A
tecnologia e a fotografia avançam rapidamente em desenvolvimento. Por isso, é quase
impossível acompanhá-las. Uma das preocupações dos fotógrafos da era digital é
o armazenamento da sua produção fotográfica. Para tanto, existem opções como:
discos externos, HD’s de todos os tipos, memórias flash, espaços em nuvem
(armazenamento pela internet) e várias opções.
A
palavra armazenamento causa calafrios em qualquer esfera da fotografia,
analógica e digital, porque é algo que na prática do mercado brasileiro não é
tratada como uma prioridade. A cultura do fotógrafo no Brasil é não se importar
com isso. O armazenamento físico, no caso em HD, é alto e sempre defasado
enquanto ao que se produz em fotografia. Mesmo que o fotógrafo faça a separação
do que é útil e do que não é para ser guardado, a falta de espaço é um problema
constante em seu computador. Outra coisa, a média de preços dos discos rígidos
deixou de abaixar nos últimos anos, HD externo de 1 tera byte (TB) em média no
mercado paralelo fica entre R$ 199,00 a R$ 259,00. Para os mais preocupados,
como eu, o armazenamento via internet, ou mais conhecido como “armazenamento em
nuvem”, oferecidos pelos mais famosos: Google Drive, Drop Box, OneDrive e o
polêmico Amazon Drive; inundaram o mercado com preços e espaços variados de
armazenamento.
Lembremos
aqui Pierre Levy em sua contribuição sobre o virtual. Para ele, a virtualização
impacta as modalidades do estar junto, o nós aqui, de alguma forma, é
comprometido. Leia-se no nós as comunidades e empresas virtuais, democracia
virtual... Ele até se pergunta em seu livro se o Baudrillard, um filósofo que
tinha visão antagônica, bastante negativa, se deveríamos temer o
desaparecimento proposto por esse último autor? Ou uma explosão do espaço-tempo,
segundo falava Paul Virilio?
Fato
é que concordamos com Levy ao relatar que o virtual “é a essência, a ponta fina
em curso”, e ele inclui nesse conceito, o processo de transformação de um modo
de ser em outro. Do latim virtus, seu
sentido vem da força, potência. Como continua o filósofo, “o virtual tende a
atualizar-se, sem ter passado no entanto à concretização efetiva ou formal”. E
cita um exemplo interessante: “a árvore está virtualmente presente na semente”.
Contrário ao possível, estatístico e constituído, se opõe ao atual.
Enquanto
uma organização tradicional concentra em um prédio físico seus empregados, seus
arquivos concentram é redistribuído em “coordenadas espaço-temporais”
distintas, “fluidifica essas distinções instituídas” e simbologicamente é caracterizada
por Levy como um êxodo não presente, se desterritorializando. Essa breve
caracterização é relevante para entender de que espaço estamos falando? Ela não
ocupa a nossa casa, mas está lá.
Na
publicação “Del artefacto mágico al pixel, no artigo sobre o nascimento da
fotografia digital na era da conectividade e do acesso”, Francisco José Valentín Ruiz e Mariana López
Hurtad, traçam uma breve cronologia sobre a tecnologia e a
gestão de imagens. O panorama descrito no artigo compreende 20 anos de avanços
tecnológicos. A difusão da comunicação, esquemas de metadados utilizados, todo
esse arcabouço, na minha visão pode causar um colapso, coisa que os autores do
artigo também defendem. Nessa nuvem, pode acontecer uma tempestade, assim como
estava descrito no artigo. Vejamos o primeiro raio.
Recentemente,
o gigante do varejo mundial Amazon voltou atrás em seu serviço de armazenamento
ilimitado, que na época deixou o mercado preocupado, pois os valores eram
abaixo da média por um “serviço ilimitado”. Voltar atrás deixou como prova que
o ilimitado, infinito “só existe na esfera espiritual-virtual”, fotógrafos que
possuíam 10TB de armazenamento já na nuvem Amazon passariam a pagar o valor de
US$600 (dólares) anuais para manter seus arquivos. Nesse caso o barato saiu
caro, pois quem quiser desistir desse plano terá apenas 180 dias para retirar
seus arquivos, já que a Amazon irá apagar eles de seus servidores dos usuários
desistentes. Vários fotógrafos nas redes sociais reclamaram, e já procuram alternativas
para esse problema. O plano no Amazon ficou assim: no valor de US$ 12 para armazenar 100GB ao ano ou US$ 60 ao ano para 1TB, caso você precise de
mais espaço o TB adicional fica em US$ 60 com um limite de 30TB ao ano.
