El Fotoperiodismo Y La Guerra de Malvinas:
Una Batalla Simbólica
Cora Gamarnik
“El paso que acabamos
de dar se ha decidido sin tener en cuenta cálculo político alguno”.
L. F. Galtieri,
presidente de facto, mensaje al país, 3 de abril de 1982
Por José Henrik Zomer
A fotografia de imprensa durante o conflito das Malvinas - e o uso subseqüente dessas imagens - faz parte das batalhas simbólicas que ocorreram em torno da guerra entre a Argentina e a Grã-Bretanha em 1982.
Para o público em geral, a
"guerra" só poderia ganhar visibilidade através da mídia. Estes foram
de fato transformados em um espaço de batalha extra, enquanto as fotografias da
imprensa faziam parte dela.
Jornais e revistas de massa tornaram-se
a espinha dorsal do apoio à "recuperação" das ilhas e a fotografia
desempenhou um papel funcional nessa história, mas não como mera ilustração,
mas como protagonista.
Fotografias de imprensa são
transformadas em ferramentas privilegiadas para a construção de sentido e
análise histórica. São também "veículos de memória" através dos quais
se constrói uma visão da história.3 Portanto, consideramos que as fotografias
da imprensa obtidas e publicadas durante a Guerra das Malvinas em geral, e em 2
de abril de 1982 em particular, foram parte das batalhas simbólicas que
ocorreram (e ainda ocorrem hoje) ao reconstruir, lembrar ou comemorar o
conflito.
Antes de Malvinas
Em março de 1982 a ditadura
militar argentina atravessava um crise de legitimidade frente aos organismos de
direitos humanos com publicações de detentos desaparecidos concomitante a uma
crise econômica, surgindo a mobilização “Pão, paz e trabalho”, marcha reprimida
com veemência pela polícia. Ademais a repressão, fotógrafos capturaram imagens que
vivificaram a manifestação e o regime ditatorial, golpeando, arrastando e
detendo manifestantes.
1. Buenos
Aires, 30 de marzo de 1982. Fotógrafo: Daniel García.
A partir desses acontecimentos, começou-se
a reprimir mais do que antes os fotógrafos de imprensa, pois era necessário impedir
a publicação de imagens. A marcha evidenciou um nível de mobilização popular
graças aos fotógrafos.
2. Buenos
Aires, 30 de marzo de 1982. Fotógrafo: Pablo Lasansky
Três dias depois dessa
mobilização, quando centenas de manifestantes ainda estavam sendo detidos, as
forças armadas desembarcaram, surpreendentemente para todo o país (embora não
para alguns meios de comunicação), nas Ilhas Malvinas.
O desembarque não foi uma
resposta à manifestação de 30 de março, como é dito sem nenhum apoio histórico,
mas sem dúvida estão conectadas.
A partir de 2 de abril, a
Argentina se transformou em um cenário em que a "unidade do povo e do
governo" contra o "colonialismo inglês" era representada dia
após dia. As fotos publicadas de forma homogênea em toda a imprensa ajudaram a
forjar a imagem do apoio monolítico à decisão da Junta Militar.
3.Buenos
Aires, 30 de marzo de 1982. El reportero gráfico Román Von Ekstein es
perseguido por la policía. Fotógrafo: Lucio Solari.
Malvinas: Desembarque e a tomada da ilha
Operação Rosario, como foi
chamado a operação da tomada das ilhas pela ditadura Argentina, baseou-se em
duas premissas falsas e contraditórias: a primeira era que antes da ocupação
militar das ilhas, a Grã-Bretanha não reagiria militarmente, mas apenas diplomaticamente
em fóruns internacionais; e a segunda, que os Estados Unidos não apoiariam a
Grã-Bretanha no caso de um eventual conflito.
Do mesmo modo, a decisão de “recuperar”
as ilhas se baseavam em questões complexas, a Junta Militar Argentina estar desprestigiada
por conta da crise econômica e por denúncias de repressões ilegais frente ao
sentimento popular de reclamar a soberania territorial nas ilhas.
4. Buenos
Aires, 30 de marzo de 1982. El reportero gráfico Rudy Hanak perseguido por un
policía. Fotógrafo: Mario Manusia.
Segundo a opinião de muitos investigadores,
as verdadeiras razões para o desembarque eram a estreita relação entre a crise
econômica e a política institucional que a Junta Militar estava passando e a
idéia de "encontrar um assunto que galvanizasse a opinião pública para se
livrar das pressões internos”.
