quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Documentos administrativos imagéticos com atributos estéticos

Copiado de Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
Olhe atentamente para essa imagem. O que será que ela representa? Uma flor? Um miolo de um girassol? Sim. Mas como documento imagético, qual teria sido a função que estaria por detrás de sua produção? Em resposta a quais necessidades administrativas ele teria sido preservado? A identificação de uma sequência numérica especial reproduzida nos padrões dos estames é uma informação relevante porém tampouco nos dá maiores informações sobre a produção de tal informação imagética.
Copiado de Galeria do projeto Biocenas na Faperj

 


Somente o contexto de sua produção administrativa, que no caso dos documentos imagéticos, costumam não estar presentes no próprio documento, é capaz de responder às importantes questões que nos levarão a entender os porquês da existência, preservação e eventual uso da informação. A dissociação da informação imagética em relação às informações administrativas é o que permite que registros fotográficos feitos para atender demandas de uma pesquisa científica tenham sido objeto de uma exposição, que selecionou as imagens em função de atributos estéticos. Nesse caso não se trata da reciclagem da informação imagética de um documento administrativo para uma informação estética, uma vez que as imagens já foram geradas com essa dupla finalidade.
Copiado de matéria sobre o projeto Biocenas na Faperf 
Mais fotos podem ser encontradas na página do projeto aqui.

Leia notícia no boletim da FAPERJ aqui.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Fotografia ou documento fotográfico?


O termo fotografia está ligado, sobretudo, a uma técnica de sensibilização foto-química. Assim, um registro fotográfico não é, a priori, do gênero imagético (ou visual), existindo casos de reproduções fotográficas de textos, como o microfilme. A conceituação da fotografia enquanto técnica a desqualificaria tanto como espécie, quanto como suporte (papel fotográfico, diacetato, negativo de vidro etc.).

A espécie documental é considerada como a “configuração que assume um documento de acordo com a disposição e a natureza das informações nele contidas” (Cf. DICIONÁRIO de terminologia arquivística, 1996). Por falta de uma denominação melhor, podemos considerar documento fotográfico, definido pela utilização da técnica fotográfica associada ao gênero imagético, como uma espécie documental. A definição de tal espécie pressupõe que a imagem fotográfica seja a única informação presente no documento. Assim, os cartões postais, por exemplo, constituirão uma outra espécie, a despeito de, geralmente, trazerem uma imagem fotográfica impressa na frente.

A forma corresponde ao “estágio de preparação e transmissão de documentos” (Cf. DICIONÁRIO de terminologia arquivística,1996). As várias fases da espécie documento fotográfico correspondem a etapas distintas da mesma informação ao longo do trâmite, definindo, portanto, formas. Assim, tendo como referência os documentos finais — aptos a produzir conseqüências —, pode-se identificar, preliminarmente, no documento fotográfico, as seguintes formas:
  • Positivo final: é, por excelência, o documento final; pode ser obtido tanto pela captação direta da luz emitida pela cena real (daguerreótipo, polaroid, diapositivos) como por intermédio de um negativo ou de recursos digitais.
  • Negativo fotográfico: intermediário entre a cena e a imagem final, possibilita tanto uma escolha dos materiais a serem transformados em positivos, como utilizações posteriores e múltiplas da mesma imagem em documentos distintos. Deixa de existir na fotografia digital.
  • Positivo instrumental de contato: produzido a partir de negativos de pequeno formato, apenas para permitir uma visualização mais precisa da imagem. Costuma ser feito tanto por instituições de guarda de acervos fotográficos — destinados à escolha dos positivos ampliados a serem consultados (os documentos finais) —, como por fotógrafos e agências de notícias — para a seleção das imagens a serem reproduzidas, as quais se tornarão documentos finais. É substituído por visualizadores de baixa resolução ou de tipo thumbnail para as imagens digitais.
A utilização da imagem fotográfica em outros documentos (postais, livros, jornais, cartazes, camisetas etc.) supõe a definição de outras espécies e formas documentais, onde a informação fotográfica imagética entra como um componente. A confecção de matrizes, fotolitos etc., destinados a cópia de imagens para outros materiais também cria novas formas documentais.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Nuvem de tags do DigifotoWeb


Um das novas tecnologias de representação da informação é a nuvem de tags, que hierarquiza a frequência dos termos mais utilizados como representações visuais. Existem vários métodos de exibição e confecção das nuvens. As melhores buscarão ter mais efetividade quanto à precisão da representação gráfica das palavras. 

A construção acima visou apenas criar um interessante efeito estético, que permite, com representações textuais, discutir as fronteiras entre escrita e imagem e representa uma varredura do neste blog, com alguns ajustes absolutamente arbitrários. Ela foi construída a partir de uma dica de Carlos Duarte Jr. em seu blog de pesquisa. A ferramenta on-line indicada permite escolha de cores, de quantidade de palavras, de orientação do texto, de exclusão de palavras irrelevantes etc. 

Acesse aqui o blog "Métodos linguísticos na descoberta de conhecimento em texto", e conheça um pouco mais sobre essa técnica além de poder brincar com o editor de tags e sentir-se um meio poeta concreto... 

domingo, 1 de agosto de 2010

A importância do formato no documento fotográfico



O termo "fotografia" é extremamente genérico e indica muito mais uma técnica de obtenção e reprodução de informações visuais do que uma espécie documental. A importância do documento físico vai além da questão técnica da fixação e preservação da informação. Muitos projetos de digitalização estão sendo realizados como vistas a substituir o contato com o objeto original, para a uma melhor preservação. Até aí tudo bem. O problema ocorre quando se entende, equivocadamente, que a cópia digital é capaz de preservar todos os atributos informativos do documento original. Esse raciocínio, felizmente costuma não generalizar a eficácia dessa técnica aos documentos de valor museal, nos quais o objeto físico, por sua aura, supera em importância a informação imagética. Mas e os documentos imagéticos de arquivo? Seriam eles passíveis de substituição por clones digitais sem perda relevante de informação documental?

É sempre importante alertar que em um documento fotográfico, diplomaticamente falando, tanto o suporte como o formato são cruciais. A digitalização tão somente reproduz a informação visual. com significante perda do valor informativo do documento, como ocorre a imagem que ilustra este post. A eliminação do suporte, como variável informativa relevante, a partir da reprodução de imagens, muitas vezes persegue, sem se dar conta, a quimera do mítico objeto bidimensional, ao entender que "imagem + suporte físico = imagem digitalizada". Seguidores de tal falácia acabam por inserir nos planos de classificação arquivísitcos os nada específicos "objetos tri-dimensionais", como se uma simples folha manuscrita de papel não fosse nem objeto e nem tridimensional. Com esse modo de proceder os documentalistas serão condenados a passar o resto da existência como o lenhador de Borges, procurando o mítico disco de Odin, caído de cabeça para baixo. (Leia aqui o conto "El disco" de Jorge Luis Borges). 

A imagem acima, se pensada bidimensionalmente representaria, no âmbito da análise pré-iconográfica de Panofsky, mísseis disparados de uma aeronave de guerra destinados a um alvo distante e à frente. A dimensão dela como objeto tridimensional, flexível, cuja largura deve ser do tamanho de um poste, nos passa uma mensagem completamente oposta:


Somente com a disposição circular da informação visual é que o documento passa a ter sua mensagem compreendida. Nesse caso, é a imagem que propicia a atribuição de sentido ao elemento textual: "what goes around comes around". Este cartaz, junto com mais outros três, perfazem um kit de propaganda pacifista contrária a invasão estadunidense ao Iraque:





Acesse aqui blog com as fotos com o "efeito bumerangue" desses cartazes.