Texto extra da disciplina de pós-graduação "Acervos Fotográficos e o ciclo da informação"
Allice Lopes:
Allice Lopes:
PLATÃO. A Alegoria da caverna. A Republica, 514a-517c. In: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia: dos Pré-socráticos a Wittgenstein. Trad. Lucy Magalhães. 2a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000.
''Sócrates: Assim sendo, os homens que estão nessas condições não poderiam considerar nada como verdadeiro, a não ser as sombras dos objetos fabricados.'''' É preciso que ele se habitue, para que possa ver as coisas do alto. Primeiro, ele distinguirá mais facilmente as sombras, depois, as imagens dos homens e dos outros objetos refletidas na água, depois os próprios objetos. Em segundo lugar, durante a noite, ele poderá contemplar as constelações e o próprio céu, e voltar o olhar para a luz dos astros e da lua mais facilmente que durante o dia para o sol e para a luz do sol.''''Sócrates: E se ele tivesse que emitir de novo um juízo sobre as sombras e entrar em competição com os prisioneiros que continuaram acorrentados, enquanto sua vista ainda está confusa, seus olhos ainda não se recompuseram, enquanto lhe deram um tempo curto demais para acostumar-se com a escuridão, ele não ficaria ridículo? Os prisioneiros não diriam que, depois de ter ido até o alto, voltou com a vista perdida, que não vale mesmo a pena subir até lá? E se alguém tentasse retirar os seus laços, fazê-los subir, você acredita que, se pudessem agarrá-lo e executá-lo, não o matariam?''
Como sugestão do professor, há uma animação, cujo texto é relativamente fiel às traduções modernas do texto, e apresenta uma representação no mínimo interessante.
O interessante sobre a alegoria da caverna é a noção de que nem mesmo nós, séculos depois de Platão discutir a questão do conhecimento da verdade, temos condição de afirmar que sabemos definitivamente o que é a verdade. Avançamos, conseguimos "ver o Sol pelo que ele é", mas até que ponto compreendemos de fato o que é o Sol? Essa é a busca da Ciência -- tentando se aproximar constantemente da verdade, sem a certeza de um dia alcançá-la em sua plenitude, mas avançando a cada nova descoberta.
ResponderExcluirA informação, por outro lado, também pode ser interpretada à luz da alegoria da caverna. O que tomamos por informação é uma noção complexa, construída pelos nossos sentidos e intelecto, das propriedades dos objetos reais. Não temos como "absorver" um objeto para conhecê-lo de fato, podemos apenas assimilar parte de suas propriedades e trabalhar com representações, registros, construções intelectuais para afirmar alguma coisa sobre ele. Ou seja, de certa maneira, sempre estaremos na caverna, prisioneiros da nossa capacidade limitada de conhecer a verdade, mas afrouxando constantemente os grilhões que nos prendem.
Uma feliz reflexão. A discussão sobre a verdade nos parece sem fim. Talvez a luz seja uma boa metáfora no sentido de revelação. O Sol, como ente físico nos coloca diante da sua limitação no tempo e no espaço, que de qualquer forma, diante dos limites do ser humano, parece infinita. Enfim, essa discussão é objeto da Filosofia da Ciência e merece nossa atenção.
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