Vários autores tratam o assunto considerando fundamental se conhecer a intenção, o por quê de ter sido feita uma ou outra fotografia, para dar continuidade ao processo de inserção como documento imagético em um arquivo.
Para tudo que tenho lido sobre o tema sempre procuro dialogar com as reflexões sobre minha área de interesse que são os assim chamados acervos ou arquivos, apesar da imprecisão acadêmica do termo, dos fotógrafos autorais e dos fotógrafos amadores.
Dentro de uma instituição, com objetivos e campo de atuação definidos, a produção fotográfica vem lastreada por objetivos, pautas e portanto trazem em sua gêneses a intenção na produção do material fotográfico institucional. Abaixo um exemplo de fotografia cuja intenção é a cobertura fotojornalística das sessões de votação da Câmara Legislativa do Distrito Federal-CLDF.
Deputado Jorge Cauhy(centro) nomeado Presidente Honorário da Câmara Legislativa do Distrito Federal - CLDF, 17 de dezembro de 2004. Presidente eleito para o biênio 2005/2006, Deputado Fábio Barcelos(em pé à esquerda), aplaude Dep. Jorge Cauhy. Abaixo sentado, deputado Chico Leite. Foto: Rinaldo Morelli, local: Sede da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Entretanto, o modo de produção dos fotógrafos autorais, que trilham o caminho de uma fotografia assinada em seu estilo, divulgar seu nome como um criador original, não estão necessariamente pensando na capacidade de informação.
"No momento da criação da imagem, o fotografo autoral exprime o que lhe interessa o que ele acha que é belo. Ele não está interessado em informa e sim em formar. O fotografo autoral sabe que as pessoas que verão a sua imagem não lhe interessam diretamente, pois ele está preocupado com a criação. Exatamente o oposto, os fotógrafos funcionais, que fazem a fotografia de informação publicada nos jornais e revistas pensam, antes de tudo, em seus leitores, seus destinatários, pois para fotógrafos de imprensa isso é uma obrigação profissional."
(fonte: https://focusfoto.com.br/compreenda-a-fotografia-autoral/).
foto: Rinaldo Morelli
foto:Rinaldo Morelli, da série Toda Forma. Nova York, 2004.
Isto fica mais claro e evidente, que não há uma intenção a priori no ato de fotografar, quando tratamos de fotógrafos amadores. Há no fazer de quem anda à deriva pelo mundo, um andarilho caçador de imagens, aprisionando instantes, colecionado anotações imagéticas sobre seu mundo, um auto desafio de conseguir traduzir o que vê para um fotografia. Teremos aqui uma intenção? É apenas a intenção de caçar e colecionar imagens.
foto:Rinaldo Morelli, Fortaleza-CE, 2013.
Como traduzir na descrição do contexto de produção de uma fotografia um instinto que move o fotógrafo? Uma vontade incontrolável e perturbadora que apenas pode ser sanada ao se fotografar aquela cena ou personagem que nos inquieta?
Pesquisa estética, Pérolas do caminho, Desafios do olhar, Quero ver como é que fica, Faço depois penso...etc.
Acima algumas sugestões de intenções. Mas eu mesmo, inquieto que sou, me pergunto sobre o quão imprescindível é a intenção da fotografia/fotógrafo para inserirmos uma fotografia em um arquivo, e/ou se não teria uma definição melhor para traduzir e contextualizar a intenção de um fotógrafo que colhe imagens de maneira despretensiosa e aleatória.
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