Foram definidas três diretrizes
para a execução da captura das ilhas:
- O segredo
militar absoluto (a “recuperação” começou a ser desenvolvida no final de 1981);
- Que não haveria
baixas inglesas ou kelpers (residentes); e
- Que duraria
o mínimo possível.
A idéia original era pegar as Malvinas,
deixar cerca de quinhentos homens nas ilhas e continuar as
negociações através do canal diplomático. As forças armadas planejaram o
desembarque como um grande ato simbólico para depois retirar e negociar.
Para apresentar o feito, em 26 de março
daquele ano, a junta desenhou realizar uma foto falsa, levando 3 especialistas,
dois cronistas (José María Enzo Camarotti, especialista em temas militares do diário
La Razón, e Salvador Fernández, do diário La Nueva Provincia, de Bahía Blanca12)
e um fotógrafo, Osvaldo Zurlo, também de La Nueva Provincia, cuja tarefa era
usualmente fotografia os exercícios na Marina da Bahía Blanca, totalizando um
contingente de 914 homens.
No dia 2 de abril, às 10 horas, a rádio e
a televisão argentinas transmitiram o primeiro comunicado da Junta Militar,
anunciando que, em uma ação combinada das três forças, o país
"recuperou" as Ilhas Malvinas.
O falso Iwo Jima
A única foto de O. Zurlo durante o desembarque de 2 de abril
foi de um soldado inglês dobrando sua bandeira. As demais são de militares
argentinos em postos de comandos ou fotos dele próprio.
5. Tapa del diario La Nueva Provincia,
3 de de abril de 1982.
O Estado-Maior distribuiu as agências de notícias locais e a mídia
em geral, outra foto da captura das Malvinas, onde cinco soldados foram vistos
segurando uma bandeira argentina, de autenticidade questionável, visto não se
tratar de uma telefoto e não ter nenhum avião voltado da ilha nesse tempo (a
foto foi disponibilizada no mesmo dia, poucas horas após o desembaque).
De qualquer forma, vários jornais matutinos publicaram em sua capa no dia
seguinte. Na verdade, era uma foto armada no terreno da
Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), imitação da famosa fotografia de Joe
Rosenthal, fotógrafo da agência The Associated Press, em Iwo Jima, Japão, em
1945.
6.Foto tomada en la ESMA (Escuela de Mecánica
de la Armada). Probablemente el 1 de abril 1982.
As fotos de 2 de abril: a rendição inglesa
As fotografias que ficaram mundialmente
famosas sobre o desembarque argentino e a rendição inglesa não foram as
originalmente planejadas, pelas Forças Armadas Argentinas e sim as obtidas na
madrugada de 2 de abril de 1982 pelo fotógrafo Rafael Wollmann, demitido da
revista Gente y la Actualidad por
contenção de custos (juntamento com outros 3 fotógrafos, Eduardo Bottaro, Tito
La Penna e Silvio Zuccheri, que posteriormente fundaram uma agência
independente, denominada Imagen
Latinoamerica ILA) e estava trabalhando nas Malvinas como correspondente
internacional para editoriais como a
francesa Gamma., que aceitou uma
proposta de documentar a ilha.
Como Wollmann falava bem inglês, realizaria a
reportagem e, graças a conhecidos argentinos, consegui a “tarjeta blanca”, documento para acesso livre às ilhas, emitido e
aprovado de forma conjunta entre a embaixada Inglês e Chancelaria Argentina.
Em 23 de março Wollmann viajou às
ilhas, estando junto ao governado inglês, registrando paisagens, moradores, flora
e fauna. Em 30 de março, Wollmann já havia terminado o trabalho para a Gamma, mas seus colegas da ILA, sabedores
da movimentação, pediram a ele que ficasse mais alguns dias "apenas no
caso".
As imagens
da “humillación”
Wollmann não era o único fotógrafo na ilha em 2 de abril. Estavam os fotógrafos levados pelas Forças Armadas Argentinas, jornalistas ingleses e soldados argentinos que levaram suas câmeras. Sabe-se que registraram-se muitas imagens daquele dia, porém nenhuma com a qualidade, capacidade de síntese e a repercussão que as realizadas por Wollmann.
“El primero de abril estaba cenando cordero
en el comedor del Upland Goose Hotel, de Port Stanley. A las ocho se
interrumpió la transmisión radial y el gobernador inglés, Rex Hunt, anunció con
voz pausada y nerviosa la invasión argentina. Todos en el comedor me miraron a mí.
