A influência do olhar... Será que o que descrevemos realmente é o que vemos? Se tratarmos essa pergunta sob o olhar de alguns pensadores da arte e principalmente sobre o registro imagético poderemos ter um entendimento desta complexidade. No entanto, essa questão já era tratada na visão da arte em si, vamos perceber que essa complexidade não é de agora. Assim, iremos buscar um pouco do entendimento na visão de Panofsky (2009) e Grombrich (2008) os dois trazem uma luz nestas questões tanto no campo da arte quanto da cognição, no entanto, quando nos referimos a cognição, estamos falando da bagagem (conhecimento e experiências acumuladas) que cada um de nos trazemos a tona ao fazer uma descrição do que vemos (interpretação da coisa que nos apresenta, podendo ser uma obra de arte, fotografia ou um objeto qualquer). Na fotografia, diz-se que é possível captar todo o que está sob o ângulo da lente, no entanto, esta captação está sob a influência de quem aponta a lente, quais as intenções estão por traz da intenção de apontar a lente, porém ao observar isso do ponto de vista do artista, temos a influência de quem está fazendo a representação e de quem a encomendou, isso não difere do caso da fotografia que esteja num contexto institucional e administrativo, pois a captação e a representação destes dois contextos vão sofrer a influência do ambiente (aqui, denominado de as condições em que se aponta uma lente ou de quando se está sendo pintada uma obra), a exemplo, temos um garoto sendo pintado ou desenhado por um grupo, será igual a representação em todos os desenhos? De acordo com Panosfsky (2009) uma coisa é certa: Quanto mais a proporção de ênfase na idéia e forma se aproxima de um estado de equilíbrio, mais a obra revelará o que chama “conteúdo”, ou cada vez mais se adaptará a intenção original das obras.
Fonte: Imagem cedida pelo CEDOC-UNB |
Fonte: Imagem cedida pelo CEDOC-UNB |
Fonte: Imagem cedida pelo CEDOC-UNB |
Os organizadores de acervos de documentos imagéticos tendem, muitas vezes, a valorizar os conteúdos informativos da imagem, ao invés de seu contexto de produção, isto é, os motivos pelos quais os documentos foram produzidos. Deste modo, tem-se buscado, tanto para os procedimentos do arranjo, como para a descrição documental, a inserção dos “conteúdos” de cada imagem em imensos bandos de dados, alimentados pela ilusão (quase cientificista) de que esta classificação detalhada é satisfatória para dar conta de todas (ou quase todas) as buscas possíveis. Assim, assume-se uma determinada interpretação da imagem como a única “leitura” correta, ou, ao menos, como a mais “objetiva”. Capaz de sintetizar, de modo quase universal, as imagens em questão. Como exemplo, podemos citar o uso do método de unitermos o descritores recomendado por diversos manuais nacionais, os quais, aliás, encaram os arquivos fotográficos como uma categoria à parte dos demais arquivos, muitas vezes denominado-os de “arquivos especiais”.
Nas fotografias utilizadas nos exemplos acima, seriamos capazes de poder fazer a descrição de forma satisfatória? Mesmo sabendo que elas fazem parte de um contexto institucional administrativo – UNB/CEDOC? Subentende-se no entanto, por pertencerem a um arquivo institucional deveriam então dar-nos condições para tal. De acordo com Lopez (1999) isso não é possível, faltam elementos que nos dêem subsídios para isso, principalmente se entendermos os pontos de vista elencados nas obras de Panofsky e Gombrich.
Referências
GOMBRICH, E.H. A História da Arte. 16. ed. Trad. Álvaro Cabral.Rio de Janeiro: LTC, 2008._________, E.H. Atre e Ilusão: Um estudo da psicologia da representação pictórica. 4 ed. Trad. Raul de Sá Barbosa. São Paulo: WFMMartins Foncesa, 2007.LOPEZ, André P. A. Documentos imagéticos de arquivo: Uma tentativa de utilização de alguns conceitos de Panofsky. Sinopses São Paulo n.31 p. 49-55 jun. 1999.PANOSFSKY, Erwin. Significado das Artes Visuais. 3. ed. 3. reimp. Trad. Maria C.F. Kneese e J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2009.
Luiz Carlos Flôres de Assumpão e Cleofas Minari Righetti
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