segunda-feira, 9 de setembro de 2019

El contexto archivístico como directriz para la gestión documental de materiales fotográficos de archivo - André Porto Ancona Lopez

Por Rafael Dias da Silva

Sobre o artigo, que será discutido na matéria Gestão de Documentos Fotográficos, a ideia é apresentar 3 pontos que nos chamaram mais a atenção. Esses pontos deverão ser postados no Blog do GPAF e debatidos em sala de aula.

Resumo:



Dadas as especificidades dos documentos imagéticos, o autor propõe algumas diretrizes para o gerenciamento documental de materiais de arquivos fotográficos. A dificuldade de recompor os motivos da produção documental leva a que vários modelos atuais partam das informações visuais como referenciais para a organização documental, desconsiderando os dados arquivísticos. Caso o documento disponível não seja adequadamente contextualizado, o valor probatório dos documentos de primeira e segunda idade pode ser comprometido, assim como o acesso aos documentos permanentes. Autores consagrados destacam a necessidade de contemplar dados geracionais para que não ocorra a perda da autenticidade do registro fotográfico. Para tornar o gerenciamento de documentos do arquivo fotográfico de arquivo mais eficiente, tenta-se relacionar no projeto DIGIFOTO/CNPq, elementos de informação visual (apoiados em referências de Panofsky), com dados de organicidade arquivística. Os princípios do DIGIFOTO devem ser sistematizados em um sistema eletrônico para registro, gestão, descrição - inspirada na norma Isad (g) - e acesso a materiais de arquivo.


INFORMAÇÃO FOTOGRÁFICA E DOCUMENTO DE ARQUIVO FOTOGRÁFICO

Torcida de Futebol
Detalhe da faixa


Este documento é um recorte de jornal que faz parte da coleção pessoal do Sr. Emiliano de Andrade. Ele está localizado na sua carteira juntamente à seus documentos pessoais - Carteira de Identidade, Carteira de Motorista, etc. - ao lado de outros de natureza afetiva, como fotografia da esposa, do neto, etc. O recorte - como documento do Sr. Emiliano - é único, apesar de as informações veiculadas (a imagem) serem apresentadas como uma forma de reciclagem. De fato, o documento de interesse do historiador do período após 1964 é a notícia do jornal, associada à imagem que o acompanha, e não o recorte do Sr. Emiliano, apesar de ser portador de uma imagem tecnicamente idêntica. A importância da notícia como evento jornalístico - foi a primeira manifestação a favor da anistia feita por uma torcida de futebol, uma das maiores do Brasil - geralmente se destaca da função exercida pelo documento nas atividades do titular do acervo.

A mesma imagem foi usada para criar documentos diferentes, com diferentes funções e propriedade. A tabela abaixo exemplifica as transformações produzidas na imagem do ponto de vista do contexto documental:


Diferentes contextos da imagem da torcida de futebol

A imagem da torcida do Corinthians representa uma informação que foi reproduzida em diferentes documentos desde a sua criação até a reprodução do recorte neste trabalho. Em cada um desses momentos, a informação primária permanece constante; a imagem em si se mantém praticamente inalterada, exceto por algumas modificações em sua resolução gráfica. No entanto, em cada caso, ele integra um novo documento, com funções e direitos diferenciados (o que é significativo para a contextualização documental). Apresenta também mudanças no suporte documental (negativo, positivo, fotolito, papel de jornal, disco magnético, papel alcalino), na técnica de reprodução (fotografia, impressão gráfica, impressão computadorizada) e na espécie documental.

A DESCRIÇÃO ARQUIVISTA E ISAD (g)

A Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística, mais conhecida por seu acrônimo, Isad (g), é o resultado de uma tentativa de estabelecer um padrão mundial para descrição de arquivo pelo Conselho Internacional de Arquivos (CIA). Hoje, e principalmente devido ao grande avanço da Internet, a disseminação e discussão da norma tem sido bastante extensa. Em vários sites, como o do Arquivo Nacional ou o da Associação de Arquivistas de São Paulo (Arq-Sp), divulgam um grande número de textos e informações arquivísticas, permitindo uma melhor divulgação de materiais normativos e, portanto, uma discussão mais profunda entre o crescente número de especialistas e técnicos. No Brasil, o Conselho Nacional de Arquivos (Conarq) criou, em setembro de 2001, a Câmara Técnica de Normalização da Descrição Arquivística (CTNDA), com o objetivo de desenvolver padrões nacionais para a aplicação da Isad (g), que culminou na publicação de uma norma brasileira, a Nobrade, em 2006.

