Fonte: Imagem cedida pelo CEDOC-UNB |
Para uma imagem fotográfica se tornar um documento de arquivo, é preciso deslocar o nosso olhar para além do que se vê, ou seja, deve-se olhar o que está por trás do que se vê. É preciso conduzir o deslocamento para o valor informativo baseado no seu conteúdo em uma análise do percurso de produção da imagem, investigando a atuação dos envolvidos na criação do documento fotográfico. Este enfoque tem um alinhamento na visão de Lopez (2000) e Lacerda (2008) que consideram o documento fotográfico numa perspectiva orgânica.
Tais autores usam a diplomática como um método de análise documental na fotografia que ajuda a investigar a relação da imagem com o seu contexto funcional de criação. De acordo com eles, a análise permite problematizar as fotografias para além de sua dimensão factual e de conteúdo, descolando assim o olhar para a sua materialidade como documento (traço, vestígio, reflexo de uma ação determinada, de documentar para um propósito num tempo e num contexto específico).
Tais autores usam a diplomática como um método de análise documental na fotografia que ajuda a investigar a relação da imagem com o seu contexto funcional de criação. De acordo com eles, a análise permite problematizar as fotografias para além de sua dimensão factual e de conteúdo, descolando assim o olhar para a sua materialidade como documento (traço, vestígio, reflexo de uma ação determinada, de documentar para um propósito num tempo e num contexto específico).
Desta forma, podemos entender de acordo com Lacerda (2008, p. 122) que o autor de uma fotografia “é mais do que apenas o fotógrafo”. É um dos elos de uma cadeia de responsáveis, a qual vai desde a decisão da necessidade de documentar um fato por meio da produção de imagens, passando pelas discussões sobre como deverão ser produzidas, até o ponto em que são trabalhadas, tendo em vista uma idéia do produto final e visando compor determinada situação de comunicação dentro de um contexto administrativo e funcional.
Ademais a busca do contexto funcional é mais do que necessária para as fotografias, principalmente porque estas não trazem em si as informações das decisões metodológicas e teóricas que deram suporte a sua existência, o que difere do documento textual que já vem identificado o autor, destinatário, assunto, data, local, etc. (LACERDA, 2008).
Nem tudo é tão simples quanto parece...
Na 1ª foto acima, temos algumas impressões, uma fachada... Iluminação direcionada... A fotografia foi tirada a noite... Será???? No entanto ela nos dá uma série de impressões que talvez não seja o que estamos vendo. Como não trás nenhuma descrição, provavelmente, iremos fazer a descrição dela da forma que entendermos pelo que a visão nos fornece de informação. E a 2ª segunda fotografia?????? O que então poderíamos dizer...
Referências
Lopez, André Porto Ancona. Documento de arquivo como produto/vetor do contexto histórico-cultural. In: As razões e os sentidos: finalidades da produção documental e interpretação de conteúdos na organização arquivística de documentos imagéticos. Tese de Doutoramento. São Paulo: Programa de Pós-Graduação em História Social da Fflch-Usp, 2000.
Lacerda, Aline. Fotografia como documento de arquivo. In: A fotografia nos arquivos: a produção de documentos fotográficos da Fundação Rockefeller durante o combate à Febre Amarela no Brasil. Tese de Doutoramento. São Paulo: FFLCH-USP, 2008.
Cléofas Minari Righetti
Luiz Carlos Flôres de Assumpção
Da mesma forma é a segunda foto, é muito difícil considerarmos como verídicas informações que passam daquilo que pode ser visto. Aliás, até aquilo que pode ser visto muitas vezes é interpretado de maneira errônea. Seria necessário investigar tudo o que está por trás da imagem passada e entender o momento em que a foto foi tirada, bem como os motivos que a gerou.
ResponderExcluirPost muito bom, que transmite claramente as ideias que sempre discutimos no nosso grupo de pesquisa.
Parabéns!