conjuntos que já estavam delimitados, e posteriormente identificamos outros conjuntos que estavam espalhados pelo CEDOC e contabilizamos a quantidade de fotografias, além de termos reunido informações relevantes de cada um conjunto. Em outro momento posterior deveremos inserir esses documentos (fotografias) em uma nova base de dados, que consiga proporcionar um acesso mais eficaz --e contextualizado arquivisticamente-- às fotografias do CEDOC.  Será uma tarefa difícil, visto que contexto se perdeu e nem sempre conseguirá ser reconstruído. 

Ao analisar os conjuntos, com base nos conhecimentos arquivísticos adquiridos ao longo do curso e com apoio de bibliografia específica, conclui que os documentos (as fotografias), do caso em questão, do modo com que se apresentam, não têm qualidades arquivísticas, já que não estão relacionados ao contexto orgânico da universidade no desempenho de atividades da instituição. As fotos fora de seu contexto de produção esvazia a lógica orgânica em relação a outros documentos não imagéticos da universidade. No CEDOC os documentos estavam sendo tratados de maneira isolada, em desacordo com o princípio da proveniência e o respeito da ordem original, o que prejudica a identificação precisa de sua organicidade e inviabiliza a descrição arquivísticas das fotografias. 

O documento que foi retirado de seu contexto original de produção (objetivo pelo qual foi criado) perde seu sentido e impossibilita sua real compreensão de significado administrativo. Cada documento de arquivo tem como função principal provar a realização de atividades, juntamente com outros documentos produzidos para a realização da mesma atividade. No caso analisado não se verificou tais relações fazendo com que o acervo fotográfico do CEDOC, no modo em que se encontra atualmente, não possa ser considerado mais do que  um coleção, um banco de dados com imagens, separado de sua origem produtora e sem relações  perceptíveis com outros documentos produzidos pela instituição.


Referências Bibliográficas 

DICIONÁRIO de terminologia arquivística. São Paulo: AAB-SP; Secretaria de Estado da Cultura, 1996. 

LOPEZ, André P. A. El contexto archivístico como directriz para La gestión documental de materiales fotográficos de archivo. Universum, Talca ( Chile), v. 23, n. 2, p. 12 – 37, 2008. (Disponível aqui).

LOPEZ, André P. A. As razões e os sentidos: finalidades da produção documental e interpretação de conteúdos na organização arquivística de documentos imagéticos. 2000. Tese ( Doutorado em História Social). Programa de Pós-graduação em História Social da FFLCH- USP. São Paulo:2000. (Disponível aqui).

LOPEZ, André P.A., BORGES, L. Uma visão arquivística sobre os documentos fotográficos referentes ao decanato de ensino de graduação presente no acervo do Centro de Documentação da Universidade de Brasília. Ciência da Informação, Brasília, DF, Brasil, V. 38, n. 3, p. 160-176, set./dez. 2009. (Disponível aqui).

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Coleção de documentos imagéticos de Formiga (MG): iniciando com uma charada

Foto: coleção de Cleber Antônio Oliveira. Formiga (MG). s.d.

Através de minha amiga Aldina Soares (a quem agradeço), que postou uma foto antiga sobre Formiga (MG), conheci, no Facebook, o Cleber Antônio Oliveira, detentor de uma enorme coleção de cerca de seis mil fotos antigas*, algumas delas, muito significativas, da Rede Mineira de Viação, tema de meu projeto de doutorado. Vide aqui.


Isso provocou um redirecionamento em minha pesquisa de campo. Há que se compreender que meu projeto não se restringe a fotografias de locomotivas e estações de trem, importantes sem dúvida, mas busca sua organicidade no período econômico, social, político e cultural no qual esse meio de transporte era um dos mais importantes, principalmente para o deslocamento de passageiros e, diferentes recursos materiais em longa distância.



Assim, o acervo de Cleber, contempla um primeiro desafio de classificação desse vasto material dentro das normas que permitam sua preservação digital e fácil recuperação e um segundo, que é o de estabelecer ligações entre os documentos imagéticos da ferrovia e os que se relacionam a ele e seus vieses já citados. Em resumo, se encaixa perfeitamente dentro das propostas do DIGIFOTOWEB e poderá constituir-se em valioso patrimônio futuro.



Porém, antes de adentrar em conceitos metodológicos mais profundos, gostaria de propor uma pequena “charada” a partir de uma foto um tanto curiosa, postada por ele e debatida com também meu recente amigo, Isaac Ribeiro, mestre em história pela Universidade Federal de São João del Rey. Ambos se propuseram a fazer uma pesquisa sobre uma curiosidade presente na imagem e já indicaram o caminho correto. Certamente, irão encontrar, assim espero, os elementos reveladores dessa “charada” e mais do isso, poderão contextualizar o documento em termos de sua organicidade arquivística (iconológica), embora a curiosidade pertença ao campo da iconografia (conteúdo da imagem).



Lançado o desafio, aguardarei comentários, primeiro daqueles que conseguirem identificar a “curiosidade” expressa no documento. Segundo, e já agradecendo, quem tenha conhecimento de tal fenômeno e possa contribuir para sua elucidação, especialmente com outros exemplos, ou tendências da época.



* Apenas uma pequena parcela das fotos está presente nos álbuns de Cleber no Facebook.