O PROJETO DIGIFOTO / CNPq E A PROPOSTA DE ISADFOTO

O projeto "Mapeamento e digitalização de documentos fotográficos de Maringá e arredores", DIGIFOTO-CNPQ, foi desenvolvido pelo Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá (DHI-UEM), em colaboração com o Departamento de Ciência da Informação e Documentação da Universidade de Brasília (CID-UnB), recebendo apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A pesquisa, realizada entre agosto de 2003 e janeiro de 2006, analisou coleções fotográficas nas cidades de Maringá, Cianorte, Santa Fé e Itambé, referentes à região norte do Estado do Paraná, Brasil, posteriormente efetuando a digitalização de uma parte das imagens presentes nos conjuntos de documentais localizados. A proposta tentou inter-relacionar os registros fotográficos da memória urbana com os das memórias pessoais e os das memórias políticas. Dessa forma, foram mapeados os dados das instituições com potencial de pesquisa na região e em cada uma delas foram destacados os conjuntos documentais de possível interesse. Tais dados levaram à seleção final dos documentos que seriam digitalizados. Note-se que em nenhum momento foi buscada uma dimensão mais abrangente e universal. As fontes foram escolhidas subjetivamente, dependendo das pesquisas históricas que estavam sendo desenvolvidas. Nesse sentido, foram feitas tentativas para apontar sistematicamente várias informações que podem servir de ponto de partida para outras pesquisas, seja pelo uso das mesmas fontes ou pela extensão de dados, com novas instituições e/ou conjuntos e/ou imagens digitalizadas.

A proposta de descrição de materiais de arquivo fotográfico tentou contemplar as especificidades desse material, principalmente no que se refere à articulação entre as instituições (ou detentores pessoais), os cenários, as atividades e os documentos fotográficos. O resultado final é mais do que um instrumento de pesquisa, reflete o desenvolvimento inicial de uma metodologia para o tratamento da informação fotográfica. Essa metodologia visa construir uma solução prática, em termos de inovação, para a relação tensa entre a origem do arquivo e a descrição do conteúdo, que há muito tempo é discutida na literatura existente sobre o assunto. O banco de dados buscou enriquecer os elementos informativos fundamentais para uma correta contextualização e uma maior compreensão das fontes documentais pelo pesquisador que as utiliza, como pode ser visto abaixo, na reprodução de um registro:

Reprodução da ficha do banco de dados DIGIFOTO/CNPq


Uma vez finalizado o DIGIFOTO / CNPq, inicia-se o ISADFOTO, que pretende incorporar as diretrizes internacionais proclamadas pela Isad (g), encaradas como um formato de saída de informações relevantes dos instrumentos tradicionais de pesquisa. A relação entre Isad (g) e os instrumentos de pesquisa pressupõe uma revisão dos conceitos de inventário e catálogo e, no caso de documentos fotográficos de arquivo, uma rediscussão sobre a diplomática e tipologia desse material. Como resultado principal, o ISADFOTO sugere a elaboração de uma proposta, a partir da experiência anterior, capaz de relacionar as especificidades do documento fotográfico com os princípios arquivísticos. O resultado deverá ser apresentado na forma de um aplicativo que concilie as propostas da norma internacional com os fundamentais dados contextuais exigidos pelos tradicionais instrumentos arquivísticos de pesquisa.

Referência:

LOPEZ, A. El contexto archivístico como directriz para la gestión documental de materiales fotográficos de archivo. Universum, Talca, v.23, n.2, p. 12-37, 2008. Disponível em: <https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?pid=S0718-23762008000200002&script=sci_arttext> Acesso em 09 de setembro de 2019.

Um comentário:

  1. Tendo sido publicado em 2008 e considerando os rápidos avanços da tecnologia a cada ano, quando o autor diz que "la diseminación de imágenes digitales ha ampliado la polémica existente sobre el estatuto del documento fotográfico", acho que um bom tema para discussão é o que foi feito nos últimos dez anos, considerando a autonomia do documento fotográfico?

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