A los pocos argentinos residentes en Malvinas los llevaron a la Municipalidad
pero a mí me respetaron mi condición de reportero gráfico y me pude mover con
libertad. Tratando de pasar lo más desapercibido posible pude registrar todo lo
que sucedió […]. Sin querer, esa noche, de cronista de costumbres pasé a
corresponsal de guerra”, relata Rafael Wollmann.
Wollmann ficou hospeda na junto a
residência oficial do governador Rex Hunt, onde, ao amanhecer, registrou suas
primeiras fotos: após uma troca de palavras e tiros entre os militares ingleses
e argentinos, os britânicos se rendem e, ao lado da casa do governador, os
soldados começam a entregar suas armas. Wollmann saiu da casa e começou a
registrar fotos da situação. Como os argentinos trouxeram fotógrafos, não viram
problemas em Wollann realizar os registros e ele pode fotografar sem censura
inglese nem militar argentina.
Estavam na casa do governador
quando chegou a notícia de que os prisioneiros foram colocados “cuerpo a tierra” para serem revistados.
Carlos Büsser (chefe do Corpo de Fuzileiros Navais da Argentina, encarregado de
dirigir a operação de pouso nas ilhas) de rapidamente resolver a situação,
visto os ingleses já terem se rendido, porém Wollmann já havia realizado os
registros.
As fotos que se tornariam o
símbolo da humilhação britânica na imprensa internacional foram duas:
i. Andando com
os braços erguidos sob o comando de Jacinto Batista; e
ii. Jogados de
corpo a corpo enquanto os comandos argentinos estão com suas armas.
Nas duas fotos você pode ver uma composição
cuidadosa, na qual o fotógrafo congela o momento certo da ação. Em ambos
combinam o fato histórico transcendente e a boa composição visual que resume
esse evento. Estas fotografias são, usando a famosa construção teórica
realizada por Cartier Bresson em 1952, momentos decisivos. É uma concepção
dominante no fotojornalismo, segundo a qual o repórter deve tentar capturar os
eventos da forma mais fiel possível e com um nível mínimo de interferência. O
papel do fotógrafo é, nesses casos, ser uma "testemunha" que não deve
estar diretamente envolvida ou alterar os eventos que estão se desenvolvendo.
Seu trabalho é gravar o que vê.
7. Islas
Malvinas, 2 de abril de 1982. Fotógrafo: Rafael Wolmann.
8. Islas
Malvinas, 2 de abril de 1982. Fotógrafo: Rafael Wolmann
“Mi salvoconducto principal era hablar
castellano y que ellos pensaran que, de alguna manera, por algo estaba yo ahí.
Que no vine en su barco, pero vine en el de al lado, en un Hércules […] y yo
traté y logré pasar desapercibido. No me engolosiné. De la foto de la rendición
tengo dos cuadritos, de la foto de los ingleses en el piso tengo dos cuadritos,
no tengo veinte. Como todos estaban ocupados, todos tenían una función.
Imaginate, ¡se estaban rindiendo los ingleses con las manos en alto! No me iban
a preguntar ¿vos quién sos? Si alguien me miraba dos veces, me iba a otro lado”,
relata Rafael Wollmann.
A fotografia outorga as imagens
nelas retratadas como valor de prova e a imagem dos ingleses rendidos, quando
circularam internacionalmente, gerou receio sobre rebelião em colônias.
A maioria das fotos da imprensa é
totalmente paradoxal: ancoradas na realidade, "arrancadas do
presente", chegam tão bem ao público e permanecem tão tempo na memória
coletiva que provocam precisamente interpretações que ultrapassam o evento em
si."
A fotografia traz consigo as possibilidades
de ficção, simulação e ilusão realista (Vilches, L, 1997, 20). Enquanto o que é
visto lá aconteceu, a história não é exatamente como a imagem mostra. Dos
ingleses deitados no chão, o fotógrafo obteve duas fotografias, em uma pode-se vier
que a maioria deles permanece deitada enquanto na segunda há vários em pé.
São fotos que contradizem o
resultado da guerra visto que um pequeno instante entre elas resulta em
análises distintas e na derrota Argentina.