O conceito de virtual
como essa presença em êxodo, essa ocupação diferenciada mescla com um usuário que
realmente gera o consumo, assim como a grande quantidade de produção. É
importante ressaltar que essa tecnologia é uma importante evolução, e assim o
artigo descreve: “La
evolución que hemos mostrado nos lleva directamente al modelo de la nube o
cloud computing, en el que el almacenamiento de contenidos y su gestión se
realiza directamente en la Web sin la utilización de software local. Un modelo
de estas características surge por necesidades que se han ido configurando a lo
largo de la historia y que vienen derivadas de exigencias de los centros de
tratamiento de las imágenes (agencias de noticias, periódicos), pero también de
centros de documentación y bibliotecas y, como no por las tendencias impuestas
por los usuarios”.
O
volume de produção é um problema, pois é necessário espaço para manter esse
material, o local apropriado para isso com condições mínimas indicadas pelos
fabricantes desses dispositivos. “Pero la cantidad de contenido
que estamos generando en digital es enorme. Y hasta tal punto es así que se
afirma que en 2002 comenzó «oficialmente» la era digital, ya que en ese año la
capacidad de almacenamiento digital superó a la analógica” (Marquina, 2013)
Parte prática, algumas
ideias que podem lhe ajudar
Você
é importante para sua própria foto. A sua história como profissional é contada
com seu material. Direta ou indiretamente a produção faz parte de uma linguagem
e nessa linguagem é feita uma leitura, a sua foto possui um papel importante
para o mundo. Já dizia Edward Steichen: “A função e missão da fotografia é
explicar o homem ao homem e o homem a si mesmo”.
Avaliação constante.
Um
exemplo, se guardamos toda produção ao longo de um tempo, o que pode ser
realmente comercializado num futuro próximo? Caso o fotógrafo seja
fotojornalista, fotógrafo de casamento, eventos corporativos, de qualquer outro
campo, o que o motiva guardar essa produção, já que o trabalho entregue já foi
executado. Sendo assim nada será reaproveitado depois desse tipo de trabalho.
Que utilidade esses arquivos terão se o casamento, a festa infantil, o trabalho
corporativo já foi executado, inclusive o jornal já utilizou a foto. De nada
serve guardar. Porém, você é quem fornece a importância. Uma das sugestões é o
uso em banco de imagem na web (foto no HD não vende). Outra coisa, pesquisadores
no futuro podem usar seu material como base de dados, importante fonte de
pesquisa para as futuras gerações.
Catalogar e
classificar
Catalogar
e classificar qualquer produção fotográfica que seja demanda tempo. Alguns
fotógrafos consideram essa atividade enfadonha e chata para manter esses
arquivos organizados. Muitos dispositivos diferentes, tecnologias diferentes (SSD,
USB, SCSI, IDE, SATA, CD, DVD, Zip Drive e disquetes), caixas para guardar,
locais específicos para acondicionar, tudo é dispendioso e necessário tempo e
gestão para manter organizado. E mais, classificar o que existe em cada um dos
dispositivos é cansativo e no final não é rentável.
O que é recomendável?
No
caso de alguns HDs é recomendável manter em local seco, longe de umidade e principalmente
estática. Nada de deixar seu celular em cima do HD externo, pode ser que na
próxima vez que você for usar seus dados já não estarão mais no dispositivo. No
site da Seagate, o fabricante afirma que em temperaturas acima de 60º célsius
pode danificar o seu HD. Um exemplo é deixar o dispositivo dentro do carro, em
pleno meio dia no sol, vai danificar seu HD. A duração máxima de um disco
rígido, segundo o fabricante é de 5 anos, por isso faça backup constante de
seus arquivos. Os CD’s e DVD’s também ocupam espaço e não são confiáveis pois a
durabilidade é bem menor que 5 anos de acordo com as marcas. Esses são os mais
conhecidos, outros tipos de mídia são mais sensíveis e ainda demandam outros
cuidados. O acondicionamento disso tudo é trabalhoso na vida do fotógrafo e
custa muito caro para manter.
Vale
a pena pensar no futuro em relação a essa organização toda? Tempo, dinheiro e
economia, é comercialmente viável manter essa estrutura? Todos os motivos
listados acima são preocupantes, pois é dispendioso para o fotógrafo. Porém, na
minha opinião, foto boa é a foto impressa. A fotografia “analógica” sempre terá
seu espaço e alguns consideram como “fotografia de verdade”. O resultado de
toda essa produção fotográfica, analógica ou digital, para você que segue como
fotógrafo profissional deve ser uma das prioridades, pois é um fator
determinante em toda produção fotográfica e crescimento como profissional.
Referências
HARAZIM,
Dorrit. O instante certo. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
FACULTAD
DE CIENCIAS DE LA DOCUMENTACIÓN. Del artefacto mágico al pixel. Estudios de
Fotografía. Madrid: Facultad de Ciencias de la Documentación de la UCM, 2014.
LEVY,
Pierre. O que o virtual? São Paulo: Editora 34, 1996.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente & Argumente