9. Islas
Malvinas, 2 de abril de 1982
A rota das Fotos
Em 3 de abril a ditadura
argentina envia 40 jornalistas e fotógrafos para documentar o desembarque das
tropas, deixando-os 4 horas para fotografarem livremente. No regresso, Wollmann
sobe e retorna ao continente com eles. Wollmann, por precaução, distribui as
fotos entre ele, Eduardo Forte do editorial Atlántida e Silvio Zuccheri, seu
companheiro na ILA, mas o desembarque foi tranquilo, sem revistas.
A partir de então, a ILA começa a
negociar com a Gamma e com a
Atlántida a vendas fotografias. O editorial Atlántida ofereceu dar à agência Gamma os originais, fazer cópias e
duplicatas enquanto guardava as cópias. A ILA aceitou recebendo US $ 18.500, o
equivalente a dois departamentos da capital federal, mais o custo do avião e do
laboratório.
Durante a primeira quinzena de
abril, essas fotos foram publicadas nas primeiras páginas de grande parte da
imprensa internacional, deixando Inglaterra em imagens de rendição, deitados
aos pés dos argentinos ou com as mãos levantadas, por desconhecidos soldados
sul-americanos.
10. Portada Daily
Mail. 5 de abril, 1982. Archivo de Rafael Wollmann.
11. Portada The
Sun. 5 de abril, 1982. Archivo de Rafael Wollmann.
12. Portada
revista L’ Espresso. Año XXVIII. 8 de abril de 1982
13. Portada
revista VSD. Nº 240. 8 de abril de 1982.
14. Páginas
de Illustré, Nº 15, 14 de abril de 1982.
15. Revista Gente
y la actualidad, Número 872, 8 de abril de 1982.
A revista Gente teve a exclusividade para publicar as imagens na Argentina e,
em 8 de abril de 1982 publicou seu número 872 com o título: “Vimos rendirse a
los ingleses” (Nós vimos a rendição britânica) e subtítulo: “El desembarco. La
resistencia. El tiroteo. La victoria. El 2 de abril, día de la recuperación de
las Malvinas, fuimos el único medio periodístico que estaba allí. Las fotos exclusivas
que sólo verá en Gente” ("O pouso. Resistência. O tiroteio A vitória. No
dia 2 de abril, dia da recuperação das Malvinas, fomos o único jornal que
estava lá. As fotos exclusivas que você só verá em Gente. "
Perguntas, usos e apropriações
A hipótese levantada pela autora
é de que as fotos não foram inócuas, onde, analisando as respostas inglesas
materiais e simbólicas contra o desembarque Argentino levou em conta a
disponibilização das imagens na mídia internacional, prevalecendo na população
Inglesa um sentimento geral de descrença e humilhação.
Em um contexto de declínio do
Império Britânico (algo que vinha acontecendo desde a Segunda Guerra Mundial) a
publicação destas fotos, que Didi Huberman chama de "eventos visuais”, "provou"
e "mostrou" o que tinha acontecido as ilhas e o tratamento que tinham
recebido seus soldados, fatores que colaboraram para dar mais argumentos
aqueles que propuseram rotas de ação direta, evitando assim qualquer negociação
possível com a Argentina.
A afronta das Forças Armadas da
Argentina, que as fotos ajudaram a se espalhar e amplificar com o poder
internacional, tornou a negociação inviável e os britânicos precisavam de uma
vitória impressionante, tinham que provar que ainda eram um poder, mesmo que
fosse simbólico.
Hoje já sabemos que, em termos de
política mundial, a guerra não fazia sentido, era desnecessária e poderia ter
sido evitada. O conflito vencido pelos ingleses deixou como saldo 746 soldados
argentinos mortos e mais de mil feridos. Segundo dados oficiais britânicos, 255
soldados britânicos morreram e 777 ficaram feridos, sem contar suicídios
decorrentes dos efeitos da guerra.
Para as forças conjuntas que
comandaram o pouso argentino, eram fotografias que não tinham em seus planos e
que de alguma forma saíram do controle. Não foi o que eles planejaram
originalmente. Sua intenção não foi humilhar o britânico, mas fazer um ataque
sem derramamento de sangue, um ato simbólico com a hipótese de dar um golpe e,
em seguida, sentar e negociar. Mas a ação em si, as imagens e sua disseminação
escaparam de seu controle.
Nesse sentido, essas fotos não
ajudaram em seus fins e os fatos corroboraram isso.
Porém, militares argentinos ainda
hoje testemunham que foi um sonho realizado e motivo de orgulho nacional, e essas
fotos os enchem de orgulho.
Para a revista Gente, foi um
inquestionável "sucesso jornalístico", posicionando-se como a
primeira em vendas durante todo o conflito, tornando um dos principais meios de
apoio à “recuperação” das ilhas.
Para a agência Gamma, o acordo
com a ILA foi uma surpresa que lhe permitiu obter um sucesso internacional
retumbante, em que conseguiu suas fotos nas primeiras páginas dos principais
periódicos mundiais.
A autora finaliza o artigo relatando que para o fotógrafo e
para a agência ILA, há um antes e depois dessas fotos. As Malvinas
representaram um "divisor de águas" em suas carreiras profissionais,
principalmente graças ao profissionalismo de Wollmann com fotografias de
qualidade e simbolismo gerando impacto nos intervenientes.
Referências:
https://www.academia.edu/28535909/El_fotoperiodismo_y_la_guerra_de_Malvinas_una_batalla_simb%C3%B3lica_Fotografia_e_historia_en_America_Latina_-_Cora_Gamarnik_225-256.pdf
Referências:
https://www.academia.edu/28535909/El_fotoperiodismo_y_la_guerra_de_Malvinas_una_batalla_simb%C3%B3lica_Fotografia_e_historia_en_America_Latina_-_Cora_Gamarnik_225-256.pdf
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTexto muito interessante Henrik!
ResponderExcluirConforme Peter Burke afirma no texto Visto y no visto: el uso de la imagen como documento histórico "as imagens são, em certo sentido, agentes históricos, pois não só guardam uma memória dos acontecimentos, mas também influenciam a forma como esses mesmos eventos foram vistos em seu tempo".
No caso das fotos da Guerra das Malvinas, as fotografias analisadas não foram apenas um testemunho ou uma fonte de informação, mas uma parte ativa na disputa simbólica sobre o relato dos eventos. Foram elas mesmas um agente da história.
Pesquisando um pouco mais sobre o texto encontrei um vídeo interessante da autora Cora Gamarnik no evento Jornadas:8 realizado pelo Centro de Fotografía de Montevideo.
Vale a pena assistir!
https://www.youtube.com/watch?v=nJA33f0ucJM
https://www.infobae.com/sociedad/2017/03/26/la-increible-aventura-del-fotografo-que-retrato-la-rendicion-de-los-ingleses/
ResponderExcluirEm relação às fotografias utilizadas, após uma análise mais crítica, identificamos em sala várias questões que colocam em dúvida a veracidade dessas imagens (questões essas não observadas por mim antes do debate em sala). A minha questão é: hoje em dia esse tipo de foto (com soldados sendo rendidos com armas na mão) passaria despercebida?
ResponderExcluirEventos recentes na política brasileira, por exemplo, colocam esse mesmo tipo de questão em relação à acontecimentos importantes. Por meio da análise de algumas fotografias se coloca em dúvida determinado fato, e independente de sua veracidade, este mesmo acontecimento pode ter sido alterado após "comprovação" por meio da imagem.
Ou seja, apesar da foto não necessariamente comprovar algo (quando manipulada ou encenada) esta foto pode sim alterar um fato. Então, a veracidade importa tanto para o objetivo de "alteração de um rumo"?
https://www.naval.com.br/blog/2019/04/04/malvinas-37-anos-tinhamos-ordem-de-nao-matar/
ResponderExcluirRelendo esse texto, lembrei da última aula, dia 26/06, na qual falamos sobre signos.
ResponderExcluirDe acordo com a explicação do professor André, existem 3 principais tipos de signo, a saber: ícone, símbolo e índice. O ícone é a semelhança com a realidade, por exemplo uma placa de trânsito informando o uso obrigatório de correntes. A imagem não é igual a um pneu com correntes, mas se assemelha a um. O símbolo é a convenção de algo, exemplo disso é uma placa de trânsito informando o limite de velocidade. A velocidade não é vista, mas você sabe que tem algo estabelecido, por conta da convenção. Já o índice é algo derivado de um processo físico, como uma pegada que foi deixada por alguém na areia.
Fazendo um paralelo, as fotografias analógicas podem ser consideradas com um índice, uma vez que são um processo físico-químico do registro de uma imagem em uma superfície por meio da luz.
Pela data das imagens postadas pelo Henrik, provavelmente as câmaras eram analógicas. Assim, significa que as cenas realmente aconteceram, que aquelas pessoas realmente estavam ali, independentemente da manipulação ou não dos fatos.